COMPROMETIMENTO DOS PODERES

As políticas de combate às drogas devem ser focadas em três objetivos específicos: preventivo (educação e comportamento); de tratamento e assistência das dependências (saúde pública) e de contenção (policial e judicial). Para aplicar estas políticas, defendemos campanhas educativas, políticas de prevenção, criação de Centros de Tratamento e Assistência da Dependência Química, e a integração dos aparatos de contenção e judiciais. A instalação de Conselhos Municipais de Entorpecentes estruturados em três comissões independentes (prevenção, tratamento e contenção) pode facilitar as unidades federativas na aplicação de políticas defensivas e de contenção ao consumo de tráfico de drogas.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

CRACKLANDIA EM PORTO ALEGRE


Reduto da pedra: usuários de crack invadem casas e assustam moradores da zona sul da Capital. Residências da Avenida Pinheiro Borda perderam portas, janelas, móveis, canos, vidros e lâmpadas - Juliano Rodrigues - ZEROHORA.COM, 10/12/2010

Da casa mantida há décadas pela família da empresária Lísia Dias sobraram apenas as paredes. O vício do crack, que tirou a vida do seu irmão de 48 anos em 2009, também transformou a residência comprada pelos pais em fumaça.

Não há mais portas, janelas, móveis, trincos, fios, canos, vidros, lâmpadas e pias na propriedade, localizada no número 561 da Avenida Pinheiro Borda, zona sul de Porto Alegre. Nem mesmo os números de metal que informavam a localização na via foram poupados. Na semana passada, Lísia mandou instalar grades para conter os furtos. Não adiantou. Parte delas também foi vendida e trocada por pedras.

— Meu irmão era usuário, contraiu aids e morreu dentro da casa. Nunca abandonei o imóvel, sempre cuidei. Não tenho mais condições psicológicas e emocionais de ver a minha própria casa. Perdi um imóvel — lamenta.

Todos os dias, contam moradores da região, usuários de crack se revezam no furto de materiais que possam ser trocados pela droga. Além da casa de Lísia, que hoje vive no Rio de Janeiro, uma residência vizinha e outra que fica no lado oposto sofrem com a ação dos criminosos. No número 581, o imóvel de 800 m² também foi vítima de depredações. Na esquina da Pinheiro Borda com a Rua Marcelo Casado de Azevedo, um banco de ferro foi arrancado do chão do pátio de uma propriedade.

— Isso aqui é a zona do crack. Levaram até um relógio medidor de água. Já usaram carrinho de mão para levar os objetos — relata uma empresária que prefere não se identificar.

Além de furtar e depredar as casas, os usuários se alojam nelas para consumir a droga. Na última quarta-feira, um grupo de moradores de rua e travestis teria se reunido em uma das residências e promovido uma festa. Ontem, a Brigada Militar foi até o local e encontrou um grupo de viciados.

— É um problema social. Os moradores de rua acharam um lugar onde eles podem se abrigar e, além disso, consumir drogas. Começou com isso e depois partiu para a depredação dos imóveis. Para podermos dar um fim a isso, precisamos que os donos formalizem ocorrência, até para a Polícia Civil investigar. A falta de cuidado dos proprietários faz com que o evento se repita. Eles pensam: "Bom, se eu quebrei a janela e ninguém arrumou, vou lá de novo" — explica o capitão do 1ºBPM Fabiano Paludo Rieger.

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