EDITORIAL
As drogas estão de tal maneira disseminadas que não há mais segmentos sociais livres dessa autêntica praga do mal do século XXI. Não que tenha começado agora, mas jamais se traficou, consumiu e prendeu tantas pessoas envolvidas com drogas de todos os tipos. Nos laboratórios, ano após ano, são produzidas substâncias cada vez mais alucinógenas e que causam efeitos terríveis. Na mente e no corpo, provavelmente gerando assassinos em série como ocorre nos Estados Unidos, uma sociedade enferma. No Brasil, as mortes violentas por arma de fogo, segundo a polícia, geralmente envolvem disputas por pontos de venda de drogas ou acertos de contas entre traficantes e consumidores com dívidas. É um círculo vicioso terrível, parece, sem fim. Cabe à família monitorar o comportamento dos filhos adolescentes, tendo em vista a amplitude que está tomando o consumo de drogas na sociedade, dos mais pobres aos abastados. E o álcool é uma droga.
Com o alto valor das drogas e o que se paga para quem as transporta de um país a outro, inclusive cruzando oceanos, torna-se fácil recrutar gente para se arriscar. Com muitos desocupados, a falta de estrutura familiar e de estudo, a tentação é muito grande para centenas ou mesmo milhares de pessoas. Além disso, a interpretação legal no Brasil é um primor de impunidade. Por exemplo, uma marroquina foi presa no Aeroporto Internacional de Guarulhos com 4,7 quilos de cocaína na mala, mas acabou sendo absolvida após alegar que a bagagem com a droga não era dela. Simples, não?
Da geração em que a grande infração contra os mais velhos e os padrões sociais impostos era fumar cigarros e tomar uma “cuba libre”, pulamos para drogas como a maconha e, rapidamente, para a cocaína, além daquelas químicas, das quais a mais popular foi o LSD. Hoje, há o terrível crack. Fácil de ser obtido e muito barato para ser vendido. As crises financeiras escancaram as portas para a marginalidade em mentes e corpos não muito sadios. Não se justifica com a pobreza alguém enveredar pela marginalidade, mas que, em parte, explica, é uma verdade.
Além disso, o abuso no consumo de álcool no Brasil supera a média mundial e apresenta taxas superiores a dezenas de países. Os dados são da Organização Mundial da Saúde (OMS), que alerta que 3,3 milhões de mortes no mundo em 2012 foram causadas pelo uso excessivo do álcool, 5,9% de todas as mortes. Segundo a entidade, não apenas a bebida pode gerar dependência, mas também poderia levar ao desenvolvimento de outras 200 doenças. Entre os 194 países avaliados, a OMS chegou à conclusão de que o consumo médio mundial para pessoas acima de 15 anos é de 6,2 litros por ano. No caso do Brasil, os dados apontam que o consumo médio é de 8,7 litros por pessoa por ano. Esse volume caiu entre 2003 e 2010. Há dez anos, a taxa era de 9,8 litros por pessoa.
O pior é que as meninas, que antes refugavam beber mesmo em festas, agora, nas chamadas baladas, fumam e bebem. No caso brasileiro, a diferença entre o consumo masculino e feminino ainda é profundo. Entre os homens, a taxa chega a mais de 13 litros por ano. Para as mulheres, ela é de apenas 4 litros, sendo 60% do consumo de cerveja e apenas 4% do consumo pelo vinho. A droga é o verdadeiro mal do século XXI.
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