“A droga é devastadora”. Heliomar Franco, delegado da Polícia Civil - ZERO HORA 31/07/2011
Na avaliação do delegado que coordena as investigações do Denarc, o laboratório revela que a droga começa a se disseminar no Estado. Leia os principais trechos da entrevista concedida a Zero Hora na sexta-feira:
Zero Hora – O que representa um laboratório de produção de óxi no Rio Grande do Sul?
Heliomar Franco – Revela que a droga está sendo comercializada de forma regular, a partir de uma produção local. Isso nos preocupa.
ZH – Pode haver outros?
Heliomar – Sim. Não são apenas os Bala na Cara que têm a técnica de refino no Estado. O que muda, no caso do óxi, é a decisão de usar componentes menos nobres e ainda mais letais na produção, como querosene. Ao passo que as investigações avançam aqui e no resto do país, outros laboratórios devem ser descobertos.
ZH – Outros bandos estão produzindo óxi?
Heliomar – A droga já foi encontrada em outras regiões do Estado (Erechim e Santa Maria). Não sabemos a origem, se veio de fora ou se foi produzido aqui. Há também o fato de ser uma nova droga que, em algumas vezes, pode estar sendo apreendida como crack. Nós, por exemplo, levamos mais de um mês aguardando exames laboratoriais quando houve a primeira apreensão na Capital.
ZH – Quais as medidas para evitar o avanço do óxi?
Heliomar – Além das investigações, é preciso campanhas de educação: os usuários de óxi pensam estar fumando crack. De alguma forma, isso precisa chegar até eles. Cinco ou oito anos de crack valem por um de óxi. A droga é devastadora.
COMPROMETIMENTO DOS PODERES
As políticas de combate às drogas devem ser focadas em três objetivos específicos: preventivo (educação e comportamento); de tratamento e assistência das dependências (saúde pública) e de contenção (policial e judicial). Para aplicar estas políticas, defendemos campanhas educativas, políticas de prevenção, criação de Centros de Tratamento e Assistência da Dependência Química, e a integração dos aparatos de contenção e judiciais. A instalação de Conselhos Municipais de Entorpecentes estruturados em três comissões independentes (prevenção, tratamento e contenção) pode facilitar as unidades federativas na aplicação de políticas defensivas e de contenção ao consumo de tráfico de drogas.
domingo, 31 de julho de 2011
ÓXI - LABORATÓRIO É DESCOBERTO NO RS
AMEAÇA LETAL. Laboratório de óxi é descoberto - FRANCISCO AMORIM, ZERO HORA, 31/07/2011
Foi numa casa na área rural de Viamão que a polícia encontrou a evidência mais forte do avanço, no Estado, da droga que assusta médicos e autoridades por ser mais letal do que o crack. O óxi refinado no sítio estourado por agentes do Denarc, na última quarta-feira, era distribuído por traficantes na Região Metropolitana de Porto Alegre
O primeiro laboratório destinado ao refino de óxi no Rio Grande do Sul foi localizado na zona rural de Viamão.
Seguindo os últimos passos de um traficante executado a tiros no dia 16 de julho, o Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) chegou quarta-feira a um sítio em nome do criminoso, onde a quadrilha conhecida como Bala na Cara produzia a nova e devastadora droga para distribuir na Região Metropolitana.
As imagens registradas pelos policiais civis no local onde funcionava o laboratório do tráfico foram cedidas em primeira mão para ZH.
Personagem de uma reportagem no último domingo, o traficante e assaltante Rodrigo Souza da Silva, 25 anos, foi encontrado morto dentro de um porta-malas em Porto Alegre, alvejado com cinco tiros, dois deles na cabeça. Morador da Vila Bom Jesus, ele havia alcançado um dos postos de comando da quadrilha ao se tornar o responsável pelo refino de toda a cocaína, crack e óxi vendido em suas bocas de fumo.
– Ao refinar sua própria droga, a quadrilha se fortaleceu na Região Metropolitana de Porto Alegre. Não é mais uma gangue da Bom Jesus. Passou a competir em preço e também a distribuir para outros bandos menores – explicou o delegado Rodrigo Zucco, da 2ª Delegacia Especializada do Denarc.
Responsável pela investigação, o policial lembra que foi nas mãos de narcotraficantes do mesmo bando, em abril passado, que foi apreendida óxi pela primeira vez no Estado. Mais barata e mortífera do que o crack, a droga foi encontrada no bairro Rubem Berta, na Capital. A Polícia Civil só divulgou que os 360 gramas eram mesmo de pedras de óxi em meados de maio, após confirmação feita por perícia técnica.
– A droga encontrada naquela oportunidade e também em uma outra operação em Sapucaia do Sul tem como origem esse sítio – relata o policial.
Sem se preocupar em ser descoberto na propriedade localizada em Águas Claras – até a conta de luz estava em seu nome –, Silva recebia a pasta-base de cocaína para refino vinda de fora do país. A droga era escondida dentro de canos de concreto enterrados dentro da casa sob um piso de azulejos. Produtos químicos destinados à produção das drogas, como ácidos, solventes, cal virgem e até cimento, eram armazenados separadamente.
– As garrafas de ácidos, por exemplo, eram enterradas no pátio para dificultar a ação da polícia – explica o delegado.
Produção em fogão campeiro
A droga era refinada na cozinha. O local em nada lembra os laboratórios vistos em produções de cinema. O preparo era feito em um fogão campeiro de tijolo. Em um panelão velho de alumínio, a pasta-base era fervida com éter, ácido clorídrico e acetona. Cada quilo acabava rendendo cinco de cocaína pura em pó. Quantidade que era aumentada com a adição de bicarbonato de sódio.
– O que sobrava na panela, o refugo, virava crack ou óxi, voltando para o fogo – diz Zucco.
Se a opção fosse pelo crack, eram usados acetona e ácido clorídrico, entre outros componentes, para se chegar à pedra. Caso o interesse fosse pelo óxi, querosene, ácido sulfúrico – muitas vezes retirado de baterias de carros –, cal virgem e cimento integravam à composição.
– O óxi é vendido como pedra de 2, em alusão ao preço, R$ 2. O consumidor sequer sabe que se trata de óxi. Pensa que é crack – revela o delegado.
A redução de valor que tem atraído consumidores contrasta com a elevação dos danos provocados. Quando o coquetel letal é fumado, além dos estragos provocados tradicionalmente pela cocaína, os aditivos químicos corroem vias respiratórias, pulmões, fígado e rins. Os dentes podem cair. O único estudo sobre o assunto no país, da Associação Brasileira de Redução de Danos, com cem usuários da Região Norte, mostrou que 30% deles morreram em menos de um ano.
AMEAÇA LETAL. Polícia faz a maior apreensão no Estado
Em uma ação realizada, na manhã de sexta-feira, uma equipe do Denarc encontrou três quilos de óxi em uma casa abandonada usada pela quadrilha Bala na Cara na periferia de Viamão. No local, estavam escondidos ainda um quilo de cocaína pura e outro de lidocaína – substância que é adicionada ao pó para aumentar seu volume.
– Já é a maior apreensão de óxi no Estado – afirmou o delegado Rodrigo Zucco.
Há indícios de que o local também já tenha sido usado para refino de drogas. Uma panela deixada dentro de uma churrasqueira com resquícios de cocaína indicam, ao menos, a tentativa de produção. Segundo informações da polícia, a droga produzida no sítio em Águas Claras era levada para a residência na Vila Florença. Dali, era distribuída para as bocas de fumo do bando. Novamente, os narcóticos eram escondidos sob um piso falso.
– Chegamos ao local após uma investigação que prendeu 41 integrantes do bando Bala na Cara – comenta o policial.
A quantidade de óxi apreendida é suficiente para a produção de até 15 mil doses. Como é mais esfarelado do que o crack, é vendido em trouxinhas feitas com papel alumínio, para ser despejado diretamente nos cachimbos improvisados.
A polícia ainda não sabe se existem outros laboratórios na Região Metropolitana. A expectativa, no entanto, não é boa. Outras quadrilhas já habituadas ao refino de cocaína podem estar diversificando sua oferta.
O Denarc agora investiga quem pode ter assumido o lugar de Rodrigo Souza da Silva na produção da droga vendida pela quadrilha sediada na Vila Bom Jesus, em Porto Alegre.
– Ele foi morto porque começou a produzir droga de baixa qualidade. Isso pode ter irritado outros traficantes que adquiriam drogas refinadas por eles – argumenta o delegado.
Foi numa casa na área rural de Viamão que a polícia encontrou a evidência mais forte do avanço, no Estado, da droga que assusta médicos e autoridades por ser mais letal do que o crack. O óxi refinado no sítio estourado por agentes do Denarc, na última quarta-feira, era distribuído por traficantes na Região Metropolitana de Porto Alegre
O primeiro laboratório destinado ao refino de óxi no Rio Grande do Sul foi localizado na zona rural de Viamão.
Seguindo os últimos passos de um traficante executado a tiros no dia 16 de julho, o Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) chegou quarta-feira a um sítio em nome do criminoso, onde a quadrilha conhecida como Bala na Cara produzia a nova e devastadora droga para distribuir na Região Metropolitana.
As imagens registradas pelos policiais civis no local onde funcionava o laboratório do tráfico foram cedidas em primeira mão para ZH.
Personagem de uma reportagem no último domingo, o traficante e assaltante Rodrigo Souza da Silva, 25 anos, foi encontrado morto dentro de um porta-malas em Porto Alegre, alvejado com cinco tiros, dois deles na cabeça. Morador da Vila Bom Jesus, ele havia alcançado um dos postos de comando da quadrilha ao se tornar o responsável pelo refino de toda a cocaína, crack e óxi vendido em suas bocas de fumo.
– Ao refinar sua própria droga, a quadrilha se fortaleceu na Região Metropolitana de Porto Alegre. Não é mais uma gangue da Bom Jesus. Passou a competir em preço e também a distribuir para outros bandos menores – explicou o delegado Rodrigo Zucco, da 2ª Delegacia Especializada do Denarc.
Responsável pela investigação, o policial lembra que foi nas mãos de narcotraficantes do mesmo bando, em abril passado, que foi apreendida óxi pela primeira vez no Estado. Mais barata e mortífera do que o crack, a droga foi encontrada no bairro Rubem Berta, na Capital. A Polícia Civil só divulgou que os 360 gramas eram mesmo de pedras de óxi em meados de maio, após confirmação feita por perícia técnica.
– A droga encontrada naquela oportunidade e também em uma outra operação em Sapucaia do Sul tem como origem esse sítio – relata o policial.
Sem se preocupar em ser descoberto na propriedade localizada em Águas Claras – até a conta de luz estava em seu nome –, Silva recebia a pasta-base de cocaína para refino vinda de fora do país. A droga era escondida dentro de canos de concreto enterrados dentro da casa sob um piso de azulejos. Produtos químicos destinados à produção das drogas, como ácidos, solventes, cal virgem e até cimento, eram armazenados separadamente.
