COMPROMETIMENTO DOS PODERES

As políticas de combate às drogas devem ser focadas em três objetivos específicos: preventivo (educação e comportamento); de tratamento e assistência das dependências (saúde pública) e de contenção (policial e judicial). Para aplicar estas políticas, defendemos campanhas educativas, políticas de prevenção, criação de Centros de Tratamento e Assistência da Dependência Química, e a integração dos aparatos de contenção e judiciais. A instalação de Conselhos Municipais de Entorpecentes estruturados em três comissões independentes (prevenção, tratamento e contenção) pode facilitar as unidades federativas na aplicação de políticas defensivas e de contenção ao consumo de tráfico de drogas.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

MELHOR QUE A BALADA MIL VEZES

O Estado de S. Paulo 15 de fevereiro de 2014 | 18h 30

'Todo mundo pode beber, fumar e ser feliz numa boa'. Após consumir drogas na madrugada, adolescentes caem desmaiados na calçada


Diego Zanchetta



Grupos de adolescentes skatistas com alargadores na orelha - a maior parte estudantes de ensino médio que ainda não podem entrar nas casas noturnas da Rua Augusta - formam o público preferencial dos traficantes da Rua Peixoto Gomide. Desde o início de 2011, o trecho entre as Ruas Augusta e Frei Caneca virou "point" de quem sai à noite com pouco dinheiro e quer apenas beber com amigos. O tráfico chegou aos poucos, conquistou clientela cativa e hoje ocupa uma calçada inteira.



Márcio Fernandes/Estadão
De dia, rua é uma via como qualquer outra; à noite, jovens cheiram cocaína em público


"A festa é aqui, melhor que a balada mil vezes. Aqui todo mundo pode beber, fumar e ser feliz numa boa. E rola as ‘mina’ também, pode ver, a galera arrasta mesmo", conta um jovem skatista à reportagem, estudante do 2.º ano do ensino médio. Morador no Tucuruvi, na zona norte, ele diz ter R$ 30 para passar o sábado. "Dá pra tomar uma garrafa de catuaba e dividir um pininho (de cocaína) com alguém, dá pra curtir, sim. A polícia ‘desencanou’ de nós aqui."

Bebendo catuaba e cheirando pinos de pó, os jovens passam a madrugada na rua, até o metrô voltar a funcionar, às 5h. O consumo de ecstasy também é feito com a cocaína, como constatou a reportagem. Um dos garotos com quem o Estado conversou na madrugada do dia 9 se retorcia na calçada, com os lábios sangrando de tanto mordê-los.

"Tomei cinco balinhas, moço", disse, ao ouvir da reportagem se precisava de ajuda. "Me compra um pó, preciso ficar mais acordado, por favor", respondeu o garoto, que não conseguiu dizer onde morava. Ao seu lado, dois amigos estavam desmaiados. "Eles nunca aguentam mesmo, estou acostumado."

A reportagem também presenciou dois jovens reclamando com um traficante que o LSD que haviam comprado "era de papelão". "Sai andando moleque, não te conheço", respondeu o traficante ao garoto, que estava com dois colegas, todos de skate. Eles atenderam imediatamente à determinação, sem retrucar.

O segundo público preferencial dos traficantes são os gays que frequentam boates da Rua Frei Caneca, muitos deles turistas de outros Estados e estrangeiros. O aquecimento pré-balada com pó, ecstasy e bebida pode ser feito nos barzinhos da região, ou na própria calçada da Rua Peixoto Gomide. Alguns bares funcionam até as 8 horas.

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