COMPROMETIMENTO DOS PODERES

As políticas de combate às drogas devem ser focadas em três objetivos específicos: preventivo (educação e comportamento); de tratamento e assistência das dependências (saúde pública) e de contenção (policial e judicial). Para aplicar estas políticas, defendemos campanhas educativas, políticas de prevenção, criação de Centros de Tratamento e Assistência da Dependência Química, e a integração dos aparatos de contenção e judiciais. A instalação de Conselhos Municipais de Entorpecentes estruturados em três comissões independentes (prevenção, tratamento e contenção) pode facilitar as unidades federativas na aplicação de políticas defensivas e de contenção ao consumo de tráfico de drogas.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

VIZINHOS DA MORTE


Vizinhos da morte ( A epidemia das Drogas )- Ariane Rebellato - Leitora passo-fundense indignada - publicada em O Nacional de Passo Fundo, 7.7.2008.

Imagine uma doença que degenera o caráter, a saúde e a família de uma pessoa. Uma doença que ataca do mais pobre ao mais rico. Negros, brancos, asiáticos. Mulheres e homens de variadas idades e nacionalidades. Estudantes, advogados, cabeleireiros, frentistas, professores, artistas. Ninguém é imune. Se fosse uma doença contagiosa, poderia ser chamada de epidemia. Felizmente não é. Mas assim como uma enfermidade, atinge rapidamente várias pessoas de uma mesma região. Então agora imagine que adoecer é opcional. Só fica doente quem por isso optar. E mesmo assim milhares de pessoas falecem sem cura. Mas seria essa doença transmitida através de um vírus? Talvez uma bactéria. Penso que não seria tão grave se assim fosse, porque geralmente pessoas contaminadas por microorganismos lutam pelas suas vidas, buscando sempre a cura e a recuperação. Mas esse mal de que falo transforma o enfermo em um dependente, em uma pessoa que não se dá conta da gravidade das conseqüências da doença, que rapidamente destrói neurônios, degenera os músculos do corpo, dando ao indivíduo uma aparência esquelética; os ossos da face ficam salientes, os braços e as pernas afinam, as costelas tornam-se aparentes e, posteriormente, há a morte, por sua terrível ação sobre o sistema nervoso central e cardíaco.

Por incrível que pareça, apesar de ser do conhecimento de muitos os males que a doença causa, ela é facilmente contraída por qualquer pessoa, por escolha própria e além disso deve ser paga. Algumas vezes com juros. Ou até mesmo em prestações. E não custa muito caro. Algumas pessoas não usam nem de dinheiro para adoecer. Trocam roupas, móveis, alimentos, favores ou qualquer coisa que estiver ao seu alcance.

O ponto de vista do portador desse mal, cego pelos sintomas, não passa de um meio de alívio e de fuga da sensação de desconforto causados pela depressão, ansiedade e agressividade a que ficam expostos. Assim sendo, não procuram ajuda e não se interessam pela cura.

Poderá mesmo existir mal tão grande? Doença tão grave? Com sintomas e conseqüências tão profundas que levariam as pessoas adoecidas à imensa burrice? A tal inconseqüência? A tamanha loucura, que faria indivíduos pagarem para adoecer? Pagarem para ter suas vidas e famílias destruídas? Com certeza seria o mal do século se semelhante doença existisse.

E se pensarmos que todos os sintomas e conseqüências descritos até agora são reais. E que a única informação fantasiada é que não se trata de doença nenhuma. O que foi descrito é o que vem acontecendo com muitas pessoas diariamente, e não é causado por nenhum vírus ou bactéria. É causada por uma poderosa droga chamada crack, que eu trataria como o primo pobre da cocaína; mais barato, com efeitos menos duradouros e altamente viciante.

O dependente do crack eu classificaria como doente. O vício é a doença. E a transmissão se dá através dos traficantes que livremente espalham esse mal diante dos olhos de quem quiser enxergar, pois eles não mais se escondem, dominando territórios que antes pertenciam à tranqüilidade das famílias, à decência dos cidadãos. Sem ter outra opção, estamos cercados pela escória que faz parte desse meio. Estamos sendo ameaçados pelas pessoas que estão tranqüilamente adoentando o mundo a nossa volta e enriquecendo-se às custas dos tolos que a eles recorrem para alimentar seus vícios.