– As garrafas de ácidos, por exemplo, eram enterradas no pátio para dificultar a ação da polícia – explica o delegado.
Produção em fogão campeiro
A droga era refinada na cozinha. O local em nada lembra os laboratórios vistos em produções de cinema. O preparo era feito em um fogão campeiro de tijolo. Em um panelão velho de alumínio, a pasta-base era fervida com éter, ácido clorídrico e acetona. Cada quilo acabava rendendo cinco de cocaína pura em pó. Quantidade que era aumentada com a adição de bicarbonato de sódio.
– O que sobrava na panela, o refugo, virava crack ou óxi, voltando para o fogo – diz Zucco.
Se a opção fosse pelo crack, eram usados acetona e ácido clorídrico, entre outros componentes, para se chegar à pedra. Caso o interesse fosse pelo óxi, querosene, ácido sulfúrico – muitas vezes retirado de baterias de carros –, cal virgem e cimento integravam à composição.
– O óxi é vendido como pedra de 2, em alusão ao preço, R$ 2. O consumidor sequer sabe que se trata de óxi. Pensa que é crack – revela o delegado.
A redução de valor que tem atraído consumidores contrasta com a elevação dos danos provocados. Quando o coquetel letal é fumado, além dos estragos provocados tradicionalmente pela cocaína, os aditivos químicos corroem vias respiratórias, pulmões, fígado e rins. Os dentes podem cair. O único estudo sobre o assunto no país, da Associação Brasileira de Redução de Danos, com cem usuários da Região Norte, mostrou que 30% deles morreram em menos de um ano.
AMEAÇA LETAL. Polícia faz a maior apreensão no Estado
Em uma ação realizada, na manhã de sexta-feira, uma equipe do Denarc encontrou três quilos de óxi em uma casa abandonada usada pela quadrilha Bala na Cara na periferia de Viamão. No local, estavam escondidos ainda um quilo de cocaína pura e outro de lidocaína – substância que é adicionada ao pó para aumentar seu volume.
– Já é a maior apreensão de óxi no Estado – afirmou o delegado Rodrigo Zucco.
Há indícios de que o local também já tenha sido usado para refino de drogas. Uma panela deixada dentro de uma churrasqueira com resquícios de cocaína indicam, ao menos, a tentativa de produção. Segundo informações da polícia, a droga produzida no sítio em Águas Claras era levada para a residência na Vila Florença. Dali, era distribuída para as bocas de fumo do bando. Novamente, os narcóticos eram escondidos sob um piso falso.
– Chegamos ao local após uma investigação que prendeu 41 integrantes do bando Bala na Cara – comenta o policial.
A quantidade de óxi apreendida é suficiente para a produção de até 15 mil doses. Como é mais esfarelado do que o crack, é vendido em trouxinhas feitas com papel alumínio, para ser despejado diretamente nos cachimbos improvisados.
A polícia ainda não sabe se existem outros laboratórios na Região Metropolitana. A expectativa, no entanto, não é boa. Outras quadrilhas já habituadas ao refino de cocaína podem estar diversificando sua oferta.
O Denarc agora investiga quem pode ter assumido o lugar de Rodrigo Souza da Silva na produção da droga vendida pela quadrilha sediada na Vila Bom Jesus, em Porto Alegre.
– Ele foi morto porque começou a produzir droga de baixa qualidade. Isso pode ter irritado outros traficantes que adquiriam drogas refinadas por eles – argumenta o delegado.
sábado, 30 de julho de 2011
MENORES VICIADOS
-OPINIÃO, O Estado de S.Paulo - 30/07/2011
Com base em parecer jurídico elaborado pela Procuradoria-Geral do Município, a Prefeitura de São Paulo deu o primeiro passo para a mudança da política de combate ao consumo de crack por meninos de rua. Alegando que toxicômanos são considerados civilmente incapazes pela legislação em vigor, podendo ser levados à avaliação de um psiquiatra mesmo contra a vontade, e que menores viciados não têm capacidade para decidir o que devem fazer, o parecer considera legal a internação compulsória. A proposta de adoção da internação forçada agora vai ser examinada pelas Secretarias da Saúde e da Assistência Social, antes de ser apresentada ao prefeito Gilberto Kassab.
A discussão é antiga e a Prefeitura de São Paulo está atrasada na adoção de estratégias mais eficazes para ajudar as autoridades de segurança pública a combater furtos, roubos e agressões cometidos por meninos de rua viciados em crack. No Rio de Janeiro, desde maio vigora uma portaria da Secretaria Municipal de Assistência Social que regulamenta a internação compulsória de crianças e adolescentes flagrados consumindo crack na cidade. Entre 3 de junho e 19 de julho, as autoridades locais retiraram 61 menores das ruas, encaminhando-os para quatro abrigos.
Essa política é apoiada por promotores de Justiça e juízes das Varas da Infância e Juventude, tal a gravidade do problema, mas sua implementação esbarra na resistência de alguns setores da sociedade civil. Os movimentos sociais alegam que essa política compromete o direito de ir e vir dos menores e privilegiam "medidas higienistas travestidas de assistência social". Diretores dos conselhos profissionais de Enfermagem, Nutrição e Psicologia e da OAB afirmam que os abrigos não dispõem de profissionais preparados em número suficiente para ministrar medicamentos controlados.
Já os defensores da internação compulsória classificam essa política como "ato de coerção com compaixão". Para o médico Ronaldo Laranjeira - Ph.D. em psiquiatria pela Universidade de Londres, professor da Universidade Federal de São Paulo e diretor do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas - o Estado poderá ser acusado de omissão se não retirar menores viciados das ruas. "Se o quadro recomenda, o psiquiatra pode autorizar a internação compulsória. Ilegal é isso ser determinado pela Justiça sem prévia avaliação clínica", acrescenta o defensor público Flávio Frassetto.
O modelo de internação compulsória recomendado pelo parecer da Procuradoria-Geral do Município de São Paulo é semelhante ao adotado pela Prefeitura do Rio de Janeiro. O processo terá três fases - na primeira, os assistentes sociais determinam o que deve ser feito caso a caso, entre os menores que vivem na rua. Na segunda fase, técnicos da Secretaria de Assistência Social tentam persuadi-los a voltar ao ambiente familiar e avaliam se os pais estão em condições de recebê-los. Na terceira fase, médicos da Secretaria da Saúde avaliam se os menores triados são viciados. Se forem constadas dependência química e ambiente familiar com problemas, o caso é encaminhado ao Ministério Público, que pede à Justiça a internação compulsória. No Rio de Janeiro, nenhuma internação é feita sem autorização judicial.
Evidentemente, o custo dessa política é alto. Pelas estimativas, cada menor de rua viciado internado compulsoriamente custa R$ 2,5 mil mensais para os cofres públicos. Em São Paulo essa política exigirá a expansão da infraestrutura em saúde, pois a capital conta hoje com apenas 317 leitos em clínicas e só na região central há cerca de 2 mil usuários de drogas vagando pelas ruas.
Independentemente do modelo de política que poderá ser adotado em São Paulo, ao considerar legal a internação compulsória de menores de rua viciados o parecer da Procuradoria-Geral do Município tem o mérito de discutir com realismo e objetividade um problema que até agora vinha sendo debatido de modo equivocado, com muita ideologia e firulas doutrinárias.
Com base em parecer jurídico elaborado pela Procuradoria-Geral do Município, a Prefeitura de São Paulo deu o primeiro passo para a mudança da política de combate ao consumo de crack por meninos de rua. Alegando que toxicômanos são considerados civilmente incapazes pela legislação em vigor, podendo ser levados à avaliação de um psiquiatra mesmo contra a vontade, e que menores viciados não têm capacidade para decidir o que devem fazer, o parecer considera legal a internação compulsória. A proposta de adoção da internação forçada agora vai ser examinada pelas Secretarias da Saúde e da Assistência Social, antes de ser apresentada ao prefeito Gilberto Kassab.
A discussão é antiga e a Prefeitura de São Paulo está atrasada na adoção de estratégias mais eficazes para ajudar as autoridades de segurança pública a combater furtos, roubos e agressões cometidos por meninos de rua viciados em crack. No Rio de Janeiro, desde maio vigora uma portaria da Secretaria Municipal de Assistência Social que regulamenta a internação compulsória de crianças e adolescentes flagrados consumindo crack na cidade. Entre 3 de junho e 19 de julho, as autoridades locais retiraram 61 menores das ruas, encaminhando-os para quatro abrigos.
Essa política é apoiada por promotores de Justiça e juízes das Varas da Infância e Juventude, tal a gravidade do problema, mas sua implementação esbarra na resistência de alguns setores da sociedade civil. Os movimentos sociais alegam que essa política compromete o direito de ir e vir dos menores e privilegiam "medidas higienistas travestidas de assistência social". Diretores dos conselhos profissionais de Enfermagem, Nutrição e Psicologia e da OAB afirmam que os abrigos não dispõem de profissionais preparados em número suficiente para ministrar medicamentos controlados.
Já os defensores da internação compulsória classificam essa política como "ato de coerção com compaixão". Para o médico Ronaldo Laranjeira - Ph.D. em psiquiatria pela Universidade de Londres, professor da Universidade Federal de São Paulo e diretor do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas - o Estado poderá ser acusado de omissão se não retirar menores viciados das ruas. "Se o quadro recomenda, o psiquiatra pode autorizar a internação compulsória. Ilegal é isso ser determinado pela Justiça sem prévia avaliação clínica", acrescenta o defensor público Flávio Frassetto.
O modelo de internação compulsória recomendado pelo parecer da Procuradoria-Geral do Município de São Paulo é semelhante ao adotado pela Prefeitura do Rio de Janeiro. O processo terá três fases - na primeira, os assistentes sociais determinam o que deve ser feito caso a caso, entre os menores que vivem na rua. Na segunda fase, técnicos da Secretaria de Assistência Social tentam persuadi-los a voltar ao ambiente familiar e avaliam se os pais estão em condições de recebê-los. Na terceira fase, médicos da Secretaria da Saúde avaliam se os menores triados são viciados. Se forem constadas dependência química e ambiente familiar com problemas, o caso é encaminhado ao Ministério Público, que pede à Justiça a internação compulsória. No Rio de Janeiro, nenhuma internação é feita sem autorização judicial.
Evidentemente, o custo dessa política é alto. Pelas estimativas, cada menor de rua viciado internado compulsoriamente custa R$ 2,5 mil mensais para os cofres públicos. Em São Paulo essa política exigirá a expansão da infraestrutura em saúde, pois a capital conta hoje com apenas 317 leitos em clínicas e só na região central há cerca de 2 mil usuários de drogas vagando pelas ruas.
