COMPROMETIMENTO DOS PODERES

As políticas de combate às drogas devem ser focadas em três objetivos específicos: preventivo (educação e comportamento); de tratamento e assistência das dependências (saúde pública) e de contenção (policial e judicial). Para aplicar estas políticas, defendemos campanhas educativas, políticas de prevenção, criação de Centros de Tratamento e Assistência da Dependência Química, e a integração dos aparatos de contenção e judiciais. A instalação de Conselhos Municipais de Entorpecentes estruturados em três comissões independentes (prevenção, tratamento e contenção) pode facilitar as unidades federativas na aplicação de políticas defensivas e de contenção ao consumo de tráfico de drogas.

sábado, 30 de abril de 2011

VICIADO AMEAÇA MÃE E TROCA TUDO POR DROGAS

FLAGELO MATERNO. Viciado troca carro por dívidas do crack. Mãe de usuário foi ameaçada de morte para passar Corsa a um traficante - RENATO GAVA,

A apreensão de um veículo e de instrumentos musicais, feita ontem pela Polícia Civil, revelou mais um flagelo do crack. Um usuário de 36 anos, depois de dar a traficantes praticamente todos os seus pertences pessoais, entregou também o Corsa da mãe. A mulher, uma auxiliar de enfermagem de 59 anos, negou-se a fornecer os documentos de transferência aos criminosos. Passou a ser ameaçada.

– Realmente ela passou por um inferno. Tanto que está com medo até de vir à delegacia para buscar o automóvel – contou o titular da 16ª DP, delegado Leandro Coelho.

O drama ocorreu na Restinga, na zona sul da Capital. Em 11 de março, a auxiliar deu queixa de desaparecimento do filho viciado. Um mês depois, ele foi pego na rua, em uma abordagem de rotina da Brigada Militar. Como seu nome constava na lista de desaparecidos, o rapaz foi apresentado na 16ª DP. O depoimento dele impressionou os policiais.

Músico profissional, o viciado contou que, três anos atrás, foi apresentado ao crack. Desde então, passou por clínicas, mas jamais conseguiu se recuperar. Admitiu que passou a trocar tudo que tinha em uma boca de fumo no bairro para conseguir pedras.

Ficou devendo a traficantes, que passaram a cobrar juros e, poucos dias depois, exigiram dele R$ 4 mil. Sem dinheiro, o homem entregou o carro da mãe, um Corsa 1999.

– Ele deu a eles um documento de doação do carro, mas os traficantes não aceitaram, exigiram o documento de transferência, assinado pela mãe. Como ele não conseguia, passaram a ligar para ela também, ameaçando-a. Ela ficou tão apavorada que nem sequer deu queixa de roubo do carro e nos procurou – afirmou o delegado.

Os agentes passaram a monitorar o local apontado pelo jovem. Na terça-feira, localizaram o carro na Estrada João Antônio da Silveira com o pai do traficante, um mecânico de 46 anos.

Na casa do filho dele, na Alameda F, Restinga Nova, policiais encontraram uma tuba, um pedestal, o cartão do Banrisul e outros objetos pertencentes ao viciado extorquido. O criminoso não foi localizado. Segundo o delegado, ele será indiciado por crimes de extorsão e tráfico.

“Ele tinha emprego, boa condição”. ENTREVISTA Mãe de viciado em crack - DIÁRIO GAÚCHO, 29/04/2011

Diário Gaúcho – Como começou o problema?
Mãe – Eu passei o verão no litoral, deixei a chave da minha casa, para ele regar as plantas, e a do carro. Quando voltei, no final de fevereiro, já vi que ele estava estranho. No dia 3 de março, ele sumiu. Desde então, minha vida não foi mais a mesma.

Diário Gaúcho – A senhora sabia do envolvimento dele com o crack?
Mãe – Com o crack, não. Já vi muita gente enfrentando este problema, e não pensei que aconteceria comigo. Essas coisas, a gente não sabe como começa. Ainda não sei o que vou fazer com o meu filho, não tenho condições psicológicas. Minhas irmãs que estão encaminhando ele para tratamento.

Diário Gaúcho – O que a senhora tem feito nos últimos dias?
Mãe – Depois que os traficantes passaram a me ligar, não tive mais sossego. Eles sabiam onde eu morava, me ameaçaram. Passei as últimas 10 noites dormindo em um hotel no Centro, pagando R$ 75 a diária. Fiquei sem forças até para ir ao mercado, estou consultando médicos. Um deles me disse que estou com crise do pânico. Agora, estou um pouco melhor.

Diário Gaúcho – O que a senhora pretende fazer?
Mãe – Não posso mais voltar para minha casa, nunca mais. Vou ter de diminuir meus turnos, ganhar menos, mudar toda a minha vida. Sempre trabalhei, tenho um filho formado em Administração de Empresas, e esse outro (usuário) faltava apenas um semestre para se formar em Música. Ele tinha emprego, boa condição.

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