Passo Fundo possui muitas dessas pessoas desprezíveis, andando livremente entre os moradores decentes, circulando em mercados, lojas, escolas, em festas. Como se merecessem o mesmo tratamento do que aqueles que, com muito esforço, conseguem ter uma boa vida através de trabalho honesto, com suor, muito estudo e anos de sacrifício. Os traficantes de crack, que na minha opinião não passam de lixo que polui nossas cidades, habitam casas melhores que a de muitos – sem merecer – dirigem carros atuais, comem, bebem, vestem e festejam a ignorância, a burrice e a morte lenta dos viciados.

Não raramente nos deparamos com pessoas que tapam os olhos diante dessa situação. Como se estivessem livres, vacinados contra a contaminação. Como disse antes, ninguém é imune. Basta uma má companhia, uma má informação, um pouco de curiosidade, um pouco de insanidade e qualquer um pode se tornar um viciado. O que não faltam são os pontos de venda de drogas e traficantes a postos, prontos para aceitar qualquer negócio, contando que ali vejam um cliente em potencial, disposto a contrair a doença que é comercializada quase livremente por eles, que deveriam ser vistos como inimigos. Hoje você tem uma família feliz, uma situação confortável, um filho saudável e tranqüilidade. Amanhã pode ser o início de uma jornada longa e sofrida, com noites em claro, dividas com bandidos, pedidos de ajuda sem resposta.

Acredito que a maioria dos traficantes já deve estar sendo investigada pela polícia. Enquanto isso estamos todos intimidados pelos criminosos. Isso porque muitas vezes mesmo quando as autoridades são acionadas, mesmo com o ponto de drogas sendo denunciado, a Brigada Militar ou a Polícia Civil não comparecem no local. De que adiante existir um disque-denúncia que seja ineficaz? Com pessoas despreparadas que atendem ás ligações sem a menor idéia de como lidar com uma mãe em desespero na porta de uma “boca”, onde seu filho não só compra a droga, mas também encontra apoio e esconderijo para fumar o que adquiriu. Como agir sabendo que um parente querido se encontra sob o mesmo teto do inimigo? Se um médico sabe a causa da doença, conhece o tratamento, por que não tratá-la logo? Se a policia sabe onde está o traficante e o consumo por que a demora para combater? Não estou querendo dizer que as autoridades lavem as mãos diante do tráfico. Sabe-se que a batalha contra o crime é como enxugar gelo. Mas se alguma alternativa não for logo encontrada (porque solução acredito que ainda não exista), não haverão toalhas suficiente para enxugar todo o gelo e estaremos diante de uma perigosa inundação.

A guerra ao tráfico precisa ser declarada. Por destruir famílias e por ser responsável pela grande proporção dos crimes e homicídios registrados diariamente. Um traficante que vende 5 g de crack pode ficar até 20 anos na cadeia. Vender 50 g ou mais pode resultar em prisão perpétua. A pena para prisões relacionadas ao crack é em média nove anos mais longa que outras sentenças por venda de drogas. E não é à toa. E mesmo assim, somos nós, as pessoas honestas, que sentimos medo e insegurança. Quem realmente deveria estar intimidado? O traficante, no egoísmo e na ignorância de sua consciência, pensa que isso tudo não passa de mero detalhe.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Este artigo, publicado no site "www.bengochea.com.br", está sendo postado neste blog por ter sido lembrado pela autora. É que recebi um email dela dizendo que havia perdido o texto e que na web foi reencontrá-lo no meu site.

"Acabei de ter a mesma sensação de quando encontra-se um velho amigo que não se via a muito tempo, ehehe... através do Google (bendito Google!) acabei caindo no site http://www.bengochea.com.br e dei de cara com um artigo que escrevi algum tempo atrás num momento de muita tristeza...eu tinha guardado a cópia do jornal onde foi publicado o texto mas acabei perdendo....nem o arquivo salvo eu tenho mais, pois troquei de computador e alguns documentos ficaram pra trás...o artigo é "Vizinhos da morte ( A epidemia das Drogas )" e eu lembro de na época ter ficado muito orgulhosa por saber que muitas pessoas leriam o jornal...mesmo sem saber quem eu sou, apenas pelo fato de saber que muitas familias passo-fundenses se identificariam...lembro tbm de ter rido com o "Ariane Rebellato - Leitora passo-fundense indignada"...ehehe...e como eu estava indignada... tínhamos uma pessoa querida envolvida com o crack e muitas bocas de fumo na região próxima a nossas casas....cansamos de ligar denunciando o endereço....dando o nome completo de quem vendia e "acolhia" os menores usuários e não víamos nenhuma atitude das autoridades...dessa revolta resultou o texto...algum tempo depois estes traficantes foram presos.... ouviu-se até aplausos...Mas aqui em Passo Fundo é difícil...no momento que se fecha uma boca abrem-se 3 ao mesmo tempo...Em todo lugar deve ser assim...Gostaria só de agradecer pelo momento de alegria que me foi proporcionado ao poder ler novamente o que escrevi algum tempo atrás...O site já faz parte dos meus favoritos!! Parabéns! Abraços Ariane Rebellato."

