COMPROMETIMENTO DOS PODERES

As políticas de combate às drogas devem ser focadas em três objetivos específicos: preventivo (educação e comportamento); de tratamento e assistência das dependências (saúde pública) e de contenção (policial e judicial). Para aplicar estas políticas, defendemos campanhas educativas, políticas de prevenção, criação de Centros de Tratamento e Assistência da Dependência Química, e a integração dos aparatos de contenção e judiciais. A instalação de Conselhos Municipais de Entorpecentes estruturados em três comissões independentes (prevenção, tratamento e contenção) pode facilitar as unidades federativas na aplicação de políticas defensivas e de contenção ao consumo de tráfico de drogas.

quarta-feira, 21 de março de 2012

FARTO DO CRIME

Traficante arrependido se entrega. Cansado da perigosa rotina criminosa, jovem surpreendeu ao se apresentar a batalhão da BM - CARLOS WAGNER, zero hora 21/03/2012

No início da madrugada de ontem, um jovem bateu no vidro do posto do 20º Batalhão de Polícia Militar (20º BPM), na esquina das avenidas Protásio Alves com a Manoel Elias, zona leste de Porto Alegre. Para a surpresa do plantonista da guarnição, Diogo Barbosa dos Santos, 19 anos, disse que era traficante e que estava ali para se entregar.

Alegou que está cansado de traficar e de ver familiares serem perseguidos por seus inimigos. Foi preso em flagrante pela posse de 63 pedras de crack e sete tijolos de maconha.

A cena não é inédita. Mas é rara, como explicou o soldado Leandro Rodrigues Mello. Ele lembrou que, às vezes, alegando risco de vida devido à concorrência, traficantes se entregam no posto. O inusitado no episódio da madrugada de ontem é que Santos é desconhecido entre os traficantes do lugar onde afirma viver, no Índio Jari, em Viamão. A região onde Santos diz morar é conhecida como Pantanal, e até o ano passado era reduto de traficantes presos em operações policiais.

– Até o rapaz entrar no posto da Brigada e se entregar ele não existia para a polícia: não tem carteira de identidade e não se envolveu em outras ocorrências policiais. Vamos investigar para saber a representatividade dele dentro da rede do tráfico de drogas de Viamão e arredores – disse o delegado Heliomar Franco, diretor de Investigações do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc).

Santos nasceu em Saúde, cidade de 12 mil habitantes na Bahia. Tem o Ensino Fundamental e, como parente, apenas a mãe. Sua ligação com Viamão está na comunidade nordestina que se estabeleceu há três décadas na região. Ontem, Zero Hora esteva lá e conversou com famílias a respeito de Santos. Os vizinhos disseram que ele foi visto várias vezes por lá, mas não mora no Jari. Um veterano traficante, que concordou em falar desde que não fosse identificado, disse que tinha notícia de que Santos pertenceria ao “bando dos motoqueiros”, jovens que usam motocicletas para vender drogas na Região Metropolitana.

– Pelo que sei é um chinelo (sem expressão no mundo do crime) – classificou o traficante.

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