CORREIO DO POVO, 12/08/2012
Oscar Bessi Filho
Esta semana, poucos dias antes de comemorar o Dia dos Pais, recebi, pela terceira vez na minha vida, a notícia mais linda que um homem pode ter: ser pai. Um sonho de tantos. Lembrei o trabalho incansável do Luiz Fernando Oderich e sua luta, de pai que chorou a perda absurda do filho, para que cada vez menos brasileiros sejam criados sem, pelo menos, reconhecer esta figura paterna, fundamental na educação e no semear de valores bons. Valores humanos. A importância e o compromisso que traz ser pai. As consequências. As lições e os encantos.
Pois esta semana recebi, no quartel, um pai desesperado. Um homem que viu sua vida escorrer pelos dedos quando o filho ingressou no mundo das drogas. E não foi por falta de recursos, não foi por miséria, não foi por deixar te ter colocado em boas escolas. Hoje, com o rapaz beirando os 30 anos, depois de infinitas internações, visitas policiais indesejáveis em sua casa, agressões e violência dentro do próprio lar, ele implora ajuda. Está cansado. Não aguenta mais.
O menino que ele pegou no colo, que ele fez descobrir os encantos da vida quando ainda mal sabia falar ou caminhar, virou um homem fora de controle. Seu filho. Ele perdeu o emprego, porque era chamado a todo instante para buscar o filho nalgum lugar horrível. Ele perdeu amigos. Perdeu a esposa. Perdeu a segunda esposa. Hoje, não sai de casa sem chavear o próprio quarto, tem marcas de violência no corpo feitas pelo mesmo menino que um dia levou no seu colo, tenta proteger a nora de ser espancada gratuita e brutalmente. Sai, na rua, e vê suas roupas no corpo de vendedores de crack. Já tentou ter um notebook oito vezes para trabalhar em casa, os oito foram trocados por drogas. Já recebeu visita de traficante vindo cobrar dívida, já viu o filho ser refém e espancado em boca de fumo. Já teve esperança. Teve. Ele vive 24 horas por dia tenso, aflito, angustiado, apavorado. Ser pai, para este homem, é o pior pesadelo que jamais poderia imaginar. O pior pesadelo que poderia viver, justo quando era para ter sua maior alegria.
Eu peço, ao amigo leitor, que hoje abrace, mas abrace muito, converse, e converse muito, temas importantes ou banalidade, com seus pais. Com seus filhos. Com os pais dos seus pais, os filhos dos seus filhos, sejam pais e filhos biológicos ou presenteados pela vida. A única força que temos para combater o que há de pior neste mundo é o amor. Agradeçam ao Pai maior. E não ouçam os que querem liberar drogas, legalizar este pesadelo, terminar com nossas vidas. Eis o exemplo que usei, como infinitos outros, de uma gente que não terá chance, neste domingo, de comemorar. Eles, lá, querem apenas ganhar dinheiro. Não têm amor. Por quê? Talvez nunca tenham tido a chance de saber o que é ser pai ou o que é ser filho de verdade para entender.
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