COMPROMETIMENTO DOS PODERES

As políticas de combate às drogas devem ser focadas em três objetivos específicos: preventivo (educação e comportamento); de tratamento e assistência das dependências (saúde pública) e de contenção (policial e judicial). Para aplicar estas políticas, defendemos campanhas educativas, políticas de prevenção, criação de Centros de Tratamento e Assistência da Dependência Química, e a integração dos aparatos de contenção e judiciais. A instalação de Conselhos Municipais de Entorpecentes estruturados em três comissões independentes (prevenção, tratamento e contenção) pode facilitar as unidades federativas na aplicação de políticas defensivas e de contenção ao consumo de tráfico de drogas.

sábado, 25 de setembro de 2010

MAIS LEITOS - Ofensiva contra o crack ganha reforço

Ofensiva contra o crack ganha reforço. Ministério da Saúde anuncia 73 novos leitos para dependentes no Estado - Zero Hora, 25/09/2010

Quatro dias depois de ter anunciado investimentos para saúde do Programa Integrado de Enfrentamento ao Crack – criado em maio, – o Ministério da Saúde assinou ontem medidas práticas para o Rio Grande do Sul, que possibilitarão a abertura de 73 novos leitos para o tratamento de dependentes de álcool e drogas, especialmente o crack. Hospitais de 14 municípios serão os primeiros a disponibilizar espaços exclusivos para recuperar os usuários da pedra a partir de investimento direto do governo federal, num total de R$ 2,9 milhões por ano.

A medida, no entanto, é ainda incipiente perto do número atual de leitos abertos pelo governo gaúcho, que já mantém 617 vagas.

– Somos o único Estado do país que põe recursos em leitos para o crack. Esse anúncio será um plus e esperamos que mais hospitais possam oferecer espaços para o tratamento – afirmou a diretora do departamento de assistência ambulatorial e hospitalar da Secretaria Estadual de Saúde, Aglaé Regina da Silva.

Segundo o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Alberto Beltrame, que assinou as portarias dos novos leitos ontem, em cerimônia no Hospital Parque Belém, na Capital, esse é o primeiro passo.

– A partir da semana que vem, esses leitos estarão disponíveis. Mais hospitais e municípios poderão se credenciar – afirmou Beltrame, ressaltando que o ministério repassará R$ 3.360 por mês para cada vaga ocupada.

O secretário também adiantou que mais 24 leitos deverão ser liberados até novembro na Capital. O Grupo Hospitalar Conceição (GHC) disponibilizará 12 vagas em um novo Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) III, um dos primeiros a funcionar 24 horas, sete dias por semana. O Caps AD III deverá ser aberto no dia 4 de novembro. Há previsão de mais 12 espaços no Hospital Conceição, destinados a meninas e gestantes usuárias de crack.

– Existem mais 50 Caps 24 horas no plano de enfrentamento. Se o Rio Grande do Sul for ágil e os municípios apresentarem propostas, poderemos habilitar mais centros aqui – disse Beltrame.

Durante o ato, o GHC e o Parque Belém assinaram um termo de cooperação para iniciar tratativas de ações em conjunto de enfrentamento do crack e outras drogas. O hospital da Zona Sul deverá ceder local para uma comunidade terapêutica com 90 internos e mais 30 leitos para tratamento de usuários.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Não acredito nesta politica de leitos para o tratamento das dependências. É muito impessoal. Defendo a criação de Centros ou Unidades de Tratamento das Dependências e Assistência Familiar, pelo fato de que é necessário que haja agentes com preparação técnica e psicológica para prevenir, tratar e curar o dependente e dar uma assistência psicológica à família, afim de evitar que este paciente retorne às drogas e ao aliciamento pelo crime. As drogas são casos de saúde e de ordem pública.

O SOFRIMENTO DA FAMÍLIA DO USUÁRIO DE CRACK

A família do usuário de crack, por Anissis Moura Ramos, Psicanalista - Zero Hora, 25/09/2010

A família do adicto é uma família adoecida. A mãe é uma mãe tóxica, que estabelece uma relação simbiótica com o filho, mostrando-se como uma mãe boa, continente, protetora, que lhe faz todas as vontades, sendo bastante permissiva, não interferindo na vida dos filhos, pois é a maneira que tem de mantê-los perto dela. Já o pai é uma figura periférica, que não interfere nesta díade mãe/filho e que refere estar sempre muito ocupado com problemas profissionais, não dispondo de tempo para dedicar à família. Quando está em casa, não quer ser incomodado, tem que descansar.

