JULIO CRUZ, VOLUNTÁRIO DA PASTORAL DE AUXÍLIO COMUNITÁRIO AO TOXICÔMANO DE PORTO ALEGRE (PACTO) - ZERO HORA 12/10/2011
É sabido que a dependência de droga é o desejo compulsivo de obtê-la – a qualquer custo – por se tratar de uma necessidade biológica e psicológica. Quando o usuário alcança o “fundo do poço”, passam a restar-lhe poucas alternativas, dentre elas algumas mais extremas, do tipo cadeia ou cemitério. Todavia, lhe serão permitidas outras possibilidades, capazes de consentir o resgate de sua autoestima: a internação em clínicas especializadas, em hospitais ou em comunidades terapêuticas.
Nos dias atuais, o papel exercido pelos Serviços de Atenção à População com Transtornos Decorrentes do Uso ou Abuso de Substâncias Psicoativas no tratamento do dependente químico, também conhecidos como comunidades terapêuticas (CTs), tem sido de extrema valia. Lá são desenvolvidos programas temporais de recuperação que variam entre seis, nove ou 12 meses, mediante um tripé terapêutico que envolve espiritualidade, trabalho e disciplina, e onde o residente passa a ser o principal responsável por seu tratamento, auxiliado por companheiros do grupo, por voluntários e por profissionais da área da saúde. Ao cabo do período estipulado pela CT, a partir da correta aplicação dos princípios de recuperação, de resgate da cidadania, de reabilitação física e psicológica e de reinserção social, poder-se-á observar um novo homem apresentando resultados de caráter prático.
Faz-se importante ressaltar que no seu processo de admissão e durante o tratamento, não lhe serão impostas condições de crenças religiosas ou ideológicas, grifando-se que sua permanência deverá ser espontânea. Também lhe será oferecida a garantia de alimentação nutritiva, cuidados de higiene e alojamentos adequados, bem como a segurança do acompanhamento das recomendações médicas sob critérios previamente estabelecidos pelo responsável da área da saúde, premissas de antemão identificadas pela Anvisa.
Segundo o professor George de Leon, doutor em Psicologia, as comunidades terapêuticas têm dado provas de constituir uma eficiente abordagem de tratamento do abuso de substâncias e de problemas da vida vinculadas ao abuso, afirmação que, por via de consequência, poderá permitir ao usuá-rio sua integração em projetos comunitários que possam lhe proporcionar um novo sentido de vida, o resgate de sua cidadania e a efetivação de sua reinserção social.
Lamentavelmente, a proliferação de “comunidades terapêuticas” vem trazendo sérios prejuízos àquelas devidamente cadastradas junto à Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas. Fato determinante para que o Ministério Público e os poderes Legislativo e Executivo deflagrem, em regime de urgência, campanhas voltadas ao combate a este malévolo benefício, não permitindo dúvidas sobre um incomensurável bem social tão intensamente alcançado pelo Terceiro Setor.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Importante o alerta que conclui este artigo: "Lamentavelmente, a proliferação de “comunidades terapêuticas” vem trazendo sérios prejuízos àquelas devidamente cadastradas junto à Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas. Fato determinante para que o Ministério Público e os poderes Legislativo e Executivo deflagrem, em regime de urgência, campanhas voltadas ao combate a este malévolo benefício, não permitindo dúvidas sobre um incomensurável bem social tão intensamente alcançado pelo Terceiro Setor."
Está na hora do Governo investir na saúde contra as drogas criando Centros de Tratamento de Dependências em cidades centros de microrregiões e organizando um sistema complementar envolvendo as comunidades terapêuticas legalizadas, controladas e fiscalizadas periodicamente pela saúde pública. Só assim, a sociedade poderá tirar as vítimas das drogas das mãos do tráfico e as famílias do sofrimento e da atual impotência para salvar seus entes queridos.
COMPROMETIMENTO DOS PODERES
As políticas de combate às drogas devem ser focadas em três objetivos específicos: preventivo (educação e comportamento); de tratamento e assistência das dependências (saúde pública) e de contenção (policial e judicial). Para aplicar estas políticas, defendemos campanhas educativas, políticas de prevenção, criação de Centros de Tratamento e Assistência da Dependência Química, e a integração dos aparatos de contenção e judiciais. A instalação de Conselhos Municipais de Entorpecentes estruturados em três comissões independentes (prevenção, tratamento e contenção) pode facilitar as unidades federativas na aplicação de políticas defensivas e de contenção ao consumo de tráfico de drogas.
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