COMPROMETIMENTO DOS PODERES

As políticas de combate às drogas devem ser focadas em três objetivos específicos: preventivo (educação e comportamento); de tratamento e assistência das dependências (saúde pública) e de contenção (policial e judicial). Para aplicar estas políticas, defendemos campanhas educativas, políticas de prevenção, criação de Centros de Tratamento e Assistência da Dependência Química, e a integração dos aparatos de contenção e judiciais. A instalação de Conselhos Municipais de Entorpecentes estruturados em três comissões independentes (prevenção, tratamento e contenção) pode facilitar as unidades federativas na aplicação de políticas defensivas e de contenção ao consumo de tráfico de drogas.

domingo, 29 de setembro de 2013

NOVO OLHAR SOBRE O CRACK, NOVO OLHAR SOBRE O VÍCIO


ZERO HORA 29 de setembro de 2013 | N° 17568

ANDRÉ MAGS

Em abordagem alinhada a estudo recente da Fiocruz, polícia impõe menos rigor no combate aos usuários de crack


A porta de metal do condomínio na Cohab-Cavalhada, na zona sul de Porto Alegre, resistiu por alguns segundos, até finalmente ceder ao alicate dos policiais do Departamento Estadual de Investigação do Narcotráfico (Denarc). Enfim, eles ingressaram no prédio – de acesso complicado mesmo para agentes experientes, principalmente à noite, por causa da arquitetura labiríntica e da presença de grupos de traficantes na região. Passava das 6h de sexta-feira, a área estava calma, e a maioria dos moradores levantava, sonolenta, com o barulho dos chutes na porta de madeira de um apartamento térreo, enquanto uma informante dos traficantes alardeava na esquina, por celular, a chegada da polícia. Com o mandado de busca e apreensão em mãos, os policiais entraram no ambiente escuro. Até que um grito veio do quarto:

– O que é isso?

Era uma garota de 15 anos. Ela estava sozinha em um imóvel onde um suspeito poderia estar escondendo drogas. Ele não foi localizado. O que fazer com a jovem, que poderia estar sendo usada pelos traficantes? A situação tende a deixar os policiais sem ação. Mas, naquela manhã, o delegado Mario Souza sacou um documento e começou a preenchê-lo, à medida que interrogava a jovem. Tratava-se de uma novidade usada pela polícia gaúcha no combate ao crack: o Relatório de Risco Social (RRS).

Em ações como a do Denarc, é comum os agentes toparem com mulheres grávidas, crianças, depen- dentes químicos e deficientes habitando o mesmo ambiente dos traficantes. Normalmente, com a prisão do criminoso, alguém acaba envolvido no tráfico, a mando do dono da boca ou por iniciativa própria, para tentar manter o sustento da família. E, nesses casos, mais cedo ou mais tarde, a polícia precisa voltar ao local para fazer novas prisões.

Ideia é facilitar a aproximação de outros órgãos, que auxiliariam na luta contra o crack

De tanto “enxugar gelo”, o delegado Heliomar Franco, diretor de investigação do Denarc, criou um projeto-piloto que tem visa a informar outras secretarias sobre o que encontra em locais às vezes acessíveis somente à polícia. A ideia é permitir que órgãos voltados ao acolhimento de crianças e adolescentes, à saúde e ao emprego, entre outros, possam se envolver e colaborar na luta contra as drogas – especialmente o crack. Assim, surgiu o RRS.

A nova forma de tratar o assunto mostra-se alinhada a recente pesquisa apresentada pela Fundação Oswaldo Cruz (leia ao lado).

– A gente não gostaria de voltar a alguns locais. Prendemos o traficante e deixamos lá alguém que vai assumir o lugar dele. O policial tem o olhar para identificar essa situação, e preenche o relatório. A direção avalia o risco social e encaminha a alguma secretaria do Estado. Esperamos que elas participem para que essas pessoas não sejam cooptadas pelo tráfico – explica o delegado, que espera testar um pouco mais a novidade antes de envolver outras secretarias no projeto.

Pesquisa propõe menos rigor

Se até o braço repressor do Estado tem buscado alternativas na guerra contra o crack, é possível concluir que a atual política não tem dado resultado. Com outro viés, na semana passada foi divulgada uma pesquisa sobre o perfil de usuários de crack no Brasil, feita pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

O estudo, que tem sido visto como prova de que o problema nasce das mazelas sociais, se tornou o bastião dos críticos das estratégias mais duras, como o tratamento compulsório.

– O principal achado é o perfil de exclusão social dos usuários. Isso é muito forte. A pesquisa esvazia o debate sobre internação compulsória – diz o secretário Nacional de Políticas sobre Drogas, Vitore Maximiano.

O estudo, porém, virou alvo da ira dos defensores da repressão. O número de usuários de estimado na pesquisa (370 mil nas capitais e no Distrito Federal) foi considerado baixo.

“Não temos a união de família. É cada um por si”

Há duas semanas e três dias internado, o microempresário de 34 anos, olhos azuis e cabelos loiros arrumados com gel diverge do estereótipo do viciado em crack, normalmente não branco. Mas uma característica o identifica com os demais usuários: a família desestabilizada.

A droga ocupou o vazio deixado pelo pai, internado em uma clínica geriátrica, por dois irmãos alcoólatras, outro irmão foragido e outro internado para tratamento do vício em crack.

– Não temos a união de família. É difícil ter na família um churrasco ou uma ceia de Natal agradável. É cada um por si – lamenta o microempresário.

Ao longo dos quatro primeiros anos de vício, manteve-se trabalhando – fumava até três vezes por semana, mas evitava quando tinha serviço. A postura contradiz a teoria do usuário “zumbi”, dominado pela droga e sem forças para se manter centrado em atividades que exijam maior dedicação.

– O usuário tende a se focar no hoje – diz o chefe da Unidade de Psiquiatria de Adição do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, psiquiatra Felix Kessler.




sábado, 28 de setembro de 2013

NA ESPANHA, GAÚCHA PRESA POR TRÁFICO É CONDENADA A 6 ANOS DE PRISÃO

ZERO HORA 28 de setembro de 2013 | N° 17567

CASO BRUNA. Gaúcha presa na Espanha recebe pena de seis anos

Um dia a mais na sentença impede que a nutricionista seja expulsa do país



O julgamento da nutricionista gaúcha Bruna Bayer Frasson, presa em Barcelona desde março de 2012 por suspeitas de tráfico de drogas, acabou ontem à tarde com condenação. Bruna foi sentenciada a seis anos e um dia na prisão.

Opai da gaúcha, cuja família é natural de Novo Hamburgo, qualificou a decisão dos magistrados como “atroz”. Em nota à imprensa, Alexandre Frasson mostrou-se decepcionado com a sentença: “O julgamento foi uma farsa, desde as declarações ensaiadas e tendenciosas dos policiais que compareceram, até a inexistência de um julgamento individualizado, que nunca foi respeitado, em todo o processo.”