Ariane. Eu fiquei muito orgulhoso com tua manifestação. Teu texto é sincero, dolorido e questionador. São manifestações como esta que buscamos na web para provar que vivemos num estado de desordem pública, de insegurança jurídica, de omissão dos Poderes de Estado e de adormecimento do povo brasileiro.

No tocante às drogas, é lamentável o modo de agir dos nossos governantes. Há muita benevolência e negligência no tratamento das dependências. As pessoas dependentes são tratadas como lixo, os grandes traficantes continuam mandando nos negócios e até de dentro das cadeias, e a bandidagem age livre e impunemente fora do alcance da leis, da ordem e da justiça. Todos os dias, pessoas são executadas a bala, por tortura ou pela própria droga, morrendo e sacrificando seus familiares.

O Estado promete centros de saude, mas não investe em saúde, deixando esta questão na vontade dos hospitais e na solidariedade (ou interesses escusos) das ONGs e Centros Privados. A recuperação é rara, o vapozeiro atua livremente e o dependente em tratamento fica a mercê dos traficantes, transformando-se muitas vezes em vapozeiro, soldado do tráfico e até em bandido avulso colocando em perigo o cidadão nas ruas e nos lares.

Um dia, isto deverá acabar. Até lá, nós não podemos calar.

domingo, 17 de outubro de 2010

DROGAS PELA INTERNET - O QUE OS PAIS DEVEM SABER



O QUE OS PAIS DEVEM SABER - Zero Hora, 17/10/2010

Pais de adolescentes e jovens, que costumam passar muito tempo na internet, devem prestar atenção aos filhos para evitar o mau uso do computador. Conforme o psiquiatra e psicanalista Sérgio de Paula Ramos, coordenador da unidade de dependência química do Hospital Mãe de Deus, pais presentes reduzem em até 12 vezes o risco de drogadição na família. Confira algumas dicas:

PROXIMIDADE PATERNA - Um fator fundamental de prevenção ao uso de drogas juvenil é a proximidade da figura paterna que, na ausência do pai real, pode ser exercida por outro adulto. Estudos indicam melhor resultado quando se trata de um homem.

ATENÇÃO AO USO DO COMPUTADOR - Sempre que um jovem dedicar mais tempo e atenção à internet do que a sua vida real, os pais devem entrar em alerta e procurar saber o que há de errado.

EVITAR POSTURA POLICIALESCA - Não adianta estabelecer um excesso de restrições e proibições ao uso do computador. O diálogo deve ser sempre buscado.

CUIDADO PROLONGADO - Alguns pais, quando os filhos chegam à juventude, tendem a repetir para si mesmos que eles já sabem se cuidar e diminuem o monitoramento. É um erro.

– Os adolescentes ainda não têm o cérebro plenamente desenvolvido para se cuidarem sozinhos. Embora deselegante, é um imperativo de saúde dizer que muitos pais estão mais preocupados com seus umbigos do que com os seus filhos. No Brasil, tratamos mal os nossos jovens – afirma Sérgio de Paula Ramos.

Droga pedida via e-mail, pronta-entrega pelo correio. Comunidades em redes sociais, fóruns de discussão e até mesmo sites oficiais, registrados em outros países, popularizam a venda ilegal de drogas na internet e disparam alerta nas autoridades, que procuram alternativas para frear o tráfico online - reportagem de MARCELO GONZATTO, Zero Hora, 17/10/2010 (resumo)

Traficantes estão ampliando a oferta de drogas das bocas de fumo para o interior de qualquer casa com acesso à internet. Por meio de sites de classificados, fóruns de discussão e redes sociais como o Orkut e o MSN, os criminosos assediam possíveis clientes, recebem encomendas e prometem a entrega em prazos de até um dia usando serviços como o Sedex. Como resultado do crescente mercado virtual, investigações e prisões relacionadas a esse tipo de crime se somam em várias regiões do país.(...)

Alguns casos recentes de prisões e inquéritos envolvendo a venda de entorpecentes pela rede:

- Setembro de 2010 – No Rio de Janeiro, um professor universitário de 67 anos e seu filho, um jornalista de 31 anos, são presos por cultivar 108 pés de maconha em seu apartamento de cobertura na zona oeste da capital fluminense. As sementes foram compradas por meio de um site da internet que também está sob investigação. Por cultivar plantas que podem ser usadas como entorpecentes, eles ficaram sujeitos a uma pena de cinco a 15 anos de prisão.