Independentemente do modelo de política que poderá ser adotado em São Paulo, ao considerar legal a internação compulsória de menores de rua viciados o parecer da Procuradoria-Geral do Município tem o mérito de discutir com realismo e objetividade um problema que até agora vinha sendo debatido de modo equivocado, com muita ideologia e firulas doutrinárias.
ECSTASY PELAS REDES SOCIAIS
Negociação online. Preso traficante que vendia ecstasy em redes sociais - o globo, 29/07/2011 às 23h43m; Vera Araújo
RIO - Nada de conversas por telefone, mensagens via torpedos ou e-mails. Jovens de classe média da Zona Sul, da Barra da Tijuca e do Recreio dos Bandeirantes estão negociando ecstasy e conseguindo cúmplices através de sites de relacionamento, como o Facebook. Foi fazendo um rastreamento na internet que policiais da 12ª DP (Copacabana) flagraram na sexta-feira o traficante Daniel Izaías dos Santos, de 25 anos, com 1.250 comprimidos de ecstasy, na Barra da Tijuca. A droga seria negociada com um grupo, que a revenderia em festas de música eletrônica realizadas na região.
Nas conversas na rede de relacionamento, as pílulas são conhecidas, entre outros nomes, como "laranjinhas do Canadá". Cada uma tem a imagem de uma folha, como a que aparece na bandeira do país.
Segundo o titular da 12ª DP (Copacabana), delegado Antenor Lopes Martins Júnior, Daniel atuava como atacadista da quadrilha. Acima dele, há outro jovem, parente de um alto funcionário da União - cujo nome a polícia não quis revelar -, que mora na Barra da Tijuca. Em fotos no Facebook, ele se exibe com joias caras e mulheres, inclusive num restaurante famoso na Barra da Tijuca. O delegado contou que o rapaz é o chefe da quadrilha. Numa das mensagens trocadas no site com Daniel, ele cita uma conta bancária e pede ao cúmplice que faça um depósito o mais rapidamente possível, com o objetivo de se capitalizarem para uma nova compra de drogas.
- O atacadista revelou que, toda vez que ia ao banco fazer um depósito, o caixa já sabia que era na conta do suposto chefe da quadrilha, tamanha era a movimentação. Nós já pedimos a quebra do sigilo bancário e o bloqueio dos valores. Os extratos serão usados como prova - informou o delegado Antenor.
Polícia ainda tenta prender outros integrantes do bando Uma troca de mensagens no Facebook entre o traficante Daniel e um dos compradores de ecstasy (Foto: Reprodução)
A prisão de Daniel ocorreu na madrugada de sexta-feira, na Avenida das Américas. Ele tinha acabado de chegar de Vitória, no Espírito Santo, com um carregamento da droga. Daniel estava a pé e tentou fugir, mas a polícia conseguiu detê-lo em flagrante. Agitado, ele não quis falar dos cúmplices, mas as informações sobre a quadrilha estavam na página dele no Facebook, com cerca de 500 amigos - até o fim do dia, o número havia caído para 349.
A polícia corria contra o tempo para agilizar os mandados de prisão contra os outros integrantes do bando, com medo de que eles fugissem. Até a noite de sexta-feira, policiais ainda aguardavam uma decisão da Justiça.
Daniel contou aos investigadores que pretendia faturar R$ 18 mil com os 1.250 comprimidos de ecstasy. A droga costumava ser vendida por valores que iam de R$ 11 a R$ 50, dependendo da quantidade encomendada.
Depois da prisão de Daniel, seu celular não parava de tocar, assim como os pedidos pela internet, por causa das festas de fim de semana. As "laranjinhas do Canadá" são a droga do momento entre jovens de classe média.
Depois de receber um lanche na delegacia, o traficante parecia não se importar em ser fotografado junto com os comprimidos de ecstasy. Ele não parava de rir.
Segundo policiais do setor de inteligência da 12ª DP, além do Canadá, a Holanda, a Bélgica e a Indonésia são os países preferidos dos traficantes para buscar o ecstasy. Segundo o delegado Antenor, a rede é muito bem estruturada, pois o chefe da quadrilha, o jovem de classe média, não se mistura com os revendedores.
- O Daniel era atacadista, assim como intermediário entre o chefe e os demais jovens que atuavam como revendedores. Há diálogos em que uma moça é convidada para trabalhar na quadrilha e cobra a sua parte para vender a droga. O chefe não pegava em dinheiro. Ele só mandava depositar na conta bancária - explicou o delegado.
Parte dos comprimidos apreendidos com Daniel (Foto: Pedro Kirilos / Agência O Globo)
Segundo o policial, a média de idade dos integrantes da quadrilha está entre 20 e 25 anos, e todos são de classe média. No Facebook, os jovens aparecem bebendo e dançando em festas ou boates. Eles se comunicavam por códigos e codinomes, para fazer sua encomendas. Na delegacia, Daniel explicou que precisava retornar ainda ontem para Vitória, possivelmente para pegar um novo carregamento. Segundo ele, era a terceira vez que vinha ao Rio.
Antenor pediu à Polícia Federal um histórico das viagens internacionais do chefe da quadrilha.
- As famílias precisam desconfiar quando o filho aparecer ostentando sinais de riqueza. Se o filho chega em casa com relógio caro, bons carros, alegando que está trabalhando em eventos, pode haver algo errado. Dinheiro que não seja proveniente de uma atividade profissional pode ser fruto de algum negócio ilícito - disse Antenor.
O delegado também orientou os pais a acompanharem os passos dos filhos na internet:
- A galera da internet é tão perigosa quanto a turminha de rua do passado. É preciso saber com quem eles (os filhos) conversam nos sites, assim como com quem andam nas ruas.
Droga era entregue em domicílio
O atacadista Daniel Izaías entregava a droga em domicílio. Pelo Facebook, seus amigos cobravam dele rapidez no serviço. Num dos diálogos, do último dia 27, uma jovem cobra a entrega em casa e ele responde: "Calma, gata... daqui a pouco vo ae em baixo (sic)".
Aliviada, a jovem responde: "ufa...q bom.. (sic)".
Em outro trecho, na mesma data, antes da prisão do traficante, o próprio chefe da quadrilha pede a Daniel que deixe um telefone livre para se comunicarem, tamanha a procura pelos comprimidos de ecstasy: "deixa um telefone para eu te ligar ai!! vem logo mano..temos q pagar as contas".
Diante do nervosismo do chefe, o traficante Daniel Izaías tenta acalmá-lo na conversa que foi rastreada pela polícia: "tá maluco, quero descer pra desenrolar isso e pegar mais jaa. as laranjinhas bombaram aqui".
quinta-feira, 28 de julho de 2011
CRACK AJUDA A ELEVAR ESTATÍSTICAS DE HOMICÍDIOS NO BRASIL
Crack ajuda a elevar estatísticas de homicídios no país - O GLOBO, 27/07/2011 às 23h05m; Thiago Herdy (opais@oglobo.com.br)
BELO HORIZONTE - O consumo do crack já provoca uma epidemia de homicídios no país, que vitima principalmente jovens de 15 a 24 anos e é um dos principais fatores do aumento da violência, especialmente no Nordeste. Luiz Flávio Sapori, professor da PUC Minas e um dos principais estudiosos do tema no Brasil, em dois anos de análise conseguiu constatar claramente este fenômeno nos dados de violência em Belo Horizonte, capital mineira.
- A fatia mais considerável da violência nas principais cidades brasileiras está relacionada à introdução do crack. Em especial no Nordeste, onde estão as capitais que tiveram o maior aumento de homicídios - afirma o pesquisador, que classifica o crack como a droga mais danosa da sociedade atual e critica a falta de medidas concretas de atenção ao problema por parte do governo federal.
Em Pernambuco, o crack já se alastrou por todas as cidades do estado . Ao lançar no ano passado o Plano de Ações Sociais Integradas de Enfrentamento ao Crack, o governador Eduardo Campos afirmou que 80% dos homicídios no estado tinham vinculação com o tráfico de drogas e que a grande maioria estava ligada ao crack.
Em Minas, Sapori conseguiu estabelecer esta relação entre o crack e o aumento da violência a partir de uma amostragem aleatória de inquéritos da Polícia Civil. Nos anos anteriores à inserção da droga na capital mineira, no meio da década de 90, o comércio de drogas era responsável por 8% dos crime contra a vida. A partir de 1997, este percentual cresceu consideravelmente, alcançando 19% dos crimes até 2004, e 33% em 2006.
- O Brasil simplesmente não tem uma política de atendimento ao usuário do crack. O SUS não está preparado tecnicamente para atender à especificidade do dependente de uma droga diferente de todas as outras existentes por aqui - diz o especialista.
Especialista defende internação forçada
Entre as medidas urgentes que ele defende estão a produção de conhecimento sobre o assunto e a quebra de tabus, entre eles a resistência à internação forçada - o que começou a ocorrer no Rio -, fundamental em vários casos, na opinião dele:
- As pessoas têm de saber que é uma droga muito sedutora e prazerosa, mas capaz de criar uma dependência química sem relação com outras drogas. O usuário não pode cair na visão ingênua de que vai conseguir fazer uso controlado do crack, pois a chance disso acontecer é quase nula.
Neste mês o tema se transformou em pauta principal do Instituto Minas pela Paz, organização da sociedade civil mantida por empresas ligadas à Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). A ONG buscou o apoio do Conselho Estadual de Políticas Sobre Drogas (Conead-MG) e do Tribunal de Justiça para uma campanha para conscientizar sobre o drama. A mobilização levou um grupo de agências de publicidade a produzir todo o material voluntariamente.
Para especialistas, a timidez do apoio do Estado à política de atendimento aos usuários tem de acabar, e o desafio é encontrar um modelo de apoio. Por lei, o SUS não pode financiar a atividade que não do próprio governo, o que obriga o Ministério da Saúde a buscar maneira eficiente de financiamento. Uma das alternativas oferecidas pelo governo é oferecer ajuda na alimentação de dependentes.
- Não queremos que o governo federal dê comida, queremos que banque vagas - afirma o mineiro Aloísio Andrade, à frente do Colegiado de Presidentes de Conselhos Estaduais de Políticas sobre Drogas.
O colegiado propôs criar uma contribuição social de 1% do rótulo de bebidas e tabaco, carimbada para o financiamento de vagas para atendimento ao dependente químico. Mas não conseguiu o apoio do governo federal. O problema se agrava ainda com o crescente consumo de outras drogas devastadoras, como o oxi, ainda mais barata e letal que o crack.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - na matéria, o Globo colocou para seus leitores a opinarem sobre a seguinte pergunta: Você acha eficiente a política do governo no combate ao crack?