Bruna foi detida em 2012 quando desembarcava do cruzeiro Costa Victoria, da armada Costa Crociere, para aproveitar um dia de folga com o então namorado. Carregava 2,5 quilos de cocaína na bagagem. A nutricionista foi presa com outras sete pessoas, que carregavam, no total, 44 quilos da droga na chegada a Barcelona.

A gaúcha negou, durante todo o processo, seu envolvimento no crime.

Seu ex-namorado, condenado anteriormente, afirmou que colocou a cocaína dentro da bagagem sem que ela soubesse, argumento refutado pela Justiça espanhola.

O dia a mais na sentença impede que a pena de Bruna possa ser substituída pela sua expulsão da Espanha. O pai dela, que vai para Brasília no próximo dia 7 falar contra suposta exploração trabalhista em cruzeiros, quer se reunir com o Itamaraty e com o Ministério da Justiça para estudar uma possível transferência da jovem para que sua pena seja cumprida no Brasil.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

PRESIDENTE: CRACK, É POSSÍVEL VENCER?

ZERO HORA 25 de setembro de 2013 | N° 17564

ARTIGOS

Paulo de Argollo Mendes*



O recente diagnóstico sobre os usuários de crack é tão definitivo e translúcido, que não há o que discutir: há 370 mil dependentes da droga nas 27 capitais, 37 mil estão nas capitais do Sul. A única reação possível e decente em um país que vem caçoando dessa epidemia é: e agora, presidente? Sabemos que não é uma pessoa que muda esse quadro, mas um conjunto bem identificado de gestores e níveis de organização do sistema de saúde que precisam (e urgente) implantar o que qualquer mãe ou o próprio usuário (afinal 80% dos dependentes declararam que querem se tratar) sabem. Tem de abrir vagas para desintoxicação e integrar os doentes à rede de cuidados, a ser reforçada e qualificada.

Vamos continuar a brincar com algo tão dilacerante, violento, dramático e que pode ser tratado? Quando a guerra é inevitável, precisamos ter estratégia e partir para a ação. Diante do crack e outras drogas, há inúmeros exemplos de países que reagiram. O Brasil até agora assiste ao horror que essa droga instala no seio de famílias. E um dado é revelador a um país com uma população jovem, que costuma ser apontada como um capital que sedimentará o futuro: 14% dos usuários identificados pela Fundação Oswaldo Cruz são crianças e adolescentes. Estamos perdendo uma geração, ou vamos estancar esta hemorragia social?

O que é mais incompreensível é que aparentemente há verbas para fazer algumas coisas. Mas nada aparece. Em 2011, foram anunciados R$ 4 bilhões para o programa Crack, é Possível Vencer. Segundo o próprio governo, foram gastos R$ 1,5 bilhão até agora. E nos perguntamos no quê? Consultórios de rua ou ambulatórios com limites no tratamento quando os pacientes estão muito debilitados? Adianta abordar essas vítimas da droga nas ruas se, caso o paciente aceite se tratar, não há onde interná-las? E, depois de fazer a desintoxicação, se for preciso um tratamento mais prolongado, por que predeterminar um prazo aos cuidados?

Nos casos de problemas de coração, rins, pulmão, o paciente é internado com data predefinida para sair? Transformaram a área de tratamento em dependência e psiquiatria (pois o uso de drogas – do álcool a crack, maconha, cocaína, gera outras complicações) em um palco para preconceitos e debates ideológicos estéreis.

Há 20 anos assinala-se uma compressão absurda da rede de cuidados no Rio Grande do Sul. Na Capital, foram fechados 70% dos leitos.

Não vemos nas ruas manifestações desses usuários ou de seus familiares para que os governos parem de discursar e arranjar desculpas ante a epidemia identificada pelas próprias autoridades há anos. As crianças e os jovens doentes não têm capacidade para reagir sozinhos. Mães estão ocupadas em acorrentar os seus para, em um ato bárbaro, protegê-los de si mesmos. Da mesma maneira que a presidente enfrenta com patriotismo e zelo a incômoda invasão da rede de espionagem norte-americana, deveria voltar seu olhar rigoroso e ciente às ruas, conversar com mães e alcançar o que necessitam. Não há mais tempo para titubear.*MÉDICO E PRESIDENTE DO SINDICATO MÉDICO DO RIO GRANDE DO SUL

terça-feira, 24 de setembro de 2013

PM APREENDEU PELA SEGUNDA VEZ ADOLESCENTE POR TRÁFICO DE DROGAS

ZERO HORA 24/09/2013 | 09h55

BM apreende adolescente suspeito de traficar crack e cocaína em Porto Alegre, Jovem foi conduzido à delegacia pelo mesmo policial pela segunda vez em um ano


Foto: Ronaldo Bernardi / Agência RBS


Na manhã desta terça-feira, um soldado do 21º Batalhão de Polícia Militar (BPM) de Porto Alegre apreendeu, pela segunda vez em um ano, o mesmo adolescente suspeito de estar envolvido com o tráfico de drogas.


Foto: Ronaldo Bernardi, Agência RBS

Por volta das 8h, ao realizar a ronda pelas ruas do bairro Restinga Velha, na zona sul da Capital, o soldado Adriano José da Silva flagrou um rapaz de 15 anos portando 500 pedras de crack e 270 buchas de cocaína.

— Há pouco mais de um ano eu já o havia apreendido pelo mesmo crime — afirma o soldado.


O PROBLEMA DO CRACK

O Estado de S.Paulo 24 de setembro de 2013 | 2h 07


OPINIÃO


Apesar dos esforços dos governos federal, estaduais e municipais, pouco se avançou na solução do problema do consumo de crack no País, principalmente nas capitais e no Distrito Federal. Os resultados de pesquisa feita pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), encomendada pela Secretaria de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça, são preocupantes e confirmam que o crack, barato e de efeitos devastadores, continua a difundir o uso de drogas - antes concentrado nas classes médias e altas - entre a população carente.

O avanço do crack é impressionante. Naquelas cidades, um de cada três consumidores de drogas ilícitas (35%) já usa crack, como mostram os dados colhidos no ano passado. E a região mais afetada é a Nordeste. Dos 370 mil consumidores regulares de crack ou similares (merla, pasta base e oxi), 148 mil se concentram nas capitais do Nordeste. Cerca de 43% dos dependentes de drogas daquelas cidades nordestinas consomem crack. Em seguida, vêm as capitais do Sudeste, com 113 mil consumidores regulares.

Não é por acaso que o Nordeste, uma região pobre, ocupa essa posição pouco invejável. O perfil dos usuários de crack mostra que um contingente considerável deles vem das camadas mais carentes. A maioria dos que usam regularmente essa droga é de baixa escolaridade (entre a 4.ª e a 5ª. séries), de não brancos (80%), solteiros (60,6%) e do sexo masculino (78%). Igualmente inquietante é que 14% dos usuários são menores de idade - o equivalente a cerca de 50 mil crianças e adolescentes.

