DOR EM FAMÍLIA. A droga que acorrenta e fere
Ele já levou tudo o que podia de dentro de casa. Xinga, bate e ameaça de morte a própria mãe. Pela vida do filho, a mulher de 62 anos chegou a vender a casa e entregar todo o dinheiro a traficantes. Agora não sabe mais o que fazer. Depois que o jovem de 25 anos, usuário de crack, perdeu o controle e passou a roubar na rua, a família decidiu acorrentá-lo em casa.
Afamília pediu para ter os nomes preservados. Teme os traficantes, mas quer contar seu drama, porque não sabe mais o que fazer. Depois de passar dois meses no Presídio Central, preso por assalto, o jovem voltou para casa no dia 25. O tempo recluso não resolveu o problema. A cada nova fissura pela droga vem o desespero.
– Eu estou me sentindo humilhado. O que custa me dar R$ 10 para eu fumar e ficar tranquilo? – perguntou o jovem.
Ameaçada de morte, a família não vê alternativa a não ser acorrentá-lo. Desde sábado ele está com a perna esquerda presa a uma corrente cadeada junto a uma grade, em uma peça nos fundos da casa. Descontrolado, ele bate com a cabeça na parede, quebrou a vidraça de uma janela e tentou cortar os pulsos. Nem ele suporta mais viver assim.
– Eu nunca fiz nada para ninguém. Estou me sentindo acabado, sem recurso algum – desabafou o jovem que trabalhava como gari.
O rapaz já passou por dois períodos de desintoxicação, consegue passar meses longe das drogas, mas recai.
– O que adianta ele ir preso e sair pior? Tem de fazer esse presídio novo de uma vez, todos nós estamos correndo perigo – implora a mãe.
O presídio novo a que a família se refere é o projeto anunciado pelos governo: uma casa prisional na qual detentos dependentes químicos passariam por tratamento.
Casa que valia R$ 30 mil foi vendida por R$ 6 mil
A casa de dois pisos, três quartos, mobiliada na zona sul da Capital valia cerca de R$ 30 mil. Mas a urgência para pagar traficantes fez a mãe do jovem se desfazer dela por R$ 6 mil. A casa alugada agora, na Lomba do Pinheiro, já não tem mais móveis. Nada para em casa. Nem as roupas da sobrinha de cinco anos o jovem conseguiu manter intactas.
– Chega a encostar um carro aqui para vir buscar as coisas que ele troca por droga – contou a mãe.
Na semana passada, havia vaga no Hospital Parque Belém, mas o jovem entrou por uma porta e saiu pela outra. A mãe liga para a Brigada Militar, para o Samu, grita por socorro, mas ninguém pode fazer nada.
– Já pensamos em ir embora, abandonar ele, mas não conseguimos. E ainda querem liberar as drogas, né? – ironiza a irmã.
O Estado planeja ter, ainda em 2013, a primeira prisão destinada para detentos dependentes de drogas. Essa é a expectativa do secretário da Segurança Pública, Airton Michels. O projeto foi apresentado na semana passada com a intenção de dar mais eficácia à recuperação de presos viciados, combinando segurança com tratamento.
LETÍCIA BARBIERI
Ele já levou tudo o que podia de dentro de casa. Xinga, bate e ameaça de morte a própria mãe. Pela vida do filho, a mulher de 62 anos chegou a vender a casa e entregar todo o dinheiro a traficantes. Agora não sabe mais o que fazer. Depois que o jovem de 25 anos, usuário de crack, perdeu o controle e passou a roubar na rua, a família decidiu acorrentá-lo em casa.
Afamília pediu para ter os nomes preservados. Teme os traficantes, mas quer contar seu drama, porque não sabe mais o que fazer. Depois de passar dois meses no Presídio Central, preso por assalto, o jovem voltou para casa no dia 25. O tempo recluso não resolveu o problema. A cada nova fissura pela droga vem o desespero.
– Eu estou me sentindo humilhado. O que custa me dar R$ 10 para eu fumar e ficar tranquilo? – perguntou o jovem.
Ameaçada de morte, a família não vê alternativa a não ser acorrentá-lo. Desde sábado ele está com a perna esquerda presa a uma corrente cadeada junto a uma grade, em uma peça nos fundos da casa. Descontrolado, ele bate com a cabeça na parede, quebrou a vidraça de uma janela e tentou cortar os pulsos. Nem ele suporta mais viver assim.
– Eu nunca fiz nada para ninguém. Estou me sentindo acabado, sem recurso algum – desabafou o jovem que trabalhava como gari.
O rapaz já passou por dois períodos de desintoxicação, consegue passar meses longe das drogas, mas recai.
– O que adianta ele ir preso e sair pior? Tem de fazer esse presídio novo de uma vez, todos nós estamos correndo perigo – implora a mãe.
O presídio novo a que a família se refere é o projeto anunciado pelos governo: uma casa prisional na qual detentos dependentes químicos passariam por tratamento.
Casa que valia R$ 30 mil foi vendida por R$ 6 mil
A casa de dois pisos, três quartos, mobiliada na zona sul da Capital valia cerca de R$ 30 mil. Mas a urgência para pagar traficantes fez a mãe do jovem se desfazer dela por R$ 6 mil. A casa alugada agora, na Lomba do Pinheiro, já não tem mais móveis. Nada para em casa. Nem as roupas da sobrinha de cinco anos o jovem conseguiu manter intactas.
– Chega a encostar um carro aqui para vir buscar as coisas que ele troca por droga – contou a mãe.
Na semana passada, havia vaga no Hospital Parque Belém, mas o jovem entrou por uma porta e saiu pela outra. A mãe liga para a Brigada Militar, para o Samu, grita por socorro, mas ninguém pode fazer nada.
– Já pensamos em ir embora, abandonar ele, mas não conseguimos. E ainda querem liberar as drogas, né? – ironiza a irmã.
O Estado planeja ter, ainda em 2013, a primeira prisão destinada para detentos dependentes de drogas. Essa é a expectativa do secretário da Segurança Pública, Airton Michels. O projeto foi apresentado na semana passada com a intenção de dar mais eficácia à recuperação de presos viciados, combinando segurança com tratamento.
LETÍCIA BARBIERI
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