A minha respota é NÃO! Sim, um não maiúsculo para não deixar dúvidas. O problema é que nossos governantes continuam agindo no imediatismo, na superficialidade e com projetos isolados sem se ater para a complexidade do problema, para os instrumentos a serem aplicadas e para a necessária integração, as ligações e a continuidade dos esforços envolvendo os três Poderes de Estado e suas organizações com funções pertinentes às questões das drogas.
O combate às drogas precisa da integração de três componentes: o preventivo, o repressivo e o tratamento. Um não funciona sem os outros e cada um precisa dos outros para funcionar.
o que se vê é uma retórica e elaboração de leis visando um ou dois componentes, quando não enxerga os três, mas deixa de construir a estrutura operacional e administrativa, estabelecer as ligações e distribuir as responsabilidades pela estratégias de prevenção, tratamento das dependências e a repressão com continuidade na justiça e amparado por leis rigorosas.
De nada adiantam as promessas de investimentos de tratamento se estes recursos não forem colocados ao alcance das pessoas dependentes de substâncias químicas e de suas famílias de pessoas a estrutura de Centros Regionais de Saúde especialmente para tratar as dependências, assistir e orientar procedimentos.
De nada adianta investir no tratamento se não investirem na prevenção às drogas e na repressão com a prisão de traficantes e a internação, esta obrigatória para o dependente potencialmente perigoso. Com leis brandas e justiça fraca, as polícias se tornam inoperantes, a prevenção é inútil e o tratamento fica desmoralizado.
quarta-feira, 27 de julho de 2011
VERMÍFUGO
Vermífugo indicado para animais é misturado na cocaína como aditivo.
WANDERLEY SOARES, REDE PAMPA, O SUL, 27 de Julho de 2011.
Peritos do IGP (Instituto-Geral de Perícias) constataram a presença de vermífugo em amostras de cocaína. Foi encontrada na droga a substância Levamisol, utilizada como medicamento antiparasitário. Embora a identificação dessa substância tenha sido realizada em janeiro deste ano, desde 2009, os peritos observavam, com regularidade, a presença de adulterante incomum na droga.
O Levamisol é um fármaco imunoestimulante e anti-helmíntico (que age contra a ocorrência de vermes). Nos EUA, o Levamisol foi empregado para o tratamento de câncer de cólon e artrite reumatoide, mas foi retirado do mercado devido aos seus efeitos adversos, entre os quais a agranulocitose, que é a diminuição dos glóbulos brancos.
Os peritos acreditam que o Levamisol esteja sendo utilizado como aditivo, devido ao fato de o produto gerado na sua biotransformação, o Aminorex, apresenta propriedades similares às da anfetamina, ter a possibilidade de potencializar os efeitos estimulantes cocaína.
Enfim, como leigo, digo que, para aqueles que abreviam a vida usando drogas, o Levamisol também é bom.
Tráfico
Um homem foi preso por tráfico de drogas durante a madrugada de ontem em Canoas. Conforme a Brigada Militar, José Adair da Rosa, que já tinha antecedentes criminais por tráfico, portava 33 pedras de crack, dez petecas de cocaína e uma porção de maconha.
WANDERLEY SOARES, REDE PAMPA, O SUL, 27 de Julho de 2011.
Peritos do IGP (Instituto-Geral de Perícias) constataram a presença de vermífugo em amostras de cocaína. Foi encontrada na droga a substância Levamisol, utilizada como medicamento antiparasitário. Embora a identificação dessa substância tenha sido realizada em janeiro deste ano, desde 2009, os peritos observavam, com regularidade, a presença de adulterante incomum na droga.
O Levamisol é um fármaco imunoestimulante e anti-helmíntico (que age contra a ocorrência de vermes). Nos EUA, o Levamisol foi empregado para o tratamento de câncer de cólon e artrite reumatoide, mas foi retirado do mercado devido aos seus efeitos adversos, entre os quais a agranulocitose, que é a diminuição dos glóbulos brancos.
Os peritos acreditam que o Levamisol esteja sendo utilizado como aditivo, devido ao fato de o produto gerado na sua biotransformação, o Aminorex, apresenta propriedades similares às da anfetamina, ter a possibilidade de potencializar os efeitos estimulantes cocaína.
Enfim, como leigo, digo que, para aqueles que abreviam a vida usando drogas, o Levamisol também é bom.
Tráfico
Um homem foi preso por tráfico de drogas durante a madrugada de ontem em Canoas. Conforme a Brigada Militar, José Adair da Rosa, que já tinha antecedentes criminais por tráfico, portava 33 pedras de crack, dez petecas de cocaína e uma porção de maconha.
terça-feira, 26 de julho de 2011
TRATAMENTO: OAB REAGE CONTRA INTERNAÇÃO OBRIGATÓRIA DE MENORES
Caminho polêmico. Internação obrigatória de menores viciados em crack provoca reações na OAB e em conselhos de enfermagem e assistência social - 25/07/2011 às 23h38m - Sérgio Ramalho.
RIO - Por trás da fumaça do crack, uma polêmica incendeia o debate em torno da internação compulsória de crianças e adolescentes dependentes da droga. De um lado, representantes de entidades de direitos humanos e dos conselhos regionais de enfermagem, assistência social e psicologia criticam a medida, classificada como "inconstitucional e de faxina da cidade". No outro extremo está o secretário municipal de Assistência Social, Rodrigo Bethlem, que taxa de demagogos os críticos da medida. A internação obrigatória, definida em comum acordo com o Ministério Público estadual e a Vara de Infância e Juventude, já levou 82 jovens dependentes para unidades de tratamento desde maio.
Para a presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Margarida Pressburger, a portaria que instituiu o abrigo compulsório de jovens dependentes é inconstitucional. Mas sobretudo, na opinião dela, não garante tratamento adequado às crianças e aos adolescentes recolhidos nas ações conjuntas da prefeitura, com apoio das polícias Civil e Militar e da Guarda Municipal.
Margarida ressalta que, durante visita a um desses abrigos, o Casa Viva, em Laranjeiras, na última quinta-feira, descobriu que o espaço não conta com sala de aula ou área de lazer para os abrigados.
- Temos recebido ainda relatos sobre agressões sofridas por esses jovens dentro dos abrigos - afirma a presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB.
Ela afirma ter sido informada que os jovens passam boa parte do tempo medicados, com remédios de tarja preta e sem acompanhamento adequado.
- A visita foi agendada para receber a ministra dos Direitos Humanos e presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, Maria do Rosário. Na ocasião, a equipe de acompanhamento médico e psiquiátrico estava presente, mas um dos profissionais admitiu que foi contratado por uma ONG, que não soube dizer o nome, para fazer dois plantões semanais na Casa Viva - disse Margarida.
Estatuto é citado pelos dois lados
Margarida ressaltou que tanto a ministra Maria do Rosário quanto a secretária Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, Carmem de Oliveira, são contrárias à medida que instituiu a internação compulsória. Em nota, a secretária Carmem Oliveira afirmou que a iniciativa fere o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Na tarde de segunda-feira, durante evento onde foi lançado na sede da OAB o manifesto "Recolher não é acolher", contra a internação compulsória, representantes de conselhos regionais apontaram outras irregularidades. A fiscal do Conselho Regional de Enfermagem, Kátia Calegaro, disse que, durante vistoria nos abrigos SerCriança e Bezerra de Menezes, em Pedra de Guaratiba, na Zona Oeste, não foram encontrados kits de reanimação e nenhum enfermeiro se responsabilizava pelo acompanhamento dos jovens.
- A existência desses kits é muito importante em casos de emergência, que podem acontecer devido a possíveis reações dos dependentes ao tratamento de desintoxicação. Nessas situações, por exemplo, o paciente pode apresentar uma parada cardiorrespiratória e, por isso, o abrigo tem que estar equipado com aparelhos para reanimar o paciente - justifica Karla.
A fiscal do Conselho Regional de Enfermagem relatou ainda casos de jovens dependentes que estariam recebendo medicamentos e seria necessário o acompanhamento médico e psiquiátrico por 24 horas.
O presidente do Conselho Regional de Assistência e Serviço Social, Charles Toniolo também criticou os métodos adotados a partir do protocolo que permite a internação compulsória de crianças e adolescentes dependentes em crack:
- Sabemos que esse é um problema sério. Mas não será com o confinamento de jovens em instituições inadequadas que a situação será solucionada - acredita.
O secretário Rodrigo Bethlem defende a iniciativa e ressalta que apenas crianças e adolescentes com histórico de uso compulsivo de crack - após análise de médicos e psiquiatras - são levados aos abrigos. Bethlem não esconde a irritação:
- São uns demagogos, que defendem o direito de ir e vir de crianças e adolescentes, que vivem abandonadas nas cracolândia. Ninguém faz nada por esses jovens enquanto estão jogados nas ruas. Estamos apenas cumprindo o dever de proteger esses jovens, como determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) - afirma.
Bethlem acrescenta que desde de maio, quando foi instituído o novo Protocolo de Abordagem Social, que determina o abrigamento compulsório de jovens com alto grau de dependência química, apenas 82 das 245 crianças e adolescentes recolhidos foram levados aos quatro abrigos conveniados pela Secretaria municipal de Assistência Social. O número, segundo ele, derruba a tese de "faxina" ou "higienização" descrita pelos críticos.
O secretário ressalta que todo o trabalho vem sendo acompanhado por promotores e pela Vara de Infância e Juventude para evitar irregularidades e abusos contra os jovens levados a tratamento:
- Estamos lidando com um problema muito grave. Essas crianças e adolescentes chegam aos abrigos com uma série de problemas, além da própria dependência em crack. Entre os abrigados, por exemplo, há uma menina de 12 anos, que é soropositiva. Antes de ser recolhida, ela vivia pelas ruas. E, pelo que me consta, não recebia ajuda de ninguém. Agora, ela está sendo submetida a tratamento médico. Quem critica essa iniciativa não conhece uma pessoa com dependência em crack - diz ele.
Segundo Bethlem, atualmente a secretaria oferece 145 vagas, sendo 120 nos três Centros Especializados em Atendimento à Dependência Química, em Pedra de Guaratiba; e 25 na Casa Viva, em Laranjeiras.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Sempre respeitei as opiniões e posições da OAB, mas neste caos ela está equivocada.
É sabido que o Estado age com descaso nas questões da dependências, tanto nas ilícitas como nas lícitas. O Estado não aplica políticas de tratamento, não investe em centros de recuperação, não orienta, não previne e não presta assistência aos dependentes e suas famílias. Resta assim, a ação coativa da justiça para exigir do Estado a internação compulsória de crianças e adolescentes dependentes da droga em centros de saúde pública e prestação de serviços de orientação social e assistência aos familiares.
Agora, a OAB e as "entidades de direitos humanos e dos conselhos regionais de enfermagem, assistência social e psicologia" estão corretas em criticar ações descoordenadas e extremadas de um estado despreparado e demagogo tenta fazer sem que estrutura, condições e agentes preparados sejam oportunizados.
