GUILHERME PULITA
20 ANOS DE EPIDEMIA. Como é a vida em uma cracolândia na Serra
A epidemia do crack no Rio Grande do Sul completa 20 anos em 2014. A chamada droga da morte foi apreendida pela primeira vez no Estado em 1994, no bairro Euzébio Beltrão de Queiróz, a Vila do Cemitério. Foi a partir desse bairro de Caxias do Sul que o entorpecente espalhou seus tentáculos. Hoje, não é apenas a comunidade do Euzébio que sofre as consequências do enraizamento do crack na sociedade. A droga mudou o perfil do crime, dos bandidos e da segurança pública.
A cracolândia em que a reportagem se infiltrou fica na segunda linha de casas às margens da Rua Henrique Cia. O dono do ponto de tráfico criou uma estratégia para escravizar os viciados que proliferam na cidade: ele mantém uma casa para drogados usarem crack longe dos olhos da comunidade e da repressão policial. A estrutura da cracolândia é organizada. Divididos em turnos, viciados que trabalham para o traficante dividem as responsabilidades pela vigilância da boca e pelo tráfico.
– A boca ferve a mil graus. É 24 por 24 (24 horas por 24 horas). Se cair (se descoberta pela polícia), 10 minutos depois já tá de pé (funcionando) outra vez – explica o segurança.
Não é qualquer pessoa que pode entrar na “casinha”, como é chamada a cracolândia pelos viciados. O vigia externo é quem controla a entrada ao beco de acesso à casa. A construção é de dois pisos. No primeiro pavimento, crianças passam as tardes assistindo à TV e à movimentação dos drogados. No segundo andar, o cenário é triste. Uma casa suja, fétida, com dezenas de pessoas conversando ao mesmo tempo, discutindo, brigando e fumando crack sem parar. Neste espaço ainda existem sofás e colchões, usados por viciados para dormir quando o corpo já não aguenta mais os efeitos da droga. É comum drogados passarem dias ali.
– A gente é como uma família. Um apoia o outro. Todo mundo é viciado igual – conta uma prostituta das margens da ERS-453, que há sete anos fuma crack.
70% dos crimes envolvem crack, diz oficial da BM
À noite, o cenário é ainda pior. Viciados de outros pontos da cidade invadem o bairro em busca do crack, depois de passarem o dia vagando pelo Centro. Brigas são comuns e muitas já resultaram em assassinato. De acordo com o delegado Vítor Carnaúba, titular da 1ª Delegacia de Polícia Civil, quase que a totalidade dos furtos acontecem na área central da cidade são cometidos para sustentar o vício no crack. Hidrômetros, placas de prédios e até semáforos são levados e vendidos como sucata.
– E como é um crime de menor potencial ofensivo. Eles podem praticar cinco, 10, 20 crimes antes de ficarem presos em definitivo – lamenta o delegado.
O comandante da Brigada Militar na Serra, tenente-coronel Leonel Bueno, diz que 95% das ocorrências atendidas pela corporação na cidade têm relação com drogas – 70% envolve consumo ou venda crack.
– Sem o envolvimento de todos os órgãos de assistência e de segurança fica difícil resolver essa epidemia – avalia o oficial.
20 ANOS DE EPIDEMIA. Como é a vida em uma cracolândia na Serra
A epidemia do crack no Rio Grande do Sul completa 20 anos em 2014. A chamada droga da morte foi apreendida pela primeira vez no Estado em 1994, no bairro Euzébio Beltrão de Queiróz, a Vila do Cemitério. Foi a partir desse bairro de Caxias do Sul que o entorpecente espalhou seus tentáculos. Hoje, não é apenas a comunidade do Euzébio que sofre as consequências do enraizamento do crack na sociedade. A droga mudou o perfil do crime, dos bandidos e da segurança pública.
A cracolândia em que a reportagem se infiltrou fica na segunda linha de casas às margens da Rua Henrique Cia. O dono do ponto de tráfico criou uma estratégia para escravizar os viciados que proliferam na cidade: ele mantém uma casa para drogados usarem crack longe dos olhos da comunidade e da repressão policial. A estrutura da cracolândia é organizada. Divididos em turnos, viciados que trabalham para o traficante dividem as responsabilidades pela vigilância da boca e pelo tráfico.
– A boca ferve a mil graus. É 24 por 24 (24 horas por 24 horas). Se cair (se descoberta pela polícia), 10 minutos depois já tá de pé (funcionando) outra vez – explica o segurança.
Não é qualquer pessoa que pode entrar na “casinha”, como é chamada a cracolândia pelos viciados. O vigia externo é quem controla a entrada ao beco de acesso à casa. A construção é de dois pisos. No primeiro pavimento, crianças passam as tardes assistindo à TV e à movimentação dos drogados. No segundo andar, o cenário é triste. Uma casa suja, fétida, com dezenas de pessoas conversando ao mesmo tempo, discutindo, brigando e fumando crack sem parar. Neste espaço ainda existem sofás e colchões, usados por viciados para dormir quando o corpo já não aguenta mais os efeitos da droga. É comum drogados passarem dias ali.
– A gente é como uma família. Um apoia o outro. Todo mundo é viciado igual – conta uma prostituta das margens da ERS-453, que há sete anos fuma crack.
70% dos crimes envolvem crack, diz oficial da BM
À noite, o cenário é ainda pior. Viciados de outros pontos da cidade invadem o bairro em busca do crack, depois de passarem o dia vagando pelo Centro. Brigas são comuns e muitas já resultaram em assassinato. De acordo com o delegado Vítor Carnaúba, titular da 1ª Delegacia de Polícia Civil, quase que a totalidade dos furtos acontecem na área central da cidade são cometidos para sustentar o vício no crack. Hidrômetros, placas de prédios e até semáforos são levados e vendidos como sucata.
– E como é um crime de menor potencial ofensivo. Eles podem praticar cinco, 10, 20 crimes antes de ficarem presos em definitivo – lamenta o delegado.
O comandante da Brigada Militar na Serra, tenente-coronel Leonel Bueno, diz que 95% das ocorrências atendidas pela corporação na cidade têm relação com drogas – 70% envolve consumo ou venda crack.
– Sem o envolvimento de todos os órgãos de assistência e de segurança fica difícil resolver essa epidemia – avalia o oficial.
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