Um dado positivo - e que também contraria uma ideia comumente aceita - é que a grande maioria (78,9%) dos entrevistados se mostrou interessada em aceitar tratamento para se livrar das drogas. Outra ideia muito difundida, que se revelou falsa, é a de que, em vista dos efeitos devastadores do crack, a sobrevida dos usuários era inferior a 3 anos de consumo. Nas capitais a média é de 8 anos e nos demais municípios, de 5 anos. Há, portanto, mais tempo para se tentar recuperar os dependentes.

Isso aumenta a responsabilidade dos governos, que não podem mais alegar a resistência dos dependentes para explicar a falta de resultados significativos de seus programas de tratamento. "Não se trata de um problema que em pouco tempo leva à morte. E, como qualquer doença aguda, (a dependência do crack) exige a implementação de rede diversa, com consultórios de rua para acolhimento dos usuários e uma rede de atenção para outros problemas", afirma o secretário de Atenção à Saúde, do Ministério da Saúde, Helvécio Miranda.

É principalmente isso que está faltando - pelo menos na dimensão necessária - e que explica a pouca eficiência dos programas de recuperação dos dependentes. Apenas uma parcela muito pequena dos entrevistados (6,3%) afirma ter recebido atendimento em Centros de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas. Um contraste que chega a ser chocante com os 78,9% que se dizem dispostos a se tratar.

É mais do que hora, portanto, de os governos federal, estaduais e municipais reavaliarem os seus programas de tratamento de usuários de droga, principalmente crack. Sempre se soube, por causa da persistência do problema, que havia algo errado com eles. Os números da pesquisa da Fiocruz só reforçam essa certeza.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, promete "ajustes, não alterações de rota", no programa "Crack, é possível vencer", lançado em 2011 pela presidente Dilma Rousseff e que prevê gastos de R$ 4 bilhões até 2014. Recorde-se que foram gastos até agora apenas 40% desse total (R$ 1,6 bilhão). Era de esperar, portanto, um pouco mais de audácia do governo na reavaliação desse programa, no sentido de atender os dependentes que se dizem dispostos a se tratar, um ponto essencial para a solução do problema.

O mesmo se deve exigir dos outros níveis de governo, como o do Estado de São Paulo e da Prefeitura da capital, cujos esforços para melhorar a situação da Cracolândia até agora deram poucos resultados.

MOTOR-HOME COM 175 KG DE COCAÍNA, PISTOLA E SUBMETRALHADORA


ZERO HORA 24 de setembro de 2013 | N° 17563

ADRIANA IRION E CAROLINA ROCHA

 GUERRA AO TRÁFICO. Apreensão de cocaína já supera a de 2012

Em Tabaí, motor-home foi interceptado com carga de 175 quilos da droga



Ao flagrar um carregamento de 175 quilos de cocaína, na madrugada de ontem, em Tabaí, a Polícia Federal (PF) estancou um lucro às organizações criminosas de cerca de R$ 2,5 milhões. A ação resultou em recorde: até o momento, foram apreendidos neste ano 774 quilos da droga, mais que o dobro do retirado das ruas do Estado em 2012.

Só nos últimos 40 dias, a PF fez seis apreensões de cocaína. O trabalho é reflexo de uma das principais linhas de ação da instituição no país hoje, o combate ao narcotráfico.

– Estamos fechando o cerco. O narcotráfico e os desvios de recursos públicos são as duas prioridades do governo federal e da nossa gestão. Eu dou especial atenção ao combate ao tráfico também em função da minha atuação por quatro anos na Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) no Estado – afirmou o superintendente da PF, delegado Sandro Caron.

Recentemente, a DRE recebeu aumento de efetivo, de recursos e de equipamentos. Com as apreensões de ontem, a Polícia Federal já registra aumento de 127% na comparação com 2012. A PF já havia feito outras duas grandes apreensões de cocaína. Em maio, 150 quilos da droga foram encontrados em dois caminhões em Muçum, no Vale do Taquari. Em julho, na ERS-040, próximo a Capivari do Sul, agentes abordaram uma carreta que levava cem quilos do entorpecente. O foco do trabalho tem sido na cocaína e na pasta-base, que dá origem ao crack, já que o governo federal mantém o programa “Crack, é possível vencer”.

– O narcotráfico nos traz problema de segurança e de saúde. Nosso foco, da PF, é na repressão. E o sucesso do trabalho se deve, principalmente, ao empenho dos agentes da DRE, que não têm hora para trabalhar.

Material seria distribuído na Região Metropolitana,diz PF

Os tijolos achados na caixa d’água de um motor-home (veículo equipado com camas, mesas, cozinha e banheiro) são a maior apreensão do ano. Com os aditivos misturados, a cocaína poderia render 500 mil doses. O veículo foi parado em uma barreira da Polícia Rodoviária Federal na BR-386, em Tabaí, por volta de 22h de domingo. A bordo estavam quatro homens, duas mulheres e uma criança. Havia brinquedos, material escolar e eletrônicos sem procedência. A droga foi descoberta pelos agentes já no começo da madrugada de ontem. O veículo foi levado à sede da PF, em Porto Alegre.

Um acesso embaixo da pia levou os policiais federais até o esconderijo da cocaína. Junto com a droga, havia ainda uma pistola e uma submetralhadora, ambas 9mm, além de munição e carregadores.

Segundo a PF, dois dos seis adultos ficaram presos: um produtor de eventos de 39 anos e um desempregado de 52 anos, que desde maio é proprietário do motor-home. As outras quatro pessoas foram liberadas – uma delas é a companheira do homem de 39 anos, e a criança é filha do casal. Em depoimento, eles negaram saber da droga.

A suspeita do delegado Caron é de que a droga fosse distribuída a diferentes traficantes do Vale do Sinos, da Região Metropolitana e da Capital, devido não só à quantidade encontrada, mas também ao grau de pureza da cocaína. A hipótese de que os dois não sejam os donos da carga e estivessem apenas fazendo o carreto para traficantes é reforçada pelo fato de que os dois homens presos não tinham passagem pela polícia. Ambos são moradores de Novo Hamburgo, cidade onde o motor-home foi emplacado.

Em outra ação policial, na Serra, dois homens foram presos com 556,8 quilos de maconha após furarem barreira da Polícia Fazendária da Brigada Militar (BM), em Vacaria, em um Vectra. A fiscalização ocorria em frente ao posto da corporação, na BR-116, na localidade de Passo do Socorro.


domingo, 22 de setembro de 2013

O TAMANHO DA TRAGÉDIA


ZERO HORA 22 de setembro de 2013 | N° 17561


EDITORIAL INTERATIVO


A notícia divulgada na última quinta-feira deveria provocar uma mobilização nacional de autoridades, cidadãos e instituições em busca de soluções urgentes e inovadoras para o problema. O Brasil já tem um contingente de 370 mil usuários de crack. E a pesquisa que aponta esse número, encomendada pela Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (Senad) à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), portanto merecedora de total credibilidade, foi feita apenas nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal. Se considerarmos a proliferação da droga pelos demais municípios, o número de usuários é muito maior. Isso significa a existência no país de um verdadeiro exército de dependentes, com todas as implicações que esta condição impõe para a saúde desses indivíduos, para a desagregação de suas famílias e até mesmo para a segurança da sociedade.