- Maio de 2010 – Um estudante de Direito de 21 anos foi preso por vender LSD e ecstasy com auxílio da internet em Campinas, São Paulo. Depois de combinar a transação pelo computador, ele entregava o produto pessoalmente. Ao vasculharem o computador do rapaz, descobriram indícios de negociações feitas pelo programa de bate-papo MSN. Ele foi detido quando ia entregar a encomenda para um adolescente.

- Março de 2010 – O Denarc gaúcho apreendeu duas doses de uma substância, que se encontrava em posse de uma mulher, por meio de uma denúncia anônima. No mês passado, após uma longa espera pelo laudo técnico, descobriu-se que a substância é uma droga rara chamada DMT. As doses haviam sido encomendadas pela internet. As investigações estão em andamento.

- Setembro de 2009 – Um jovem de 21 anos foi preso pela Polícia Federal, em Ribeirão Preto (SP), por vender ecstasy pela internet e entregar por Sedex. No momento da prisão, ele tentava fazer a remessa de 400 comprimidos da droga para Belo Horizonte (MG), em uma agência dos Correios. A polícia também encontrou mais 4,6 mil comprimidos na casa do rapaz.

sábado, 9 de outubro de 2010

ALCOOLISMO - Porque adiar o primeiro gole.



Porque adiar o primeiro gole. Pesquisas mostram que beber no início da adolescência aumenta em cinco vezes o risco de alcoolismo - Claudia Jordão - Revista Isto É, N° Edição: 2135 | 08.Out.10 - 21:00 | Atualizado em 09.Out.10 - 13:59

EXAGERO - No Brasil, a maioria dos jovens bebe entre quatro e cinco doses em duas horas

Sabe aquele hábito de alguns brasileiros de deixar o bebê molhar a chupeta no chope do pai? E aquele outro de permitir que crianças de 10, 12 anos bebam uma taça de espumante nas festas de fim de ano? São muito menos inofensivos do que parecem. De acordo com a American Association for the Advancement of Science, a AAAS (Associação Americana para o Avanço da Ciência), práticas como essas podem ter consequências nefastas no futuro. Baseada em dois trabalhos recentes – a Pesquisa Nacional sobre o Uso de Drogas e Saúde e um estudo realizado pela Universidade de Boston –, a entidade concluiu que quem trava o primeiro contato com a bebida antes dos 15 anos tem cinco vezes mais chance de se tornar um adulto alcoólatra, em comparação com quem prova bebida aos 21. Apoiada nisso, a AAAS está encampando um movimento para que o primeiro gole seja postergado ao máximo e acaba de lançar o livro “Delaying That First Drink: a Parent’s Guide” (Adiando o Primeiro Drinque: um Guia para os Pais). “Começar a consumir bebidas alcoólicas mais tarde pode fazer a diferença no resto da vida”, diz Aimee L. Stern, autora do livro.

O fato de o primeiro drinque acontecer cada vez mais cedo é um fenômeno mundial. E quase sempre os pais, mesmo inconscientemente, são os responsáveis por despertar o hábito na criança e no adolescente. No Brasil, dados deste ano do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), revelam que a idade média do primeiro gole em estudantes do ensino fundamental (8º e 9º ano) e ensino médio (1º a 3º ano) de escolas particulares é 12 anos. Nos Estados Unidos, os meninos começam a beber aos 13 e as meninas, ainda mais jovens, aos 11. Segundo o Cebrid, 46% dos estudantes declararam ter recebido a primeira oferta de álcool de um familiar em sua própria casa. “A criança que molha a chupeta no chope pode não se embriagar, mas reconhecerá o gostinho e se acostumará ao sabor de algo que não lhe fará bem nos anos que virão”, esclarece a psi­quiatra Camila Magalhães Silveira, coordenadora do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa).

A AAAS defende que os pais mudem de postura em prol da saúde dos filhos. “É preciso dar o exemplo, não deixar bebidas expostas em casa e conversar muito”, diz Shirley Malcom, diretora de pesquisas do órgão. “Geralmente, os pais passam a se preocupar com o filho que consome álcool quando ele começa a dirigir, mas deveriam começar a conversar sobre o assunto quando ele está no quinto ano e continuar discutindo até que ele os ouça”, diz. O desenvolvimento físico e mental do bebedor precoce é prejudicado. Como parte de seu cérebro ainda está em formação, tem mais chance de desenvolver tolerância ao álcool e de beber cada vez mais com o tempo. Estudos também mostram que o jovem que bebe, mesmo pequenas quantidades, apresenta dificuldade em aprender ou memorizar fatos. Um dos maiores especialistas em dependência química do Brasil, o psiquiatra Arthur Guerra afirma que o álcool abre as portas para os entorpecentes. “Quem começa a beber aos 12 anos tende a experimentar maconha e outras drogas anos depois”, diz ele.

