COMPROMETIMENTO DOS PODERES

As políticas de combate às drogas devem ser focadas em três objetivos específicos: preventivo (educação e comportamento); de tratamento e assistência das dependências (saúde pública) e de contenção (policial e judicial). Para aplicar estas políticas, defendemos campanhas educativas, políticas de prevenção, criação de Centros de Tratamento e Assistência da Dependência Química, e a integração dos aparatos de contenção e judiciais. A instalação de Conselhos Municipais de Entorpecentes estruturados em três comissões independentes (prevenção, tratamento e contenção) pode facilitar as unidades federativas na aplicação de políticas defensivas e de contenção ao consumo de tráfico de drogas.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

BELEZA ESCONDIDA



ZERO HORA 25 de novembro de 2014 | N° 17994


CRACOLÂNDIA. Viciada, ex-modelo vive nas ruas de SP



LOEMY, 24 ANOS, saiu de Mato Grosso em 2012 em busca de trabalho e foi vencida pela drogaUma ex-modelo de Mato Grosso, que foi a São Paulo em busca de oportunidades para a carreira, encontrou um outro caminho quando chegou à maior cidade do país: o crack. Loemy, 24 anos, 1m79cm de altura e olhos verdes, chama atenção em meio à sujeira do local conhecido como cracolândia, no centro da capital paulista. A revista Veja São Paulo conversou com a jovem na semana passada. A reportagem destaca que, quando ela não está sob o efeito de drogas, é lúcida e articulada, consciente de sua situação.

– Quando me mudei para São Paulo e descobri que existia um lugar como a cracolândia, fiquei horrorizada com aquelas pessoas na rua. Hoje, eu é que estou nessa situação – disse à revista.

Loemy consome cerca de cinco pedras de crack por dia, a um valor de R$ 10 cada. Para conseguir o dinheiro, ela se prostitui. A ex-modelo contou à Veja que se sente humilhada ao pedir esmola e que, uma vez, tentou roubar uma senhora. No entanto, ao empurrá-la para pegar a bolsa, sentiu-se mal ao vê-la cair no chão e prometeu nunca mais fazer isso.

Ela lembra o dia e horário em que fumou crack pela primeira vez: 15 de setembro de 2012, às 4h da manhã. Loemy disse que estava em um táxi e, em vez de ir direto para a casa onde morava com outras duas jovens, desviou o caminho e desceu perto da Praça Júlio Prestes para comprar maconha. Contudo, foi assaltada, e o desespero por ter perdido o pouco dinheiro que tinha tomou conta.

– Até que colocaram um cachimbo na minha boca. Foi como uma tomada para carregar – compara.

A ex-modelo nasceu em um município de aproximadamente 50 mil habitantes, no interior do Mato Grosso. É a filha mais nova de uma empregada doméstica e um garimpeiro. A mãe, Elizabeth, conversou com a revista e contou que foi a São Paulo em junho de 2013 para tentar convencer Loemy a voltar para a cidade onde nasceu, para se tratar, mas não obteve sucesso. Agora, apela às orações.

– Já tentei interná-la, mas não deu certo. Toda noite fico de joelhos e oro por duas horas, pensando em quantas noites ela dorme com fome. A única solução é conseguir um tratamento em São Paulo – falou à reportagem Elizabeth, que é fiel da igreja evangélica Congregação Cristã no Brasil.

SONHO DE VOLTAR A ESTUDAR SOBREVIVE

Além da mãe, outras pessoas também tentaram tirar Loemy das ruas. Ofereceram-lhe casa e tratamento, mas o vício sempre a leva de volta à cracolândia. Em 2013, passou por um centro de tratamento na capital paulista, mas se negou a ser internada e não quis passar por atendimento psicossocial.

Na infância, foi abusada sexualmente pelo padrasto. Nas ruas, também já foi violentada. A vaidade dos tempos de modelo não existe mais. Apesar da situação em que vive e do passado do qual lembra alternando dores e alegrias, deseja sair dessa e voltar a estudar.

– Quero ser engenheira, acho que estou velha demais para ser modelo – diz esperançosa.

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