Corte na distribuição de drogas
Polícia prendeu paraguaio responsável por trazer mais de seis toneladas de maconha e 700 quilos de cocaína por ano para o RS
Uma movimentação de mais de seis toneladas de maconha ao ano e de cerca de 60 quilos de cocaína por mês (mais de 700 quilos anuais) foi interrompida no Estado pela Polícia Civil. Traficantes que se passavam por empresários e atuavam em Canoas, na Região Metropolitana, foram presos na manhã de ontem no desfecho da Operação Mercadores. Ao mesmo tempo em que eram cumpridos os mandados de prisão em solo gaúcho, policiais barravam a origem da droga, em Foz do Iguaçu (PR).
Foi no oeste paranaense que o paraguaio Jorge Marcial Mendes Alcaraz, 41 anos, recebeu voz de prisão de uma equipe do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc). Apontado como um dos líderes da quadrilha, ele fazia a ligação do Paraguai até o Brasil, distribuindo maconha e cocaína não só para o Rio Grande do Sul, mas também para São Paulo, Minas Gerais e até o Chile.
– A prisão do Alcaraz representa uma diminuição no ingresso de drogas em larga escala. Ele era responsável pela movimentação sempre de quantidades grandes, tanto que um dos carregamentos que o Denarc conseguiu interceptar foi de mais de 200 quilos – explica o delegado Thiago Bennemann, responsável pela investigação iniciada em fevereiro.
Alcaraz, chamado pelos comparsas de Barão de Foz, camuflava a droga em caminhões e carros que faziam duas viagens mensais até o bairro Mathias Velho, onde está instalado em Canoas o programa Território da Paz. Estima-se que, em cada viagem, eram levados até 300 quilos de maconha no caminhão e 30 quilos de cocaína nos carros. Um depósito no bairro Niterói guardava os carregamentos.
– O objetivo era ir além das nossas fronteiras, porque ninguém planta a folha de coca no território brasileiro. A cocaína e a maconha em grande quantidade vêm de fora. Prendíamos os compradores gaúchos, mas não conseguíamos ir até onde a droga é realmente negociada – destacou o diretor da Divisão de Investigações do Narcotráfico, Heliomar Franco.
Os policiais coordenados pelo delegado Rodrigo Zucco conseguiram cumprir o mandado de prisão preventiva quando o paraguaio seguia de carro para o país de origem. Transportado de avião para Porto Alegre, ele desembarcou sob escolta no início da tarde. Após deixar o aeroporto Salgado Filho, foi conduzido à sede do Denarc para prestar depoimento.
LETÍCIA COSTA
Patrimônio será vasculhado
As prisões foram cumpridas a partir das 7h de ontem em Canoas, Nova Santa Rita e Foz do Iguaçu, em uma operação que reuniu 50 policiais. Conforme o Denarc, os suspeitos têm passagens pela polícia. Por causa de um acidente de trânsito envolvendo um policial minutos antes do início da ofensiva, foi dada prioridade às prisões e não aos mandados de busca e apreensão.
No Estado, três suspeitos foram detidos ontem (outras duas pessoas já estavam presas). Um dos líderes da quadrilha no Estado, Adair Ferreira Gomes, 50 anos, foi encontrado em um sítio em Nova Santa Rita, na Região Metropolitana. Ele comandaria duas pessoas ligadas à revenda de veículos. As prisões foram comemoradas pelo chefe de Polícia, delegado Ranolfo Vieira Júnior. Ele ressaltou a importância da repressão ao grupo considerado bem organizado.
– Não adianta só prendermos as pessoas sem descapitalizarmos a droga. No momento em que se retira o indivíduo do mundo do crime, recolhendo ao sistema penitenciário, rapidamente outro já assume. Mas não foi isso que aconteceu desta vez. Além de tirar o indivíduo, estamos mexendo no bolso deles – disse.
A operação não está finalizada. A partir das prisões, uma segunda fase irá contabilizar o patrimônio retido e identificar pessoas usadas como laranjas pela quadrilha.
OS PRESOS. Os suspeitos detidos ontem
- Jorge Marcial Mendes Alcaraz, 41 anos – Paraguaio apontado como líder da organização.
- Adair Ferreira Gomes, 50 anos – Seria o líder da quadrilha em Canoas. Coordenava a estrutura e logística de distribuição, como contato com Alcaraz e pagamento das pessoas responsáveis pelo transporte.
- Rodinei da Silva, 48 anos – Subordinado de Gomes, assumia a administração da revenda de veículos usada para lavar o dinheiro obtido com a venda da droga.
- Alberto Fernandes da Rosa, 47 anos – Subordinado de Silva na revenda de veículos.
A ORIGEM DO NOME
Por que Operação Mercadores
- O nome está ligado à forma como os integrantes da quadrilha eram vistos pela comunidade. Eles se passavam por empresários e usavam uma revenda de veículos na Avenida Rio Grande do Sul para fazer a lavagem do dinheiro.
- Sem letreiro, o estabelecimento tinha ontem 26 veículos e um caminhão. No sobrado, um dos integrantes da quadrilha foi preso.
- O destino da droga não foi o alvo da investigação, mas acredita-se que a venda era realizada para traficantes no bairro Mathias Velho e na Região Metropolitana.
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