O estudo Estimativa do Número de Usuários de Crack e/ou Similares nas Capitais do País, divulgado pelos ministérios da Justiça e da Saúde, traz algumas informações surpreendentes, entre as quais a de que a Região Nordeste concentra a maior parte dos usuários – cerca de 40% do total de pessoas que fazem uso regular da droga nas capitais brasileiras. Desfaz a suposição de que o consumo seria maior na Região Sudeste, que tem maior visibilidade devido à existência das chamadas cracolândias, onde a droga letal e destruidora é utilizada até mesmo durante o dia e à vista de todos.

Faz parte do estudo encomendado pelo governo federal a pesquisa Perfil dos Usuários de Crack e/ou Similares no Brasil, que traz informações sobre as características epidemiológicas dessa parcela da população. É um indicativo importante para a aplicação de políticas públicas preventivas e de tratamento efetivo para os doentes. Aí é que está o xis da questão: mesmo com programas bem-intencionados, tanto oficiais quanto por parte de ONGs, o Brasil parece estar perdendo a batalha para essa droga que vicia nas primeiras experimentações e degrada a vida dos consumidores. Sinal de que as políticas públicas precisam ser redirecionadas para ações inovadoras e talvez mais radicais.

Se os números agora conhecidos assustam, muito mais dramático e doloroso é o microcosmo das famílias atingidas pelo infortúnio de ter algum de seus membros escravizado pela pedra e pela dificuldade de encontrar tratamento eficaz. Não é incomum que dilemas relacionados ao consumo de crack terminem em tragédias familiares. E quem tem a sorte de não ter o problema em casa também não está livre de suas consequências, pois os usuários, muitas vezes transformados em verdadeiros zumbis, acabam engrossando as cifras de criminalidade. Todos, portanto, somos vítimas do crack. E, até por isso, todos temos que nos envolver na solução desse problema do tamanho do Brasil.

O editorial foi publicado antecipadamente no site de Zero Hora, na quinta-feira, com links para Facebook e Twitter. Os comentários para a edição impressa foram selecionados entre as manifestações recebidas até 18h de sexta-feira. A questão: Editorial defende políticas inovadoras e radicais para combater o crack. Você concorda?

O LEITOR CONCORDA

Entendo que é muito difícil a conscientização, porém reforço que não são oferecidos tratamentos por parte das organizações de saúde para esse tipo de doença. Apoio a internação involuntária, dependendo da condição do usuário, seguida de um trabalho de esclarecimento, conscientização do usuário e também da família sobre a doença, assim como o acesso a locais de tratamento gratuitos. É muito mais que uma questão de saúde e segurança.

Cláudia Balbé de Souza, Canoas (RS)

Sou professora do Ensino Médio de uma escola estadual de um município de cerca de 3,5 mil habitantes, Nova Alvorada (RS). Vivencio o problema das drogas diariamente com alunos e outros dependentes que margeiam a escola, portanto o problema das drogas, especialmente o crack, é muito mais abrangente do que se pensa, pois o tráfico atinge todas as cidades, mesmo as pequenas como a nossa, todas as classes sociais e todas as idades, especialmente os jovens. Penso que políticas inovadoras e mais radicais são urgentemente necessárias, já passou da hora de realmente combatermos esse mal.

Ides Mesacasa Salla, Nova Alvorada (RS)

Concordo, mas depende da política “inovadora e radical”. Forçar internações, prender usuários e outras formas paliativas que já apareceram podem diminuir, mas estão longe de acabar com esse mal. Deve haver estratégias para acabar-se com o foco disso, os traficantes, além de se canalizarem recursos (quem sabe os dos jatinhos de políticos, ou de seus “aluguéis” de casas e carros oficiais), para aumentar os programas de ensino e emprego, e dar outro foco para pessoas que, por não terem outra oportunidade na vida, outrora se afundavam no álcool, na cola de sapateiro ou na depressão, hoje tudo resumido no crack, barato, viciante e mortal.

Juliano Pereira dos Anjos,Esteio (RS)

Todos concordam, mas isso aí não tem volta, infelizmente. Talvez a educação pudesse ser a grande inovação, se fosse levada a sério. Visite nossos colégios cercados de traficantes por todos os lados, verdadeiras ilhas de prosperidade para eles, professores acuados pelos alunos, amedrontados, impotentes. Para inovar radicalmente, precisamos repensar o país como um todo, caso contrário é tempo perdido.

Luiz Bavaresco, Nova Prata (RS)

Obviamente que tem que haver concordância em formas novas de controlar essa epidemia que é o crack.

@GeremiasMachado

O LEITOR DISCORDA

Não concordo. O único caminho é realizarem um mutirão, em todo o âmbito carcerário, que se encontra dominado por facções criminosas. Quem domina o crime? Seria como indagar, quem alimenta o armamento da Al-Qaeda, no Oriente? Solução é pena de morte!

Cláudio Fortes Carpes, Montenegro (RS)

Outros comentários de leitores sobre o editorial desta página estão em zerohora.com/opiniaozh

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Concordo que o editorial que é urgente a necessidade de "uma mobilização nacional de autoridades, cidadãos e instituições em busca de soluções urgentes e inovadoras para o problema" das drogas. No meu tempo da ativa tive experiências e dissabores diante da minha impotência em ajudar pessoas e familiares destruídas pelas drogas. Na época, defendia a integração de três segmentos no combate à drogas: a prevenção às drogas, o tratamento das dependências e a repressão policial. Infelizmente, não há motivação e nem investimentos do Estado em criar e aproximar este sistema das pessoas e famílias envolvidas com problemas de drogas, preferindo a repressão policial e campanhas midiáticas sem oferecer qualquer estrutura para assistência à famílias e tratamento das dependências. Por este motivo defendo a política de internação obrigatória via justiça que obriga o Estado a investir em assistência e centros de tratamento das dependências. Para complementar a posição do leitor Claudio Fortes Carpes, os presídios estão lotados de presos dependentes de drogas devido às políticas inócuas e falaciosa promovidas até agora.    

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

CAPITAIS BRASILEIRAS TÊM MAIS DE 370 MIL USUÁRIOS DE CRACK

R7 - 19/9/2013 às 12h08

Capitais brasileiras têm mais de 370 mil usuários de crack, diz pesquisa. Estimativa é que total de usuários de drogas ilícitas ultrapasse 1 milhão de pessoas no País

Kamilla Dourado, do R7, em Brasília



Regiões Nordeste e Sudeste têm maior número de usuários de crackWerther Santana/14.01.2012/Estadão Conteúdo

O número de usuários de crack e similares (pasta-base, oxi e merla) soma 370 mil usuários nas capitais do País e no Distrito Federal. As capitais nordestinas lideram o ranking com quase metade dos usuários da droga (148 mil). Em seguida vêm as capitais da região Sudeste, com 113 mil dependentes. Depois, aparecem no ranking as regiões Centro-Oeste, com 51 mil usuários; Sul, com 37 mil; e Norte, com mais 33 mil usuários de crack. A pesquisa divulgada nesta quinta-feira (19) foi feita nas 27 capitais brasileiras pelo Ministério da Justiça em parceira com a Fundação Osvaldo Cruz.