A relação familiar é estabelecida num faz de conta. Quando os problemas aparecem, são negados pelos pais, que encontram uma solução mágica para resolvê-los, usando o álcool ou algum calmante. Assim, ensinam ao filho a fórmula ilusionista de resolver qualquer conflito, convidando-o a participar desse mundo “colorido” oferecido pelas drogas lícitas ou ilícitas. A correria do dia a dia, a necessidade incessante de manter um status que muitas vezes não é o seu, faz com que os pais esqueçam-se de olhar para os filhos. Responsabilizam e projetam os seus problemas para aquele elemento da família que tem uma estrutura de ego mais fragilizada. Este, por sua vez, assume o papel de “bode expiatório” que lhe foi dado, passando a acreditar que é o responsável por tudo o que acontece no seio familiar. Busca na droga o alívio para o seu sofrimento e no traficante a figura do pai que se faz ausente.

Não temos como negar que o usuário de crack é um doente, mas não podemos entrar no faz de conta de sua família, esquecendo que esta também é uma família tóxica, que precisa ser acolhida e tratada. Apesar dos novos modelos de família que vêm se construindo, as famílias são o eixo estruturante do ser humano. Daí a necessidade de resgatá-las, convidando-as a refletir sobre suas vidas, sobre a forma como estruturaram as relações familiares. Fazendo com que o sentimento de culpa não sirva apenas para gerar sofrimento, mas como forma de entender as falhas que ocorreram. Se ficarmos com o nosso olhar preso apenas no usuário, todo o investimento feito no tratamento deste será em vão, no momento em que ele for devolvido para a família. Daí a importância de a mídia e os profissionais da saúde, que estão tão engajados nesta campanha contra o crack, incentivarem o tratamento das famílias, mostrando-lhes a importância deste.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

AÇÃO CONTRA O CRACK

Ação contra o crack - Editorial Zero Hora, 21/09/2010

Quatro meses depois de anunciar o mais amplo projeto nacional de combate ao crack, com ênfase desde a repressão ao tráfico até o tratamento de dependentes, o governo federal deu ontem mais um passo para transformar as intenções nessa área em realidade. Em solenidade no Palácio do Planalto, em Brasília, foram abertos os editais do Plano de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas. A particularidade de o ato ocorrer em meio à campanha eleitoral reforça a importância de a sociedade redobrar a atenção sobre a necessidade de cobrar a concretização de promessas das quais depende em muito a solução para o drama das drogas, especialmente do crack.

Lançado em maio, na presença de prefeitos de todo o país, o projeto acena com investimentos de R$ 140 milhões, capazes de permitir a criação de 6 mil leitos, a ampliação dos serviços de atenção e maior qualificação da rede. Mais do que pelos recursos e pelos objetivos, porém, o plano é importante por integrar esforços, somando os da União aos dos Estados e dos municípios, além dos empreendidos pela sociedade de maneira geral. Por isso, a eficácia da intenção vai depender da confiança de representantes do poder público nas diferentes instâncias da federação e da sociedade de que o desafio pode ser encarado, e de forma bem-sucedida.

Certamente, o flagelo das drogas e, sobretudo, a verdadeira epidemia que a dependência do crack provocou no país precisam ser enfrentados acima de tudo com medidas preventivas. No caso específico desse derivado da cocaína, a preocupação faz ainda mais sentido pelo fato de a dependência ser de difícil tratamento e de envolver intensamente familiares e pessoas mais próximas.

A entrada em cena do governo federal, por isso, reforça uma perspectiva positiva no combate ao problema, com a vantagem de ampliar os recursos disponíveis. Ainda assim, os avanços esperados vão depender sobretudo da pressão por parte da sociedade, que é a mais afetada diretamente pelo problema.

UNIÃO CONTRA A PEDRA. Largada para o plano anticrack. Quatro meses depois de anúncio oficial, Planalto começa a distribuir verbas para criação de 6.120 leitos a dependentes - ZERO HORA, 21/09/2010, LETÍCIA DE OLIVEIRA | Brasília

Quatro meses depois de lançar o Plano Integrado de Enfrentamento do Crack, o governo federal parece ter tirado do caminho ontem uma das pedras que atrasavam o avanço da ofensiva contra a epidemia da droga no Brasil. O anúncio de R$ 140 milhões para criar 6,1 mil novos leitos de atendimento a usuários de entorpecentes é o primeiro passo efetivo para dar a largada ao chamado PAC do Crack.

Em maio, o presidente Lula anunciou um conjunto de medidas contra a droga. Em junho de 2009, o Ministério da Saúde havia prometido abrir 2.325 novos leitos psiquiátricos em hospitais pelo país, 122 no Rio Grande do Sul. Mais de 15 meses depois, nenhum centavo foi encaminhado para o Estado, segundo a diretora do departamento de ação em saúde da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Sandra Sperotto.

