COMPROMETIMENTO DOS PODERES

As políticas de combate às drogas devem ser focadas em três objetivos específicos: preventivo (educação e comportamento); de tratamento e assistência das dependências (saúde pública) e de contenção (policial e judicial). Para aplicar estas políticas, defendemos campanhas educativas, políticas de prevenção, criação de Centros de Tratamento e Assistência da Dependência Química, e a integração dos aparatos de contenção e judiciais. A instalação de Conselhos Municipais de Entorpecentes estruturados em três comissões independentes (prevenção, tratamento e contenção) pode facilitar as unidades federativas na aplicação de políticas defensivas e de contenção ao consumo de tráfico de drogas.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

GUERRA CONTRA TRAFICANTES É INEFICIENTE




O Estado de S. Paulo, 23 de maio de 2014 | 11h 32


Guerra contra traficantes é ineficiente, avaliam Kleiman e Mejía. Professores das UCLA e da Universidade dos Andes afirmam que o combate aos produtores de drogas custa mais do que os possíveis benefícios propiciados por ação

Luciano Bottini Filho


SÃO PAULO - A guerra contra as drogas custa mais do que os benefícios que pode proporcionar à sociedade. Os professores Mark Kleiman, da Escola de Política Pública da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), e Daniel Mejía, da Universidade dos Andes, na Colômbia, tiveram a mesma conclusão com base em estudos econômicos no painel internacional nos Fóruns Estadão Brasil 2018 sobre Segurança na manhã desta sexta-feira, 23.


Werther Santana/Estadão
'A ajuda internacional não compensa os custos que os países têm para controlar as drogas', diz Mejía

"Políticas de redução de oferta de drogas são basicamente ineficientes em reduzir a oferta", disse Mejía, sobre a atividade de governos em atacar produtores de entorpecentes. Pior, segundo ele, a estratégia só aumenta os recursos gastos com segurança e transfere para os países produtores o ônus de resolver o problema de drogas nos países consumidores, assumindo todas as mortes e criminalidade da guerra contra o narcotráfico.

"A ajuda internacional não compensa os custos que os países têm para controlar as drogas. O objetivo desses países deve ser reduzir a violência e tirar os grupos mais violentos do mercado", afirmou Mejía.

Kleiman também acredita que não valha a pena gastar esforços para tentar conter todos os traficantes indiscriminadamente. É preciso reduzir os efeitos colaterais do mercado ilícito de drogas. O uso do aparelho repressivo do Estado deve, para ele, ser racional e tentar restringir o tráfico explícito, nas ruas, e sua violência associada. "O objetivo não é colocar mais traficantes na cadeia, o objetivo é forçá-los a uma forma de mercado ilícito mais discreto."

Esconder o tráfico, de acordo com o norte-americano, pode até ser "indesejável socialmente", "mas isso não imporá problema de segurança nenhum". Kleiman explica que traficantes de rua e usuários nesses ambientes trazem mercadorias valiosas e somas de dinheiro em mãos e precisam proteger-se de forma armada, o que potencializa a violência. O tráfico ideal, a seu ver, ocorre por entregas ou telefone.

O professor da UCLA acredita que prisões de traficantes não melhorem o sistema."A única maneira de reduzir o poder das facções nas prisões é reduzir a população carcerária e o número de pequenos traficantes presos", sugeriu Kleiman.

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