O levantamento foi feito com base em informações locais, como secretarias de Saúde, Assistência Social, Segurança, organizações não-governamentais e relatos de usuários da droga. O estudo faz parte das ações do programa do governo federal "Crack, É Possível Vencer". A pesquisa considera usuário de drogas quem fez uso do entorpecente por pelo menos 25 dias nos últimos seis meses.

A pesquisa aponta que os usuários têm, em média, 30 anos de idade, mas a maioria dos dependentes tem entre 18 e 24 anos. De todos os usuários, 78,7% são homens e 80% são pretos e pardos.

A maioria dos usuários de crack declarou ser solteira — mais de 60%. A baixa escolaridade também é comum entre os usuários — 55% deles cursaram entre a 4ª a 8ª série do ensino fundamental, 5% não completaram nenhuma série e cerca de 3% estão no ensino superior ou cursaram faculdade.

Mais de 65% dos usuários declararam que sustentam o vício com trabalhos esporádicos ou autônomos, outros 12% pedem esmolas, enquanto 11% contam com o dinheiro da família. Ainda segundo a pesquisa, 7,5% afirmaram que se prostituem em troca de dinheiro ou drogas e 6,4% cometem crimes para conseguir comprar a drogas.

Estima-se que o número de pessoas que consomem drogas ilícitas nas capitais das cinco regiões do País chegue a 1,35 milhão.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

DROGAS: FACA DE UM GUME


ZERO HORA 13 de setembro de 2013 | N° 17552

ARTIGOS


Marco Aurélio Ribeiro de Oliveira*


“Leis inúteis enfraquecem as leis necessárias.” Montesquieu


Não recordo exatamente o ano, mas não me esqueço daquela peça publicitária fantástica sobre o perigo das drogas. Durante um breve tempo veiculou em meia dúzia (pena) de outdoors. Talvez alguém ainda se lembre de um bebê usando apenas fraldas, sentado, sozinho em cena. A criança manuseava, com impressionante realismo, um determinado objeto com suas pequeninas e delicadas mãos. Abaixo do dramático quadro de pureza e inocência, um alerta: Com as drogas é a mesma coisa. O objeto com o qual o bebê brincava era uma ameaçadora e pontiaguda faca de cozinha. Assustador. Revelador.

Hoje, muitas imagens associadas direta ou indiretamente às drogas já não causam tanto espanto, mas deveriam. Os conflitos bélicos entre facções em busca de espaço geográfico e ascensão criminal, os infames varejões do narcotráfico, que pulverizam drogas sobre comunidades inteiras, as armas de guerra locadas ou negociadas por entorpecentes, nas mãos de bandidos comuns e multidões, desconcertantes multidões arrastando-se até a pedra de crack mais próxima. Tudo isso, desgraçadamente, parece ter sido jogado num gigantesco triturador que mistura pessoas, barbáries e banalidades, necessariamente nesta ordem. E o fator droga está lá, feito mancha de óleo em folha de papel, capaz de percorrer a sinuosa trilha rumo à dependência química, em horas; a recuperação, contudo, vai durar cada minuto do resto da vida do dependente, e dos familiares.

Os “imperadores” da droga querem o mundo por inteiro – um império nunca é grande o bastante –, preferencialmente, sem resistência, elementar (e milenar) estratégia de guerra. Os Estados Unidos são criticados por sua política de guerra ao tráfico, que já consumiu trilhões de dólares desde os anos 1980. Se aquele país ainda é o maior mercado consumidor de drogas do mundo, imagine se não tivessem desembolsado um único cent, onde estariam agora? Não é difícil imaginar, a dificuldade americana reside em enfrentar um dos mais complexos fenômenos globais da atualidade, praticamente, só (ninguém mais investe tanto em inteligência e logística, doméstica e internacional). Não enfrentá-lo, ou pior, pseudoestatizar um comércio imune a quaisquer princípios econômicos, híbrido de letalidade e rentabilidade, beira a degradação política, com repercussões sociais, econômicas e culturais trágicas. E ainda há quem aposte (literalmente) nisso, ou seja, a região e o resto do mundo que se danem. Uma nação com livre acesso às drogas lembra muito aquela criança do outdoor com a faca nas mãos: absolutamente desamparada.

*PROFESSOR, MEMBRO DO NÚCLEO DE SEGURANÇA CIDADÃ (FADISMA)

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

A CRACOLÂNDIA SE MULTIPLA

O Estado de S.Paulo 12 de setembro de 2013 | 2h 16


OPINIÃO


Uma consequência negativa da Operação Centro Legal - destinada a combater o consumo e o tráfico de drogas na Cracolândia, e que não primou pelo bom planejamento - foi a migração de parte dos dependentes para regiões próximas. Isso começou a acontecer pouco depois do início da operação, em janeiro de 2012, e desde então, apesar de promessas das autoridades de que medidas seriam tomadas para deter esse movimento, ele continuou. O mais grave é que, agora, a dispersão dos drogados está atingindo até mesmo bairros mais distantes do centro.

Num primeiro momento, eles se espalharam para a Praça da Sé e, logo em seguida, para Santa Cecília e Higienópolis, onde muitos se estabeleceram. Não demorou muito para que começassem a se deslocar para regiões mais distantes da Cracolândia, onde ainda se concentra a maior parte dos drogados. Como mostra reportagem do Estado, estão se multiplicando as minicracolândias. Ao mesmo tempo que se consolidam aqueles pequenos núcleos criados nas adjacências da principal concentração, outros surgem em locais afastados, como Santana.

A exemplo do que aconteceu em Higienópolis, a presença de grupos de drogados, principalmente dependentes de crack, já é notada em outros bairros nobres. É o caso da Avenida Paulista, da Rua da Consolação e também da Praça Roosevelt. Nesses locais, a desenvoltura dos traficantes e a tranquilidade dos dependentes são idênticas às que se observam na Praça da Sé, onde os dois grupos agem como se estivessem em casa. Indiferentes, no caso da Sé, à presença ali do Tribunal de Justiça e de um quartel do Corpo de Bombeiros, e, no da Paulista, à de centenas de milhares de pessoas que por lá circulam diariamente.

Em pequenas barracas improvisadas com sacos de lixo, onde moram e fumam crack, os drogados vivem num mundo à parte. E os traficantes que os abastecem agem livremente. Em entrevista à Rádio Estadão, o prefeito Fernando Haddad garantiu que essas minicracolândias são combatidas: "Fizemos várias ações de desmanche de instalações em praça pública, com muita efetividade, agora estamos incorporando a área de saúde, pois no caso do crack não se trata de um morador de rua usual, é uma pessoa que tem um problema adicional".

Deixando de lado a linguagem um tanto complicada do prefeito, é preciso assinalar que a realidade demonstra que o desmanche que ele afirma ter feito ficou muito aquém da necessidade. Por outro, a "incorporação da área de saúde" - cuja necessidade é evidente - já foi feita no governo anterior, na parte que cabe à Prefeitura, e pela atual administração estadual no que lhe compete.