Se tomar o primeiro gole antes dos 15 anos é prejudicial, o que dizer do adolescente que invariavelmente fica bêbado quando bebe? “No Brasil, o jovem bebe no padrão binge”, diz Camila. O padrão binge é quando a pessoa ingere grandes quantidades de álcool num curto período de tempo com o objetivo de se embriagar. Isso significa cinco ou mais doses, no caso dos homens, e quatro ou mais doses, no caso das mulheres, em duas horas. Quando o corpo absorve grandes quantidades de álcool, a pessoa entra em coma e pode morrer. “Quem é jovem e segue esse padrão tem 15 vezes mais chance de se tornar um adulto alcoólatra”, alerta Camila. Na opinião da psiquiatra, o jovem que bebe no padrão binge deve buscar tratamento.

Quando os pais estão conscientes do problema, a maior dificuldade talvez seja conversar com o adolescente. O livro “Delaying That First Drink” – disponível na internet – propõe uma abordagem científica, sobretudo quando as clássicas proibições e ameaças não funcionam. “O jovem precisa saber como o álcool é prejudicial ao seu corpo, do sistema digestivo aos sistemas nervoso central e reprodutivo”, diz Shirley. Camila também deixa a sua dica: “A melhor hora para conversar não é quando o filho chega embriagado em casa, mas no dia seguinte”, diz ela. Um estudo americano mostra que, quando pais e filhos conversam sobre álcool, a porcentagem daqueles que consomem bebidas cai entre 18,8% e 16,2%.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

PRINCIPIO FEDERATIVO - AÇÃO LOCAL NO COMBATE ÀS DROGAS

Ação local no combate às drogas, por Vilmar Perin Zanchin, PRESIDENTE DA FAMURS E PREFEITO DE MARAU - Zero Hora 07/10/2010

A epidemia das drogas, seja no âmbito da saúde ou da segurança pública, é um exemplo de problema cuja resolução deve considerar a perspectiva municipal. Afinal, é na realidade cotidiana dos nossos bairros e ruas que cresce a alarmante propagação do vício. Também é ali que são sentidas as consequências mais diretas em termos de violência e de vulnerabilidade social. Saber lidar corretamente com a situação requer uma visão capaz de envolver as características de cada comunidade.

Também nesse campo, as soluções administrativas mágicas e aparentemente fáceis, criadas a partir de gabinetes distantes e desconexos da realidade, estão cada vez mais mostrando sua total ineficiência. Claro que a União e os Estados precisam ter iniciativas de abrangência geral. Porém, sempre que a realidade local for desconsiderada, toda e qualquer política pública – por melhor que seja sua intenção – tende a resultar num retumbante fracasso.

Tal fenômeno é mundial. As nações que assimilaram esse viés são as que mais avançaram política, econômica, cultural e socialmente nas últimas décadas. E esse viés significa legitimar e fortalecer o papel das comunidades e dos gestores locais. A proximidade dos prefeitos com o cidadão confere ao mandatário municipal, necessariamente, maior capacidade de diagnosticar, compreender e resolver as dificuldades da sua população.

Os municípios gaúchos, atentos a isso, estão criando mecanismos para operar com ainda mais força na prevenção e combate aos entorpecentes. A Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), em parceria com diversas entidades, montou o Grupo de Gestão Sistêmica, uma iniciativa que tem por objetivo dar continuidade e ampliar medidas que previnem, tratam e reprimem o consumo de drogas em nosso Estado, com foco prioritário no crack.

Essa mobilização atende a um anseio real das nossas famílias e comunidades. Porém, a capacidade de atuação dos municípios está comprometida em virtude da velha e superada concentração de poder e recursos no Estado e especialmente na União. Os prefeitos querem e estão ajudando na prevenção e no combate a esse problema, mas reivindicam uma atuação mais incisiva – com mais recursos e com políticas mais eficientes no plano local – por parte daqueles entes federados que têm condições para isso.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - A Constituição prevê que o Brasil é uma república federativa, mas como esta lei não é respeitada, a União insiste em centralizar o máximo de impostos de suas unidades federativas. O resultado é o empobrecimento e incapacidade administrativa e operacional destas unidades.