EDITORIAL ZERO HORA 28/02/2012
Além dos prejuízos irreversíveis que causa aos usuários, a suas famílias e a seus círculos de amigos, o consumo de drogas no país representa um dano significativo para toda a sociedade. O custo financeiro já é elevado para as empresas de maneira geral, nas quais predominam as ausências ao trabalho e a queda no rendimento dos funcionários devido principalmente à dependência de cigarro, álcool, maconha e cocaína. O problema começa a pesar de forma significativa e acelerada também para o setor público, com ênfase na Previdência, devido acima de tudo à rápida progressão e ao poder devastador do consumo de crack. Esta é uma tendência que precisa ser detida de imediato.
Dados oficiais demonstram que, só no ano passado, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) concedeu quase 125 mil auxílios-doença a dependentes químicos. O custo total foi de R$ 107,5 milhões em recursos públicos – dinheiro que poderia ser aplicado na educação, na saúde de pessoas que não buscam o prazer letal e em melhorias para todos. Simultaneamente, em oito anos, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou um aumento de 900% no número de atendimentos a usuários de drogas. Os dados oficiais deixam evidente a necessidade de ações mais articuladas para o enfrentamento do problema.
O poder público dispõe de mais estrutura e mais recursos financeiros para reduzir os efeitos devastadores do consumo de drogas, mas precisa atuar em conjunto com a sociedade para enfrentar o desafio com um mínimo de eficiência. Parte dos problemas pode estar relacionada justamente ao fato de, até hoje, o poder público agir às escuras, por não dispor sequer de estatísticas consistentes nessa área.
A redução dos efeitos das drogas depende acima de tudo de ações preventivas. Mas, para que os resultados se mostrem o esperado, é preciso evitar o mau uso do dinheiro público tanto nas ações de governo quanto nas empreendidas em conjunto com entidades da própria sociedade.
COMPROMETIMENTO DOS PODERES
As políticas de combate às drogas devem ser focadas em três objetivos específicos: preventivo (educação e comportamento); de tratamento e assistência das dependências (saúde pública) e de contenção (policial e judicial). Para aplicar estas políticas, defendemos campanhas educativas, políticas de prevenção, criação de Centros de Tratamento e Assistência da Dependência Química, e a integração dos aparatos de contenção e judiciais. A instalação de Conselhos Municipais de Entorpecentes estruturados em três comissões independentes (prevenção, tratamento e contenção) pode facilitar as unidades federativas na aplicação de políticas defensivas e de contenção ao consumo de tráfico de drogas.
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