O que os governos municipal e estadual devem fazer para combater o consumo e o tráfico de drogas tanto na Cracolândia original como nas minicracolândias que se multiplicam - a começar pela coordenação da assistência social e médica com a repressão ao tráfico - já é sabido. O que é preciso saber é que se esse esforço corresponde ou não ao que é necessário.

No que se refere à questão-chave da assistência social e médica aos dependentes, houve algum avanço quanto aos meios disponíveis, mas não se pode esperar resultado imediato. Avançou-se também na obrigação - agora possível - de dependentes serem tratados, seja por decisão de familiares ou da Justiça. Mesmo nesse caso, a recuperação demanda tempo. Mais ainda quando é preciso convencer o dependente a aceitar o tratamento. Esse trabalho de convencimento ficou mais difícil com a dispersão dos dependentes.

A outra ponta do problema é evitar a proliferação das minicracolândias e combater o tráfico, um desafio que a polícia até agora não soube enfrentar. Causa espanto a incapacidade - ou a falta de determinação - da polícia de reprimir o tráfico que corre solto, à vista de todos, tanto na grande como nas pequenas cracolândias.

Só intensificando o combate nessas duas frentes será possível melhorar a situação que não mudou muito desde o início da Operação Centro Legal há mais de um ano e meio.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

LEGALIZAÇÃO DA MACONHA EM DEBATE

ZERO HORA 10 de setembro de 2013 | N° 17549

ERVA POLÊMICA

Inspirada em lei uruguaia, discussão da liberação do consumo da droga é tema de evento na Capital



Defensores e críticos da liberação do consumo de maconha discutem o tema amanhã na Câmara de Vereadores de Porto Alegre. O debate é estimulado pelo projeto de lei que visa ao controle estatal sobre a produção e venda da erva no Uruguai como forma de combater o tráfico.

Oseminário é promovido pelo vereador Alberto Kopittke (PT), autor de um estudo que esquenta a polêmica sobre o assunto. O levantamento aponta que 86,5% da maconha em circulação no Estado passa ao largo das autoridades, ou seja, não é apreendida. O dinheiro arrecadado, conforme o vereador, financia o crime organizado e alimenta a corrupção policial.

Ex-diretor de Políticas e Projetos da Secretaria Nacional da Segurança Pública – órgão do Ministério da Justiça –, Kopittke critica o programa de repressão às drogas no Brasil.

– O ministério precisa discutir uma nova política para as drogas baseada em dados científicos sobre violência e consumo – diz Kopittke.

O vereador também coordenou a elaboração do Plano Estratégico de Fronteiras, em 2011, e reconhece:

– A ideia que originou o programa é equivocada. O plano não tem potência para impactar na queda dos índices de consumo e violência. Deveria ser retomado o Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania) – lamenta.

Desde que foi criado, em 2007, o Pronasci teve verbas reduzidas em quase 80%.

O seminário A Nova Política sobre Drogas do Uruguai: Avanço ou Retrocesso? será realizado a partir das 19h no plenário da Câmara, com entrada franca. Entre os convidados, Marcos Rolim, consultor em Direitos Humanos e Segurança Pública, Salo de Carvalho, advogado criminal e professor universitário, Helena Barros, professora universitária, e Tião Santos, coordenador da ONG Viva Rio.


OS NÚMEROS. Consumo e apreensões no RS

- A partir de duas pesquisas da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e apreensões, o vereador Alberto Kopittke calculou que 602.390 gaúchos são usuários de maconha.

- O consumo estimado é de 103,1 toneladas por ano. As apreensões (dados de 2011) pelas polícias Civil, Militar, Federal e Rodoviária Federal somaram 14 toneladas, o equivalente a 13,5% do que é consumido.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

NO OUTRO LADO DO FRONT DA LUTA CONTRA AS DROGAS

JORNAL DO COMERCIO 09/09/2013

Na Instituição Social Manassés, ex-usuários de entorpecentes viram exemplo ao ajudar outras pessoas a largarem o vício


Rodrigo Borba
MARCO QUINTANA/JC

Itamar e Wesley superaram o problema e hoje utilizam suas experiências para auxiliar os jovens

Uma cena traumática acendeu o alerta de Itamar da Silva Gonçalves, de 34 anos, sobre a sua dependência química. Após agredir a filha de apenas um ano, resolveu lutar contra as drogas. Maria Luiza queria apenas um presente, mas recebeu tapas. O dinheiro para o agrado à menina já tinha outro destino programado: sustentar o vício do pai. “Ela olhava para mim chorando e dizia: ‘papai você bateu no nenê’. Para mim, foi a gota d’água”, lembra.

Após esse momento marcante, Itamar buscou e atingiu a reabilitação. Natural de Foz do Iguaçu, no Paraná, atualmente auxilia jovens a trilharem o caminho. Na Capital, é monitor da Instituição Social Manassés, a mesma organização responsável pela retomada de sua vida. “Foi uma porta de saída”, afirma agradecido.

Aos cinco anos, uma influência negativa marcou a história de Itamar. O pai o fazia beber cachaça e se vangloriava para os amigos: “o meu filho é macho como o pai”. “Para ele, era uma ‘vantagem’ me levar para um bar”, lembra. Mais tarde, acabou usuário de todos os tipos de droga, inclusive o crack. Por 13 anos viveu essa dura rotina, mas há dois está limpo.

Por pouco não teve o casamento destruído por colocar o vício à frente dele. Após a reabilitação, Itamar recuperou a convivência e o carinho da família e, a cada três meses, viaja ao Paraná para revê-la. Os companheiros de bocas de fumo ficaram para trás. “Hoje em dia, o que mais influencia é a amizade. Através do álcool, o cara te apresenta a droga, aí já era. Quem não aceita, é chamado de ‘caretão’; quando vê, já foi”, conta.

Wesley Oliveira de Almeida, de 26 anos, também quase teve a trajetória arruinada pelo mesmo problema. Devido ao vício em cocaína, diz ter ficado cinco anos escravo da droga. Roubou objetos de casa e morou nas ruas de São Paulo, sua cidade natal, por um ano. Acabou preso por furto e receptação de veículo para matar a fissura por alucinógenos. Entre as perdas causadas pela dependência, cita a da confiança da família e a da dignidade. Lamenta o fato de o problema estar difundido no País, inclusive em áreas rurais, fazendo muitos jovens passarem pelo drama que conhece bem.

Há três anos e sete meses reabilitado, Wesley também é monitor do Manassés. “A história é sempre a mesma, só muda o personagem”, alerta, falando sobre a dependência. Wesley e Itamar mudaram suas trajetórias graças à instituição. “A gente não tinha mais solução, era banido da sociedade, não tínhamos mais solução”, salienta Itamar.

Devido à convivência no instituto, a dupla estreitou o relacionamento, baseado na confiança mútua. Atualmente, se consideram familiares, irmãos de drama. “Criamos um laço de amizade inexplicável”, sublinha Itamar. Os dois já passaram por pelo menos oito estados, ajudando outros dependentes a tomarem o rumo certo, assim como ocorreu com eles.