RIO - Por trás da fumaça do crack, uma polêmica incendeia o debate em torno da internação compulsória de crianças e adolescentes dependentes da droga. De um lado, representantes de entidades de direitos humanos e dos conselhos regionais de enfermagem, assistência social e psicologia criticam a medida, classificada como "inconstitucional e de faxina da cidade". No outro extremo está o secretário municipal de Assistência Social, Rodrigo Bethlem, que taxa de demagogos os críticos da medida. A internação obrigatória, definida em comum acordo com o Ministério Público estadual e a Vara de Infância e Juventude, já levou 82 jovens dependentes para unidades de tratamento desde maio.
Para a presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Margarida Pressburger, a portaria que instituiu o abrigo compulsório de jovens dependentes é inconstitucional. Mas sobretudo, na opinião dela, não garante tratamento adequado às crianças e aos adolescentes recolhidos nas ações conjuntas da prefeitura, com apoio das polícias Civil e Militar e da Guarda Municipal.
Margarida ressalta que, durante visita a um desses abrigos, o Casa Viva, em Laranjeiras, na última quinta-feira, descobriu que o espaço não conta com sala de aula ou área de lazer para os abrigados.
- Temos recebido ainda relatos sobre agressões sofridas por esses jovens dentro dos abrigos - afirma a presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB.
Ela afirma ter sido informada que os jovens passam boa parte do tempo medicados, com remédios de tarja preta e sem acompanhamento adequado.
- A visita foi agendada para receber a ministra dos Direitos Humanos e presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, Maria do Rosário. Na ocasião, a equipe de acompanhamento médico e psiquiátrico estava presente, mas um dos profissionais admitiu que foi contratado por uma ONG, que não soube dizer o nome, para fazer dois plantões semanais na Casa Viva - disse Margarida.
Estatuto é citado pelos dois lados
Margarida ressaltou que tanto a ministra Maria do Rosário quanto a secretária Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, Carmem de Oliveira, são contrárias à medida que instituiu a internação compulsória. Em nota, a secretária Carmem Oliveira afirmou que a iniciativa fere o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Na tarde de segunda-feira, durante evento onde foi lançado na sede da OAB o manifesto "Recolher não é acolher", contra a internação compulsória, representantes de conselhos regionais apontaram outras irregularidades. A fiscal do Conselho Regional de Enfermagem, Kátia Calegaro, disse que, durante vistoria nos abrigos SerCriança e Bezerra de Menezes, em Pedra de Guaratiba, na Zona Oeste, não foram encontrados kits de reanimação e nenhum enfermeiro se responsabilizava pelo acompanhamento dos jovens.
- A existência desses kits é muito importante em casos de emergência, que podem acontecer devido a possíveis reações dos dependentes ao tratamento de desintoxicação. Nessas situações, por exemplo, o paciente pode apresentar uma parada cardiorrespiratória e, por isso, o abrigo tem que estar equipado com aparelhos para reanimar o paciente - justifica Karla.
A fiscal do Conselho Regional de Enfermagem relatou ainda casos de jovens dependentes que estariam recebendo medicamentos e seria necessário o acompanhamento médico e psiquiátrico por 24 horas.
O presidente do Conselho Regional de Assistência e Serviço Social, Charles Toniolo também criticou os métodos adotados a partir do protocolo que permite a internação compulsória de crianças e adolescentes dependentes em crack:
- Sabemos que esse é um problema sério. Mas não será com o confinamento de jovens em instituições inadequadas que a situação será solucionada - acredita.
O secretário Rodrigo Bethlem defende a iniciativa e ressalta que apenas crianças e adolescentes com histórico de uso compulsivo de crack - após análise de médicos e psiquiatras - são levados aos abrigos. Bethlem não esconde a irritação:
- São uns demagogos, que defendem o direito de ir e vir de crianças e adolescentes, que vivem abandonadas nas cracolândia. Ninguém faz nada por esses jovens enquanto estão jogados nas ruas. Estamos apenas cumprindo o dever de proteger esses jovens, como determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) - afirma.
Bethlem acrescenta que desde de maio, quando foi instituído o novo Protocolo de Abordagem Social, que determina o abrigamento compulsório de jovens com alto grau de dependência química, apenas 82 das 245 crianças e adolescentes recolhidos foram levados aos quatro abrigos conveniados pela Secretaria municipal de Assistência Social. O número, segundo ele, derruba a tese de "faxina" ou "higienização" descrita pelos críticos.
O secretário ressalta que todo o trabalho vem sendo acompanhado por promotores e pela Vara de Infância e Juventude para evitar irregularidades e abusos contra os jovens levados a tratamento:
- Estamos lidando com um problema muito grave. Essas crianças e adolescentes chegam aos abrigos com uma série de problemas, além da própria dependência em crack. Entre os abrigados, por exemplo, há uma menina de 12 anos, que é soropositiva. Antes de ser recolhida, ela vivia pelas ruas. E, pelo que me consta, não recebia ajuda de ninguém. Agora, ela está sendo submetida a tratamento médico. Quem critica essa iniciativa não conhece uma pessoa com dependência em crack - diz ele.
Segundo Bethlem, atualmente a secretaria oferece 145 vagas, sendo 120 nos três Centros Especializados em Atendimento à Dependência Química, em Pedra de Guaratiba; e 25 na Casa Viva, em Laranjeiras.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Sempre respeitei as opiniões e posições da OAB, mas neste caos ela está equivocada.
É sabido que o Estado age com descaso nas questões da dependências, tanto nas ilícitas como nas lícitas. O Estado não aplica políticas de tratamento, não investe em centros de recuperação, não orienta, não previne e não presta assistência aos dependentes e suas famílias. Resta assim, a ação coativa da justiça para exigir do Estado a internação compulsória de crianças e adolescentes dependentes da droga em centros de saúde pública e prestação de serviços de orientação social e assistência aos familiares.
Agora, a OAB e as "entidades de direitos humanos e dos conselhos regionais de enfermagem, assistência social e psicologia" estão corretas em criticar ações descoordenadas e extremadas de um estado despreparado e demagogo tenta fazer sem que estrutura, condições e agentes preparados sejam oportunizados.
OVERDOSE DE MEDOS OU VISÃO REALISTA?
Susana Espíndola,jornalista, Zero Hora 26/07/2011
Sabe aquelas recomendações que pais e mães repetem à exaustão todos os dias e em especial todos os finais de semana? “Meu filho, te cuida, presta atenção nas companhias, te afasta do álcool, usa camisinha, as drogas são um caminho escuro e irreversível em direção ao nada”. São cuidados emitidos pela voz da precaução e recebidos pelos ouvidos do descrédito. Tiram o sono dos progenitores e detonam a paciência dos adolescentes. A morte de Amy Winehouse no último sábado – não por acaso um sábado – mostrou que o “não dá nada” é, lamentavelmente, uma presunção equivocada. Comprovou que o organismo humano é uma máquina frágil que exige cuidado permanente.
Foram os excessos de anos e anos que mutilaram o corpo frágil da cantora inglesa e levaram à sua morte aos 27 anos, idade em que as pessoas gozam, normalmente, de perfeita saúde e funcionamento pleno de todos os seus órgãos e sistemas. Até o mais cético dos jovens precisa render-se à evidência de que consequências existem, são graves. Aliás, fatais. A prepotência típica da faixa etária leva à crença de que sempre há um retorno possível, basta querer e a gente faz retroceder os malefícios, ideia comprometida quando se revê as fotos dramáticas desta jovem martirizada diante de microfones, holofotes, multidões e câmeras e televisão. Foi uma morte anunciada, mas ainda assim não deixa de chocar.
Álcool demais, drogas de todos os tipos, noites sem sono e dias de sono agitado, vestidos curtos demais, decotados demais, justos demais, companhias que magneticamente conduziam às profundezas do vício, toda esta desastrosa combinação acabou por desviar a atenção do inegável talento e por matar uma das mais belas vozes de algo que poderíamos classificar como um jazz do novo milênio. Não é o primeiro caso desta natureza e lamentavelmente não será o último. Nos anos 50, James Dean desafiou a velocidade e morreu aos 24 anos. Nos anos 70 e 80 tivemos os exemplos trágicos de Janis Joplin, Kurt Cobain e Jimi Hendrix. Mais recentemente, a morte de Michael Jackson evidenciou que a busca de outro corpo, do sucesso e de uma paz utópica cobram o seu preço.
Para os pais e fãs de Amy Winehouse, fica a lembrança de sua carreira. Para os jovens fica o ensinamento, tomara que redentor, de que uma vida desregrada é um caminho perigoso e muito possivelmente sem volta, não uma preocupação absurda de pais e mães superprotetoras.
A mensagem é que, pelo menos, sirva como um alerta: o perigo que se associa a este mundo marginal não é assombração, é concreto e precisa ser evitado. “Não dá nada?” Infelizmente, a verdade é que dá, sim. Talvez a própria morte.
quarta-feira, 20 de julho de 2011
OPERAÇÃO CONJUNTA DESMANTELA DUAS QUADRILHAS DE TRÁFICO
Desmanteladas duas maiores quadrilhas de tráfico de Montenegro. Líderes foram presos em operação conjunta da BM e da Polícia Civil - CORREIO DO POVO, 20/07/2011 10:19
A operação Alley desmantelou as duas maiores quadrilhas de Motenegro, no Vale do Caí, nesta quarta-feira. Já foram presas 16 pessoas durante a ação que envolveu 45 policiais civis e mais de 40 militares. Entre os detidos, estão os dois líderes dos grupos, conhecidos como DJ e Garça, além de mulheres e um adolescente.
Segundo o coordenador da operação, delegado Marcelo Pereira, a investigação iniciou há três meses na Vila Beco, onde ocorriam diversos crimes. Ele disse que as duas quadrilhas eram originárias de uma só e que acabaram dividindo todo o tráfico na cidade. No entanto, os grupos seguiam colaborando um com o outro.
O líder de uma das facções, DJ, tem esse apelido, porque animava festas em casas noturnas, onde também vendida drogas. Na casa dele, foram apreendidos diversos CDs falsificados. Pereira lembrou que o homem já havia sido preso no ano passado por pirataria.
O delegado acrescentou que ambas quadrilhas recrutavam adolescentes para trabalhar no tráfico. Moradores de toda a região do Vale do Caí, incluindo Brochier e São Sebastião do Caí, se deslocavam para Montenegro para comprar crack e maconha. A droga era trazida do Vale do Sinos, conforme Pereira.
Foram cumpridos e apreensão e 17 de prisão e 20 de busca e apreensão. Os agentes apreenderam cerca de R$ 1 mil, crack, uma moto Honda, um Gol, computadores, agendas com a movimentação dos clientes, além de CDs pirata.
