COMPROMETIMENTO DOS PODERES

As políticas de combate às drogas devem ser focadas em três objetivos específicos: preventivo (educação e comportamento); de tratamento e assistência das dependências (saúde pública) e de contenção (policial e judicial). Para aplicar estas políticas, defendemos campanhas educativas, políticas de prevenção, criação de Centros de Tratamento e Assistência da Dependência Química, e a integração dos aparatos de contenção e judiciais. A instalação de Conselhos Municipais de Entorpecentes estruturados em três comissões independentes (prevenção, tratamento e contenção) pode facilitar as unidades federativas na aplicação de políticas defensivas e de contenção ao consumo de tráfico de drogas.

domingo, 8 de março de 2015

GRUPO RBS SE DECLARA A FAVOR DA LEGALIZAÇÃO DA MACONHA



ZERO HORA 08 de março de 2015 | N° 18095


CARTA DA EDITORA | Marta Gleich

Nossa opinião sobre a legalização da maconha



Na edição de hoje, o Grupo RBS declara em editorial que é a favor da legalização da maconha. É o primeiro de uma série de editoriais sobre temas polêmicos que exigem cobertura e posicionamento. Resultado de intensos debates no Comitê Editorial, a revisão de posições da empresa faz parte de uma crença: o público espera que um grupo de comunicação tenha posições claras e as manifeste, inclusive sobre temas árduos e controversos. O Grupo RBS acredita que a transparência é o elemento fundamental da relação com os seus públicos.

O fato de a empresa declarar-se a favor da legalização não colide com a independência da reportagem. Os editoriais, devidamente identificados e publicados nas páginas de Opinião (hoje na página 33), expressam a posição e o pensamento da RBS. Nas reportagens, nas colunas e nos artigos, o princípio é a pluralidade. Todas as vozes e todas as opiniões, contra, a favor, muito antes pelo contrário, podem e devem se expressar. E, com todas essas informações, o leitor chegará a suas próprias opiniões.

Mas por que agora, e por que a maconha? Porque há uma realidade que está aí, e entendemos que não podemos nos omitir. Devemos sair da retórica e partir para medidas objetivas. A proibição da maconha só alimenta o tráfico e os homicídios. A falta de segurança que vivemos tem, em grande parte, traficantes do tóxico como protagonistas. Não estamos, com isso, fazendo a apologia do consumo da maconha, pelo contrário: a droga faz mal à saúde e ponto final. Não é disso que se trata. Acreditamos que, ao legalizar a produção e a distribuição, com rígido controle, o tráfico perderá poder e a segurança se ampliará.

O tema da violência e do crime voltará a ser pauta nesta série de editoriais sobre assuntos polêmicos. A maioridade penal e a privatização dos presídios estão previstas para os próximos dois meses. A posição da empresa virá sempre acompanhada de uma ampla reportagem, para que o leitor receba uma profunda análise de todas as questões ligadas ao assunto.

Dentro do princípio da pluralidade, que é um dos pilares da nossa linha editorial, estamos externando a opinião da empresa, mas fazemos questão de ampliar o debate, como mostra a reportagem especial das páginas 25 a 32. Queremos que você também participe e manifeste a sua opinião. Contribua, escrevendo no fórum sobre a legalização da maconha no conteúdo especial em zerohora.com ou no Blog do Editor (zerohora.com/editor).


 

EDITORIAL


MUDANÇA DE VISÃO



Quando o parlamento uruguaio aprovou projeto que estatiza a produção e o consumo de maconha no país vizinho, em agosto de 2013, Zero Hora posicionou-se contra a adoção de medida semelhante no Brasil. O editorial intitulado A Maconha Legalizada reconhecia as boas intenções do movimento internacional que defende a legalização da droga como alternativa para o combate ao narcotráfico, mas advertia que a liberdade propugnada poderia se transformar em incentivo para o consumo.

A justificativa: “Nosso país já sofre demais por conta do consumo de drogas. Se temos que ser implacáveis em relação ao crack, que vicia nas primeiras experimentações e condena seus usuários à degradação humana e suas famílias a uma dependência paralela, não há por que facilitar a produção e o consumo de maconha. Muito mais apropriado é direcionar esforços para intensificar a prevenção, para impedir que jovens imaturos caiam na armadilha da experimentação”.

Mudamos. Continuamos críticos do consumo de drogas, por ser um problema de saúde pública e pelos danos sociais referidos acima, mas reconhecemos que a atual política de criminalização está produzindo péssimos resultados e beneficia o tráfico.

Por isso, estamos revisando nossa posição – e o fazemos com total transparência diante de nossos públicos.


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