O Manassés existe há 16 anos no Brasil. São 29 unidades em 21 estados brasileiros. O começo do tratamento se dá a partir do “intercâmbio” dos dependentes, ou seja, os jovens são levados para outros estados, longe de sua cidade natal. A medida busca tirar-los de seu ambiente, onde o acesso às drogas é fácil e as más influências, abundantes. O custo do deslocamento fica sob responsabilidade da família, mas o tratamento é gratuito.

O instituto atua há sete meses na Capital e atende a 30 jovens em recuperação. A sede fica em um casarão na rua Pinheiro Borda, na zona Sul. O tratamento, de nove meses, é realizado em duas etapas. A primeira é a de desintoxicação, onde os internos ficam reclusos e responsáveis pela limpeza da sede. Na segunda, começam a ir para a rua e vendem kits com canetas e chaveiros nos ônibus, por R$ 2,00. Além disso, alertam os passageiros para a questão, contando seus dramas. O trabalho é a principal forma de manter a instituição, com custo mensal acima dos R$ 10 mil.

A rotina no Manassés é composta de cultos evangélicos, com música e cantos de louvor, e terapia ocupacional todos os dias. Aos sábados, há jogos de futebol e churrasco. Nos finais de semana, o jogo de sinuca é liberado e alguns podem passear pela cidade, sempre acompanhados por um monitor.
União tem projeto de R$ 4 bilhões para a área

O programa Crack, é possível vencer, do governo federal, visa combater o vício desse entorpecente e de outras drogas. Dos R$ 4 bilhões destinados ao projeto, que serão investidos até 2014, foram executados R$ 840 milhões no ano passado. Até dezembro, o investimento previsto é de R$ 1,6 bilhão.

Os recursos são aplicados na implantação ou qualificação de Consultórios na Rua, Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) e Unidades de Acolhimento (UA). Desde o início do programa, foram criados 1.851 novos leitos nesses serviços.

A iniciativa tem o objetivo de aumentar a oferta de tratamento de saúde e atenção aos usuários de drogas, enfrentar o tráfico e ampliar atividades de prevenção. As ações estão estruturadas em três eixos: cuidado, autoridade e prevenção.

Além disso, até 2014, o Ministério da Saúde promete repassar recursos para que estados e municípios criem 2.462 leitos, que serão usados para atendimentos e internações durante crises de abstinência e em casos de intoxicações graves. Ao todo, serão investidos R$ 670,6 milhões.
Caps AD são o principal serviço disponível em Porto Alegre

Na Capital, existem cinco Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD), sendo três 24 horas, nos quais há dez leitos para o acolhimento noturno. O modelo é considerado a principal estratégia de combate à dependência no município. A maioria dos frequentadores é de usuários de crack, além de alcoolistas. Em 2012, do total de atendimentos na área de saúde mental, 63,7% foram a dependentes químicos. Além disso, dos 540 leitos na área, 280 são para esses pacientes.

O custo mensal de cada uma dessas instituições é superior a R$ 180 mil, sendo R$ 78.800,00 repassados pelo Ministério da Saúde e o restante via município. “Um serviço especializado em saúde mental não é barato, pois a nossa tecnologia é toda humana, relacionada ao vínculo, ao cuidado e à atenção. Não é como comprar um aparelho de tomografia e contratar um médico ou um técnico em enfermagem para operar”, justifica a assistente social da área técnica de saúde mental da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Sara Jane Escouto dos Santos.

Ainda para este ano, está prevista a implantação de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) exclusiva para essa área. A Capital também conta com o projeto Consultório na Rua, pelo qual são assistidos moradores de rua, frequentemente vítimas da dependência química. “O Consultório na Rua tem um trabalho muito importante, pois vai onde o sujeito está”, enfatiza Sara. Existem, ainda, 171 leitos em hospitais gerais para atender a esse público em caso de intoxicação.

A assistente social critica o fato da divulgação errônea na qual dizem ser impossível se livrar do crack. “Muita gente com uma estrutura emocional mais frágil acreditou que não teria mais recuperação. Aí fica aquela coisa assim: ‘Ah, se eu não vou me recuperar mesmo, vou continuar usando’”, analisa.

De acordo com Sara, a meta do tratamento não deve ser a abstinência. A teoria parte do princípio de ser necessário levar em conta as condições apresentadas pelo sujeito. “É preciso partir daquilo que é possível contratar com ele. O usuário de álcool e drogas é muito imediatista. O vínculo afetivo é a base da relação com o cuidado”, ressalta. Sara frisa como fundamental os dependentes químicos manterem-se ocupados. “Pode ser importante voltar a estudar, por exemplo. A droga ocupa um lugar na vida daquele sujeito”, resume.
Família de dependentes também precisa receber tratamento

O dependente químico não é o único a ter a vida arruinada pelas drogas ou pelo álcool. Toda a sua família fica doente e também precisa de tratamento, ressalta a diretora da Associação Porto-Alegrense de Amor Exigente (Apaex), Arlete Lugo. A instituição tem o objetivo de prevenir a dependência e apoiar os familiares.

Para Arlete, os parentes precisam tomar medidas para colaborar na modificação do quadro, contudo, isso não significa “passar a mão por cima dele”. Impor limites é imperativo. “Ajudar um dependente não é dar as coisas”, frisa. A diretora cita, inclusive, o caso de pais que permitem que filhos usem entorpecentes dentro de casa.

Após se aposentar como contadora, em 1990, Arlete conheceu a instituição e resolveu aderir à causa para ajudar um irmão vítima do álcool. Depois disso, continuou atuante, dessa vez para prevenir que os filhos Cláudio e Vanessa, na época com 17 e 11 anos, respectivamente, não passassem por problemas dessa natureza. Atualmente, o alvo de atenção são os quatro netos. Para isso, ela conta com a ajuda do marido Cláudio Lugo, presidente da Apaex.

A diretora salienta a importância de os familiares estarem sempre alertas para alterações no comportamento do jovem ou adolescente. Se ele começar a ir mal na escola, por exemplo, pode ser um indício. “As famílias vêm procurar ajuda quando a droga está incomodando, ninguém pensa na prevenção”, afirma. De acordo com Arlete, muitas vezes, os pais sentem-se culpados pela situação, mas não tomam atitudes para modificar o cenário. “Troquem a culpa por responsabilidade”, provoca.

O drama do irmão poderia ter tido um fim quando ele reconheceu ser dependente e pediu para ser internado. Chegou a ganhar uma casa de Cláudio e Arlete, mas, de acordo com a irmã, não teve forças para se livrar do vício e continua a beber, mesmo que em menor quantidade. “Ajudei até onde ele quis. Hoje, ele consegue sobreviver”, conforma-se.