A operação ganhou o nome de Alley, que significa beco em inglês, porque as investigações iniciaram em um beco.
A operação Alley desmantelou as duas maiores quadrilhas de Motenegro, no Vale do Caí, nesta quarta-feira. Já foram presas 16 pessoas durante a ação que envolveu 45 policiais civis e mais de 40 militares. Entre os detidos, estão os dois líderes dos grupos, conhecidos como DJ e Garça, além de mulheres e um adolescente.
Segundo o coordenador da operação, delegado Marcelo Pereira, a investigação iniciou há três meses na Vila Beco, onde ocorriam diversos crimes. Ele disse que as duas quadrilhas eram originárias de uma só e que acabaram dividindo todo o tráfico na cidade. No entanto, os grupos seguiam colaborando um com o outro.
O líder de uma das facções, DJ, tem esse apelido, porque animava festas em casas noturnas, onde também vendida drogas. Na casa dele, foram apreendidos diversos CDs falsificados. Pereira lembrou que o homem já havia sido preso no ano passado por pirataria.
O delegado acrescentou que ambas quadrilhas recrutavam adolescentes para trabalhar no tráfico. Moradores de toda a região do Vale do Caí, incluindo Brochier e São Sebastião do Caí, se deslocavam para Montenegro para comprar crack e maconha. A droga era trazida do Vale do Sinos, conforme Pereira.
Foram cumpridos e apreensão e 17 de prisão e 20 de busca e apreensão. Os agentes apreenderam cerca de R$ 1 mil, crack, uma moto Honda, um Gol, computadores, agendas com a movimentação dos clientes, além de CDs pirata.
A operação ganhou o nome de Alley, que significa beco em inglês, porque as investigações iniciaram em um beco.
TRAFICANTE NOVATO E OUSADO PODE ESTAR AGINDO EM PORTO ALEGRE
Apreensão indicaria ingresso de novato - NILSON MARIANO, zero hora 20/07/2011
Polícia acredita que traficante se estabeleceria na Capital com 395 quilos de maconha
Um novo traficante de drogas, considerado ousado e com ramificações na zona produtora de maconha do Paraguai, pode estar agindo em Porto Alegre. O alerta soou na madrugada de ontem, quando 18 agentes do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) apreenderam, na zona sul da Capital, 395 quilos de maconha em uma casa abandonada.
Odiretor do Denarc, delegado Heliomar Franco, destaca que a apreensão surpreende por motivos além da quantidade. Grandes volumes de maconha já foram interceptados em rodovias ou na área rural, em sítios, mas não dentro da cidade. Via de regra, os tóxicos são partilhados antes de entrar na Capital, na estratégia dos traficantes de despistar a polícia e diminuir os prejuízos em caso de apreensão.
– É alguém novo, um brasileiro, que foi ousado ao estocar grande quantidade – avalia Franco.
A apreensão dos 395 quilos ocorreu às 5h da madrugada, na Avenida Juca Batista, dentro da Operação Guarani – o nome é referência a traficantes paraguaios que falam a língua indígena quando acertam negócios com os comparsas brasileiros. Quando as viaturas do Denarc chegaram à residência, ninguém escoltava a droga.
O delegado da 1ª Delegacia de Investigações do Narcotráfico (DIN) do Denarc, Mario Souza, diz que as investigações eram feitas desde março. Nos últimos dois dias, os policiais vigiavam a casa onde estava armazenada a maconha, mas não viram os traficantes. Eles podem ter desconfiado da presença policial e se escondido. Para garantir a prova do crime, o Denarc resolveu apreender o entorpecente.
– Não há perda nas investigações, porque conseguimos a materialidade do crime – diz Franco.
Jato de tinta em pacotes pode indicar procedência
A apreensão foi a primeira etapa. A segunda será ir atrás dos traficantes. Franco assegura que existem pistas, trata-se de uma quadrilha que atua há pelo menos uma década na Capital. Alguns têm antecedentes na Justiça. Nos últimos meses, teve o reforço do novo traficante.
– Tem gente nova. Vamos atrás dos suspeitos, são indivíduos astuciosos – aposta o delegado.
Avaliada em cerca de R$ 500 mil, a carga de maconha veio do Paraguai, desceu por Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina até entrar em Porto Alegre. Franco não sabe exatamente a rota rodoviária, mas acredita que veio em um só veículo. Embalada em diferentes tamanhos, tinha jatos de tinta azul e preta nos pacotes, o que pode indicar a procedência ou o destinatário. A suposição é de que seria distribuída exclusivamente na Zona Sul.
segunda-feira, 18 de julho de 2011
DEPENDÊNCIA - JOVEM TROCA MOTO POR R$ 200 EM CRACK
Jovem troca moto de R$ 5.900 por R$ 200 em crack, em Passo Fundo. Veículo foi encontrado na casa de um traficante, que conseguiu fugir - Acácio Silva / Correio do Povo, 18/07/2011
Um jovem viciado em drogas trocou uma moto Honda Fan ano 2011, avaliada em R$ 5.900,00, por R$ 200 em pedras de crack, em Passo Fundo. Ele estava desaparecido havia dois dias e chegou em casa na manhã desta segunda-feira, sem a motocicleta.
A família já tinha registrado o desaparecimento do jovem e a moto foi recuperada no final da manhã por agentes da 1ª Delegacia de Polícia Civil de Passo Fundo. Ele admitiu que havia vendido o veículo para um traficante da avenida Rio Grande, no bairro Valinho, na periferia da cidade. O jovem revelou também que havia passado dois dias na casa dele fumando crack.
O veículo foi encontrado na casa do traficante, mas ele conseguiu fugir, com drogas e uma arma, segundo informações de dois adolescentes que estavam no local. Na residência, os policiais encontraram a moto e o documento de transferência que o jovem havia assinado para o comprador, além de outros objetos como notebook, pequena quantia de cocaína e dinheiro. A delegada Daniela de Oliveira Mineto pediu a prisão preventiva do traficante.
Um jovem viciado em drogas trocou uma moto Honda Fan ano 2011, avaliada em R$ 5.900,00, por R$ 200 em pedras de crack, em Passo Fundo. Ele estava desaparecido havia dois dias e chegou em casa na manhã desta segunda-feira, sem a motocicleta.
A família já tinha registrado o desaparecimento do jovem e a moto foi recuperada no final da manhã por agentes da 1ª Delegacia de Polícia Civil de Passo Fundo. Ele admitiu que havia vendido o veículo para um traficante da avenida Rio Grande, no bairro Valinho, na periferia da cidade. O jovem revelou também que havia passado dois dias na casa dele fumando crack.
O veículo foi encontrado na casa do traficante, mas ele conseguiu fugir, com drogas e uma arma, segundo informações de dois adolescentes que estavam no local. Na residência, os policiais encontraram a moto e o documento de transferência que o jovem havia assinado para o comprador, além de outros objetos como notebook, pequena quantia de cocaína e dinheiro. A delegada Daniela de Oliveira Mineto pediu a prisão preventiva do traficante.
sábado, 16 de julho de 2011
A MAIOR APREENSÃO DE DROGAS NA HISTÓRIA DE SÃO LUIZ GONZAGA NO RS
Polícia faz maior apreensão de drogas na história de São Luiz Gonzaga. Foram apreendidos 300 gramas de crack e 100 gramas de cocaína - ZERO HORA E RÁDIO GAÚCHA, 16/07/2011
Duas pessoas foram presas em flagrante na noite desta sexta-feira em São Luiz Gonzaga, nas Missões, após a apreensão de cerca de meio quilo de drogas — a maior da história da cidade, segundo a polícia.
Foram apreendidos 300 gramas de crack, o que renderia cerca de cinco mil pedras da droga, e 100 gramas de cocaína, que poderia ser dividida em até 300 "buchas". De acordo com a polícia, a droga apreendida renderia à associação criminosa aproximadamente R$ 25.000,00.
Conforme o delegado Rodrigo Montenegro Velho, uma mulher, de 33 anos, estaria levando a droga de Porto Alegre para revender na região. Abordada por policiais na estação rodoviária, em um ônibus que partiu de Cerro Largo, ela foi presa em flagrante.
O companheiro dela, que aguardava a chegada da droga em um taxi, também foi preso. Ele possui antecedentes por tráfico de drogas. O filho do casal havia sido preso em maio deste ano por tráfico de drogas.
Os dois foram encaminhados para presídio estadual de São Luiz Gonzaga.
Duas pessoas foram presas em flagrante na noite desta sexta-feira em São Luiz Gonzaga, nas Missões, após a apreensão de cerca de meio quilo de drogas — a maior da história da cidade, segundo a polícia.
Foram apreendidos 300 gramas de crack, o que renderia cerca de cinco mil pedras da droga, e 100 gramas de cocaína, que poderia ser dividida em até 300 "buchas". De acordo com a polícia, a droga apreendida renderia à associação criminosa aproximadamente R$ 25.000,00.
Conforme o delegado Rodrigo Montenegro Velho, uma mulher, de 33 anos, estaria levando a droga de Porto Alegre para revender na região. Abordada por policiais na estação rodoviária, em um ônibus que partiu de Cerro Largo, ela foi presa em flagrante.
O companheiro dela, que aguardava a chegada da droga em um taxi, também foi preso. Ele possui antecedentes por tráfico de drogas. O filho do casal havia sido preso em maio deste ano por tráfico de drogas.
Os dois foram encaminhados para presídio estadual de São Luiz Gonzaga.
quinta-feira, 14 de julho de 2011
PROERD - PROGRAMA AFASTA ALUNOS DAS DROGAS
Programa afasta alunos de drogas. Iniciativa da Brigada Militar beneficiou mais de 2,5 mil alunos de 40 escolas públicas da Capital - ZERO HORA 14/07/2011
Mais de 2,5 mil alunos de mais de 40 escolas públicas da Capital participaram ontem da solenidade de formatura do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), do Comando de Policiamento da Capital, realizado na Escola de Educação Física da Brigada Militar.
As crianças e convidados assistiram às apresentações da Banda Marcial da Escola Estadual Visconde do Rio Branco, da Banda da Brigada Militar e de cães do Canil Adestrado da Brigada. Também foram entregues medalhas a professores representantes de escolas envolvidas no programa. Os estudantes ganharam lanche, cantaram e brincaram com bonecos da Brigada.
A secretária municipal de Educação, Cleci Jurach, agradeceu em nome de todas as escolas da rede municipal à Brigada Militar pelo trabalho desenvolvido no combate às drogas.
Iniciativa da Polícia Militar, o programa tem como base a educação de crianças e adultos em relação à resistência às drogas e à violência. É voltado a crianças e jovens dos ensinos Fundamental e Médio. Os pais também recebem orientações em reuniões e palestras.