– Nenhum incentivo chegou até agora. Abrimos em três anos mais de 2 mil leitos que podem atender usuários de drogas, tudo com recurso do tesouro estadual, sem qualquer ajuda federal. Estamos esperando – afirma.

Outra medida destacada pelo governo foi a instalação e 50 Centros de Atendimento Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) 24 horas em municípios com mais de 200 mil habitantes, um modelo especial e mais completo das atuais estruturas criadas para substituir os hospitais psiquiátricos. Os Caps também foram alvo de promessas. Em novembro de 2009, o ministro José Gomes Temporão projetava 19 Caps para o Estado ainda em 2010. Parte desses centros, porém, já existia.

Boa parte das vagas serão em hospitais

O governo só teria começado a pagar o convênio para que as unidades, que dependiam de recursos dos municípios, mantivessem o funcionamento. Os outros 11 são uma incógnita. A SES não soube dizer ontem se os Caps saíram do papel ou não. Zero Hora tentou a confirmação com o Ministério da Saúde, mas até as 22h de ontem não obteve retorno.

As medidas de saúde, que dão visibilidade ao plano integrado, deixaram o campo dos projetos e poderão ajudar a construir um novo panorama do tratamento do crack no país. Do total de leitos anunciados ontem, 3.620 serão criados nos hospitais, Caps AD e nas Casas de Acolhimento Transitório. Além disso, o governo vai oferecer mais 2,5 mil vagas em comunidades terapêuticas.

Segundo o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Roberto Beltrame, a demora em dar a largada na criação dos leitos ocorreu pela negociação com as entidades especializadas no tratamento de viciados.

– As comunidades terapêuticas trabalham de formas diferentes, então tivemos de conversar para definir critérios de seleção para a distribuição das verbas – justifica Beltrame.

Essa distribuição das novas vagas em hospitais e centros especializados vai depender do interesse dos municípios. Até o lançamento dos editais, apenas Porto Alegre e Pelotas, no Estado, haviam manifestado interesse em ampliar o número de leitos. Para o presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski, as prefeituras não têm estrutura para arcar com as novas responsabilidades.

– Como é que os municípios vão fazer concurso para médicos, psiquiatras e enfermeiros para atender? Onde estão os recursos para estas contratações? – questionou Ziulkoski.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

ATLETISMO PARA VENCER AS DROGAS


Atletismo para vencer as drogas. Projeto tem como meta incentivar a paixão pelo esporte entre crianças e adolescentes de Erechim - JOSÉ QUINTANA JR. | RBS TV Erechim

Na luta contra as drogas e a violência, uma das alternativas para os jovens é o esporte. Em Erechim, um projeto social está apresentando aos adolescentes os primeiros passos do atletismo.

Alguns dos jovens ainda tropeçam na pista, mas isso é apenas um detalhe para quem sonha com um futuro melhor por meio da corrida. Eles lançam olhares atentos, tímidos e curiosos para cada movimento do atletismo. Com uma rotina de quatro horas de treinamento por semana, os estudantes se empolgam com a descoberta do esporte:

– O exercício de salto era difícil, mas agora está melhorando – relata Abiel dos Santos Rodrigues, 10 anos.

De acordo com o professor de Educação Física Andrigo Zaari, as atividades do projetam abrem novos caminhos para os participantes:

– Fomentar o esporte por meio da disciplina, da cooperação e respeito mútuo forma cidadãos e, muitas vezes, retira os jovens das margens de risco, como drogas e dos problemas sociais que enfrentamos.

Além do resgate social, o projeto pretende incentivar a paixão pelo atletismo e formar futuros campeões no esporte. Alguns alunos, como Rafael Muniz, 15 anos, imaginam seguir o caminho do recordista mundial nos 100 e 200 metros rasos, Usain Bolt.

– Vendo o Bolt correr, me dá muita ansiedade. Quero fazer o mesmo – comenta Muniz.

Esse mesmo sentimento despertado em Rafael já trouxe resultados para Luciana Vettori, 13 anos. A menina que foi campeã na categoria sub-12 e sub-13 na região do Alto Uruguai, disputa, agora o campeonato estadual de atletismo. Ela tem como objetivo ir ainda mais longe: competir nas Olimpíadas.

– Seria muito legal aparecer na TV e ouvir o pessoal dizer: olha lá, a Luciana, minha amiga – empolga-se.

O preparador físico Diego Telles inclui nos treinos o estímulo aos sonhos olímpicos dos alunos:

– O Brasil não traz o número esperado de medalhas porque não investe na base. Aqui, pensamos lá na frente: 2016, 2020, até 2024, talvez.