Na Capital, existem 20 grupos de apoio da Apaex. Os encontros gratuitos ocorrem em escolas e igrejas. Ao todo, são 40 voluntários. O projeto é custeado por doações, vendas de livros, treinamentos e palestras para empresas. O trabalho tem como base 12 princípios. Um deles é fazer com que os familiares conheçam o seu papel durante os momentos de crise para saber como agir. A Apaex também oferece cursos com o foco na prevenção.

sábado, 7 de setembro de 2013

ARSENAL E 410 KG DE MACONHA

ZERO HORA 07 de setembro de 2013 | N° 17546

EDUARDO TORRES

AÇÃO NO SINOS

Polícia recolhe arsenal e 410 quilos de droga


Em duas ações praticamente simultâneas, na manhã de ontem, a Polícia Civil apreendeu cerca de 410 quilos de maconha em Novo Hamburgo e Campo Bom, no Vale do Sinos, além de um arsenal guardado por integrantes da facção Os Manos. Até a noite de ontem, os delegados responsáveis pelas duas ações não confirmavam relação direta entre os casos.

Depois de três meses de investigação sobre o tráfico de drogas entre os bairros São José e São Jorge, os agentes da 3ª Delegacia da Polícia Civil de Novo Hamburgo conseguiram flagrar Alexandro Maus, 33 anos, no momento em que ele organizava a maconha vinda de Foz do Iguaçu (PR). Foram pesados 360 quilos da droga.

– Ainda não sabemos a periodicidade com que vinham os carregamentos, mas seguramente já acontecia havia pelo menos oito meses – disse o delegado Alexandre Quintão.

A droga, ainda acondicionada como chegou, seria distribuída no Vale do Sinos. Em depoimento, o suspeito chegou a afirmar que venderia para um traficante de Porto Alegre, mas a conexão ainda é apurada pela polícia. Outros 50 quilos de maconha foram descobertos pelos agentes do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) em uma casa no bairro Celestina, em Campo Bom. O local, supostamente usado para distribuir a droga a outros pequenos pontos de tráfico na região, também servia de esconderijo para que criminosos ligados aos Manos acomodassem um arsenal.

– São armas provavelmente usadas em roubos a bancos e outros assaltos com muita violência – afirma o delegado Rodrigo Zucco.

Foram apreendidos seis revólveres calibre 38, duas pistolas 9 mm e uma submetralhadora 9 mm, de fabricação brasileira. Dois homens, de 24 e 27 anos, foram presos. Ambos confirmaram que fazem parte da facção que tem a base no Vale do Sinos.

PARA COMPRAR CRACK, PAI TENTA VENDER BEBÊ POR 10 REAIS


ZERO HORA 07 de setembro de 2013 | N° 17546

RENATO GAVA

FLAGELO DO CRACK

Pai tenta vender bebê por R$ 10. Rapaz que ofereceu filho de 11 meses a moradora da Capital foi preso


Um homem foi preso por tentar vender o filho de 11 meses, por R$ 10, para comprar crack. O caso ocorreu na tarde de ontem em Porto Alegre.

Anderson Machado Fonseca, 25 anos, foi preso em flagrante e encaminhado ao Presídio Central.

– Eu nunca tinha visto uma coisa dessas, é um fato totalmente atípico. Agora, o juiz que vai analisar – disse a delegada plantonista da 2ª Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), Raquel Dornelles.

A mãe da criança, 21 anos, foi ouvida na delegacia. Ela contou que saiu de manhã para trabalhar e deixou a criança com o companheiro. Quando voltou, ao encontrar a casa vazia, começou a procurá-los pelo bairro e, como não os encontrou, chamou a Brigada Militar.

Pouco depois das 14h, Fonseca teria batido na casa de uma estudante, na Rua Pio X, no bairro Bom Jesus. Quando ela atendeu, o rapaz teria dito que, se lhe desse R$ 10, poderia ficar com a criança. A estudante (o nome e a idade não foram divulgados pela polícia) chamou a mãe. A mulher pediu a duas vizinhas que fossem testemunhas e, sem que o jovem percebesse, acionou a Brigada Militar. Depois, trocou as roupas da criança e a alimentou.

Pais do suspeito ficaram com a custódia da criança

Policiais militares chegaram ao local, identificaram Fonseca e o levaram para casa, distante cerca de dois quilômetros dali. Na residência, encontraram a mãe da criança. Ela também foi conduzida à delegacia.

Conforme a delegada Raquel, a jovem pediu para ficar com a custódia da criança, mas o bebê foi entregue aos pais de Fonseca.

– A mãe sabia que o pai da criança é drogado e, mesmo assim, a deixou com ele. Correu um grande risco – justificou Raquel.

O pai de Fonseca também esteve na DPPA e, em depoimento, confirmou que o filho é usuário de drogas. Pediu que ele fosse encaminhado a uma clínica em vez de ser preso.

– Eu o orientei que procurasse um advogado – contou a delegada.

Fonseca, que responde por assalto praticado em 2006, negou-se a prestar depoimento. Devido à gravidade do caso, a delegada decretou uma fiança no valor de R$ 5 mil. Como ele não pagou, foi levado ao Presídio Central. Foi enquadrado no artigo 238 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que prevê pena de uma a quatro anos de prisão para quem “prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiros mediante paga ou recompensa”.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

APARTAMENTO ERA PONTO DE DISTRIBUIÇÃO DE DROGAS

ZERO HORA 03 de setembro de 2013 | N° 17542

FLAGRANTE NA CAPITAL


Uma denúncia levou agentes do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), no domingo, à descoberta de um inusitado ponto de distribuição de drogas na zona norte da Capital. Um apartamento na Rua Edmundo Bastian, bairro Cristo Redentor, sem móveis ou eletrodomésticos que indicassem ser habitado, servia de base para traficantes.

– Ficamos impressionados com a variedade de drogas e a naturalidade com que eles agiam no local. O apartamento servia como um mercado de entorpecentes, só para essa finalidade mesmo – afirma o delegado Marcus Viafore.

Na ação, revelada ontem pela polícia, foram apreendidos 18 quilos de maconha, mais de 200 comprimidos de ecstasy, 150 gramas de cocaína e quantidade de crack suficiente para 2,8 mil pedras. O apartamento tinha colchões por todos os lados e resquícios de lanches dos criminosos também guardava munição: 306 cartuchos dos mais variados tipos, incluindo 9 mm e .40.

Os policiais encontraram ainda um carro e uma moto, supostamente usados para entregas de drogas.

– Monitoramos o apartamento por um tempo, até que conseguimos flagrar o traficante entregando uma porção de maconha a um homem que chegou ao edifício – explica o delegado.

Três suspeitos foram presos pela polícia

O apartamento era controlado por um homem de 32 anos, preso durante a ação. Ele já tinha antecedentes por tráfico e, nos últimos meses, foi preso em ações do Denarc. Segundo Marcus Viafore, o suspeito é bastante conhecido na Zona Norte. Outros dois jovens de 18 anos foram capturados. Um deles havia sido preso dois meses antes pelo próprio Denarc, com uma carga de lança-perfume.

De acordo com o delegado, a investigação não está encerrada. A polícia apura se o apartamento também servia como ponto avançado de alguma quadrilha da região da Zona Norte.

– Ao que tudo indica, a ocupação do apartamento não é recente – adianta Marcus Viafore.