Mais de 2,5 mil alunos de mais de 40 escolas públicas da Capital participaram ontem da solenidade de formatura do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), do Comando de Policiamento da Capital, realizado na Escola de Educação Física da Brigada Militar.
As crianças e convidados assistiram às apresentações da Banda Marcial da Escola Estadual Visconde do Rio Branco, da Banda da Brigada Militar e de cães do Canil Adestrado da Brigada. Também foram entregues medalhas a professores representantes de escolas envolvidas no programa. Os estudantes ganharam lanche, cantaram e brincaram com bonecos da Brigada.
A secretária municipal de Educação, Cleci Jurach, agradeceu em nome de todas as escolas da rede municipal à Brigada Militar pelo trabalho desenvolvido no combate às drogas.
Iniciativa da Polícia Militar, o programa tem como base a educação de crianças e adultos em relação à resistência às drogas e à violência. É voltado a crianças e jovens dos ensinos Fundamental e Médio. Os pais também recebem orientações em reuniões e palestras.
segunda-feira, 11 de julho de 2011
ATENDIMENTO AO USUÁRIO - DISTRITO FEDERAL SOFRE SEM VERBAS PARA PROGRAMAS
DF sofre sem verbas para programas de atendimento aos usuários de drogas - Julia Borba e Mariana Laboissière - correio braziliense, 11/07/2011 07:35
O Distrito Federal ocupa uma posição vergonhosa perante as demais unidades da Federação no que diz respeito à cobertura de atenção à saúde mental e atendimento a dependentes químicos, como os usuários de crack. Dos mais de R$ 4 milhões previstos na execução orçamentaria deste ano exclusivamente no combate às drogas, nenhum real foi empregado para os programas de atendimento aos usuários de entorpecentes. Além disso, dados do Ministério da Saúde mostram que entre as 27 regiões do Brasil, a capital federal ocupa a última colocação em número de Centros de Atenção Psicossocial (Caps) a cada 100 mil habitantes (veja quadro).
O estado de Alagoas lidera o ranking do Ministério da Saúde, com o melhor atendimento especializados disponível à população. O secretário de saúde do DF, Rafael de Aguiar Barbosa, assume que a situação aqui é a pior do país. Ele promete uma rede de apoio consistente até dezembro. Ao longo dos primeiros meses de gestão, no entanto, apenas um Caps e um consultório de rua foram implementados pelo governo. “O plano diretor de saúde mental foi aprovado há cerca de um mês. Ele contempla todas essas situações”, afirma. “Precisamos ter em torno de 40 unidades de apoio psicossocial e nós temos 12. Para internação, serão 66 leitos que atenderão os usuários de drogas na fase aguda”, prevê.
Em descompasso com os projetos que o governo do Distrito Federal pretende executar, R$ 3,3 milhões foram bloqueados ou contingenciados, de acordo com as informações do Portal da Transparência do GDF, atualizadas em abril. Do restante disponível, R$ 733 mil, nada foi utilizado para tirar do papel projetos como a criação de oficinas culturais e de prevenção às drogas, centros para recuperação de dependentes químicos e manutenção do programa educacional de prevenção a entorpecentes e à violência.
Apesar de a carência que o DF enfrenta ser uma realidade histórica, o Executivo tem meta ousada: colocar Brasília como modelo de tratamento no país. A Secretaria de Saúde também defende que está alinhada com o projeto do governo federal no combate às drogas. Porém, até o momento, nenhum recurso vindo da União teria chegado aos cofres do GDF. Antes da verba ficar disponível será preciso implantar parte da infraestrutura prevista.
Pacientes que sofrem de problemas como psicoses, neuroses graves e transtornos diversos têm poucas possibilidades no Plano Piloto. Além dos hospitais da rede pública, há apenas um centro de atenção à saúde mental. O problema é a instituição ser particular, o que descarta a possibilidade de tratamento para quem não tem recursos suficientes. Mesmo assim, a demanda supera 800 atendimentos por dia. Diante desse panorama, profissionais da área, parentes de doentes e membros da sociedade civil se uniram em torno de uma causa: incluir áreas para funcionamento de Caps no Plano Diretor de Ordenamento Territorial do DF (Pdot).
Estrutura esvaziada - Unidades de atendimento para cada 100 mil habitantes - Ministério da Saúde
» 1º - Alagoas 0,88
» 2º - Santa Catarina 0,87
» 3º - Rio Grande do Norte 0,83
» 25º - Acre 0,26
» 26º - Amazonas 0,23
» 27º - Distrito Federal 0,21
R$ 4 milhões - Total previsto para o combate às drogas em 2011. Nenhum real foi empregado até abril
O Distrito Federal ocupa uma posição vergonhosa perante as demais unidades da Federação no que diz respeito à cobertura de atenção à saúde mental e atendimento a dependentes químicos, como os usuários de crack. Dos mais de R$ 4 milhões previstos na execução orçamentaria deste ano exclusivamente no combate às drogas, nenhum real foi empregado para os programas de atendimento aos usuários de entorpecentes. Além disso, dados do Ministério da Saúde mostram que entre as 27 regiões do Brasil, a capital federal ocupa a última colocação em número de Centros de Atenção Psicossocial (Caps) a cada 100 mil habitantes (veja quadro).
O estado de Alagoas lidera o ranking do Ministério da Saúde, com o melhor atendimento especializados disponível à população. O secretário de saúde do DF, Rafael de Aguiar Barbosa, assume que a situação aqui é a pior do país. Ele promete uma rede de apoio consistente até dezembro. Ao longo dos primeiros meses de gestão, no entanto, apenas um Caps e um consultório de rua foram implementados pelo governo. “O plano diretor de saúde mental foi aprovado há cerca de um mês. Ele contempla todas essas situações”, afirma. “Precisamos ter em torno de 40 unidades de apoio psicossocial e nós temos 12. Para internação, serão 66 leitos que atenderão os usuários de drogas na fase aguda”, prevê.
Em descompasso com os projetos que o governo do Distrito Federal pretende executar, R$ 3,3 milhões foram bloqueados ou contingenciados, de acordo com as informações do Portal da Transparência do GDF, atualizadas em abril. Do restante disponível, R$ 733 mil, nada foi utilizado para tirar do papel projetos como a criação de oficinas culturais e de prevenção às drogas, centros para recuperação de dependentes químicos e manutenção do programa educacional de prevenção a entorpecentes e à violência.
Apesar de a carência que o DF enfrenta ser uma realidade histórica, o Executivo tem meta ousada: colocar Brasília como modelo de tratamento no país. A Secretaria de Saúde também defende que está alinhada com o projeto do governo federal no combate às drogas. Porém, até o momento, nenhum recurso vindo da União teria chegado aos cofres do GDF. Antes da verba ficar disponível será preciso implantar parte da infraestrutura prevista.
Pacientes que sofrem de problemas como psicoses, neuroses graves e transtornos diversos têm poucas possibilidades no Plano Piloto. Além dos hospitais da rede pública, há apenas um centro de atenção à saúde mental. O problema é a instituição ser particular, o que descarta a possibilidade de tratamento para quem não tem recursos suficientes. Mesmo assim, a demanda supera 800 atendimentos por dia. Diante desse panorama, profissionais da área, parentes de doentes e membros da sociedade civil se uniram em torno de uma causa: incluir áreas para funcionamento de Caps no Plano Diretor de Ordenamento Territorial do DF (Pdot).
Estrutura esvaziada - Unidades de atendimento para cada 100 mil habitantes - Ministério da Saúde
» 1º - Alagoas 0,88
» 2º - Santa Catarina 0,87
» 3º - Rio Grande do Norte 0,83
» 25º - Acre 0,26
» 26º - Amazonas 0,23
» 27º - Distrito Federal 0,21
R$ 4 milhões - Total previsto para o combate às drogas em 2011. Nenhum real foi empregado até abril
COMBATE ÀS DROGAS - APENAS 20% APLICADOS DOS R$ 410 MIL PREVISTOS
Governo aplicou apenas 20% dos R$ 410 mi previstos para o combate às drogas. Maria Clara Prates. Colaborou Débora Álvares. CORREIO BRAZILIENSE, 11/07/2011 10:09
Eles já chegam à impressionante marca de 900 mil no país, formando um exército de dependentes químicos da cocaína e crack que não para de crescer, de acordo com levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU). Desde junho do ano passado, o governo reservou quase meio bilhão de reais para alterar a realidade, mas até agora não foram aplicados nem 20% dos recursos previstos, apesar da deficitária estrutura de atendimento. O Plano Nacional de Combate ao Crack e Outras Drogas, anunciado ainda no governo Lula, não decola. Isso, apesar de a considerável cifra de R$ 410 milhões ter sido pulverizada entre os ministérios da Justiça, da Saúde e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
Hoje, o Brasil sequer conhece a face de seus dependentes químicos, em especial do crack. O último levantamento oficial sobre o uso de drogas no país foi feito em 2005 e uma nova pesquisa seria concluída em março. Mais uma vez, fez água, conforme admite a própria Secretaria Nacional de Política sobre Drogas (Senad). Uma pesquisa feita pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), em dezembro do ano passado, mostrou que 98% dos municípios brasileiros têm dependentes químicos, inclusive, de crack. Desses, apenas 14,7% têm Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) e 8,4% contam com programas locais de combate ao crack.
Mesmo sem dados científicos sobre a realidade brasileira do crack, a secretária Nacional de Política sobre Drogas, Paulina Duarte, desdenhou da tese sobre o país viver uma epidemia de crack: “É uma grande bobagem.” O presidente da Comissão Especial de Combate às Drogas da Câmara dos Deputados, Reginaldo Lopes (PT-MG), discorda. Para ele, há um endemia que deve ser tratada como crônica. “Do ponto de vista político, é melhor tratar como epidemia, aprimorar e efetivar políticas públicas do que depois correr atrás do prejuízo”, destacou.
Sem atendimento
Ainda assim, o Plano de Enfrentamento do Crack e Outras Drogas deixa de contemplar cerca de 62% dos municípios brasileiros com a rede de atendimento pública a dependentes. Ele limitou o acesso às ações apenas a cidades com população acima de 20 mil habitantes, um total de 1.643 (29,5%). Para os demais, está prevista apenas a possibilidade de implantação de Núcleos de Apoio à Saúde da Família. Anunciada com alarde pela Senad, a construção de 2,5 mil leitos em todo o país significa apenas meia vaga para cada município brasileiro. Além disso, a tentativa de lançar editais públicos para contratação de vagas de internação não surtiu efeito. Foram tantas as exigências que não houve interessados.
Financiamento das ações
Agora, a presidente Dilma tenta tomar as rédeas do processo. No último dia 22, ela prometeu incluir as entidades de combate às drogas dentro das estratégias de governo, além de criar forma de financiamento das ações. A presidente, no entanto, rejeitou proposta de criar por medida provisória uma contribuição social de 1% sobre a venda de bebida e tabaco, para financiar o Fundo Nacional de Combate às Drogas. O governo analisa agora como financiar o problema. Os R$ 410 milhões destinados ao combate às drogas no ano passado foram pulverizados entre os ministérios da Saúde, que ficou com R$ 90 milhões; da Justiça, ao qual coube R$ 220 milhões; e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, que abocanhou R$ 100 milhões. Dos agraciados com a verba, apenas a pasta de Saúde diz ter gasto R$ 70 milhões dos R$ 90 milhões recebidos para a área.
Apesar da baixa execução orçamentária, a base do governo na Câmara dos Deputados pretende impedir um contigenciamento dos recursos destinados ao enfrentamento de drogas na votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que deve entrar na pauta na próxima semana. “Primeiro é necessário trabalhar a destinação orçamentária e a qualidade da política pública e depois a baixa execução, que não corresponde com a necessidade de enfrentamento”, destacou a deputada Érika Kokay (PT-DF), que integra a Comissão Especial de Políticas Públicas de Combate às Drogas.
O psiquiatra Aloísio Andrade, presidente do Conselho Estadual de Política sobre Drogas de Minas Gerais, diz que é frustrante ver que os recursos do governo federal não têm conseguido alterar a realidade do assistência ao dependente no Brasil. “Enquanto patinamos sem uma política eficaz de combate à dependência química, estamos formando um exército de mulas em cabeça, soltando fogo pelas ventas", diz Andrade, se referindo aos usuários de crack.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Esta matéria mostra a oratória falaciosa e o descaso dos governantes. Existem verbas, mas faltam vontade e comprometimento com aquilo que prometem. Se não aplicam os recursos previstos não há como combater as drogas.
Eles já chegam à impressionante marca de 900 mil no país, formando um exército de dependentes químicos da cocaína e crack que não para de crescer, de acordo com levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU). Desde junho do ano passado, o governo reservou quase meio bilhão de reais para alterar a realidade, mas até agora não foram aplicados nem 20% dos recursos previstos, apesar da deficitária estrutura de atendimento. O Plano Nacional de Combate ao Crack e Outras Drogas, anunciado ainda no governo Lula, não decola. Isso, apesar de a considerável cifra de R$ 410 milhões ter sido pulverizada entre os ministérios da Justiça, da Saúde e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
Hoje, o Brasil sequer conhece a face de seus dependentes químicos, em especial do crack. O último levantamento oficial sobre o uso de drogas no país foi feito em 2005 e uma nova pesquisa seria concluída em março. Mais uma vez, fez água, conforme admite a própria Secretaria Nacional de Política sobre Drogas (Senad). Uma pesquisa feita pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), em dezembro do ano passado, mostrou que 98% dos municípios brasileiros têm dependentes químicos, inclusive, de crack. Desses, apenas 14,7% têm Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) e 8,4% contam com programas locais de combate ao crack.
Mesmo sem dados científicos sobre a realidade brasileira do crack, a secretária Nacional de Política sobre Drogas, Paulina Duarte, desdenhou da tese sobre o país viver uma epidemia de crack: “É uma grande bobagem.” O presidente da Comissão Especial de Combate às Drogas da Câmara dos Deputados, Reginaldo Lopes (PT-MG), discorda. Para ele, há um endemia que deve ser tratada como crônica. “Do ponto de vista político, é melhor tratar como epidemia, aprimorar e efetivar políticas públicas do que depois correr atrás do prejuízo”, destacou.
Sem atendimento
Ainda assim, o Plano de Enfrentamento do Crack e Outras Drogas deixa de contemplar cerca de 62% dos municípios brasileiros com a rede de atendimento pública a dependentes. Ele limitou o acesso às ações apenas a cidades com população acima de 20 mil habitantes, um total de 1.643 (29,5%). Para os demais, está prevista apenas a possibilidade de implantação de Núcleos de Apoio à Saúde da Família. Anunciada com alarde pela Senad, a construção de 2,5 mil leitos em todo o país significa apenas meia vaga para cada município brasileiro. Além disso, a tentativa de lançar editais públicos para contratação de vagas de internação não surtiu efeito. Foram tantas as exigências que não houve interessados.
Financiamento das ações
Agora, a presidente Dilma tenta tomar as rédeas do processo. No último dia 22, ela prometeu incluir as entidades de combate às drogas dentro das estratégias de governo, além de criar forma de financiamento das ações. A presidente, no entanto, rejeitou proposta de criar por medida provisória uma contribuição social de 1% sobre a venda de bebida e tabaco, para financiar o Fundo Nacional de Combate às Drogas. O governo analisa agora como financiar o problema. Os R$ 410 milhões destinados ao combate às drogas no ano passado foram pulverizados entre os ministérios da Saúde, que ficou com R$ 90 milhões; da Justiça, ao qual coube R$ 220 milhões; e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, que abocanhou R$ 100 milhões. Dos agraciados com a verba, apenas a pasta de Saúde diz ter gasto R$ 70 milhões dos R$ 90 milhões recebidos para a área.
Apesar da baixa execução orçamentária, a base do governo na Câmara dos Deputados pretende impedir um contigenciamento dos recursos destinados ao enfrentamento de drogas na votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que deve entrar na pauta na próxima semana. “Primeiro é necessário trabalhar a destinação orçamentária e a qualidade da política pública e depois a baixa execução, que não corresponde com a necessidade de enfrentamento”, destacou a deputada Érika Kokay (PT-DF), que integra a Comissão Especial de Políticas Públicas de Combate às Drogas.
O psiquiatra Aloísio Andrade, presidente do Conselho Estadual de Política sobre Drogas de Minas Gerais, diz que é frustrante ver que os recursos do governo federal não têm conseguido alterar a realidade do assistência ao dependente no Brasil. “Enquanto patinamos sem uma política eficaz de combate à dependência química, estamos formando um exército de mulas em cabeça, soltando fogo pelas ventas", diz Andrade, se referindo aos usuários de crack.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Esta matéria mostra a oratória falaciosa e o descaso dos governantes. Existem verbas, mas faltam vontade e comprometimento com aquilo que prometem. Se não aplicam os recursos previstos não há como combater as drogas.
sexta-feira, 8 de julho de 2011
TRAFICO USAVA QUEBRA-MOLAS E CFTV PARA CONTROLAR BAIRRO DE PORTO ALEGRE/RS
Traficantes monitoravam Ilha dos Marinheiros com câmeras, diz polícia. Dois homens foram presos na Capital por suspeita de homicídio - CORREIO DO POVO, 08/07/2011 11:02
Os suspeitos de tráfico e homicídio presos nesta sexta-feira, na Ilha dos Marinheiros, em Porto Alegre, faziam monitoramento da área com sistema de câmeras e olheiros, conforme a Polícia Civil. O delegado de Homicídios Arthur Raldi disse que quando as viaturas chegaram ao local para cumprir os mandados de prisão e de busca e apreensão expedidos pela Justiça, a dupla investigada pelo assassinato de um jovem de 24 anos já havia recebido uma mensagem com o aviso do ingresso dos agentes na ilha. “Quando a gente chegou, eles já estavam sabendo, mas não conseguiram fugir”, disse.
Raldi destacou que o homicídio do jovem em maio de 2010 teria ocorrido a partir do desentendimento com um dos presos. “Esse homem se intitulava o dono da Ilha dos Marinheiros e instalou diversos quebra-molas, revistava todos os carros que passavam por ali. Em determinado momento, a vítima discutiu com esse patrão e um dos soldados dele acabou executando.”
O delegado contou que os moradores tinham medo de testemunhar contra os suspeitos e que, somente no mês passado, a polícia conseguiu tomar depoimentos e obter os mandados. Ele disse que, além de munições, os agentes apreenderam um bastão que servia para "aterrorizar as vítimas”. O objeto será encaminhado ao Departamento de Criminalística, que irá analisar se há vestígios de sangue.
Um dos presos morava em um confortável sítio, de acordo com o policial, e tinha um barco com diversos compartimentos. A suspeita é de que a embarcação servia para transportar drogas e para esconderijo de criminosos.
Os suspeitos de tráfico e homicídio presos nesta sexta-feira, na Ilha dos Marinheiros, em Porto Alegre, faziam monitoramento da área com sistema de câmeras e olheiros, conforme a Polícia Civil. O delegado de Homicídios Arthur Raldi disse que quando as viaturas chegaram ao local para cumprir os mandados de prisão e de busca e apreensão expedidos pela Justiça, a dupla investigada pelo assassinato de um jovem de 24 anos já havia recebido uma mensagem com o aviso do ingresso dos agentes na ilha. “Quando a gente chegou, eles já estavam sabendo, mas não conseguiram fugir”, disse.
Raldi destacou que o homicídio do jovem em maio de 2010 teria ocorrido a partir do desentendimento com um dos presos. “Esse homem se intitulava o dono da Ilha dos Marinheiros e instalou diversos quebra-molas, revistava todos os carros que passavam por ali. Em determinado momento, a vítima discutiu com esse patrão e um dos soldados dele acabou executando.”
O delegado contou que os moradores tinham medo de testemunhar contra os suspeitos e que, somente no mês passado, a polícia conseguiu tomar depoimentos e obter os mandados. Ele disse que, além de munições, os agentes apreenderam um bastão que servia para "aterrorizar as vítimas”. O objeto será encaminhado ao Departamento de Criminalística, que irá analisar se há vestígios de sangue.
Um dos presos morava em um confortável sítio, de acordo com o policial, e tinha um barco com diversos compartimentos. A suspeita é de que a embarcação servia para transportar drogas e para esconderijo de criminosos.
segunda-feira, 4 de julho de 2011
FACÇÃO CRIA "FRANQUIA" PARA VENDER DROGAS
Facção cria 'franquia' para vender drogas no Estado - AGORA SP, Folha de S.Paulo - 04/07/2011
A facção criminosa PCC montou um "esquema empresarial" de venda de drogas no Estado de São Paulo que inclui o cadastro dos pontos de venda e registros em livros-caixa.
O sistema, que tem até o pagamento de "franquias" para o traficante manter os pontos de vendas, foi descoberto pela Polícia Civil de São Sebastião (191 km de SP) por meio de escutas telefônicas, no inquérito que desmontou quadrilhas no litoral norte paulista.
As escutas captaram conversas em que traficantes tratam os pontos de "lojinha" e "biqueira" e citam como funciona o cadastro.
O inquérito desmontou uma refinaria de cocaína em Ubatuba (226 km de SP).
Segundo a polícia, o ponto de venda é "registrado" no nome de uma pessoa ou família, que paga "franquia" de R$ 300 a R$ 500 por mês para a facção.
Com o registro da facção, o traficante pode depois terceirizar o ponto de venda para outra pessoa ou vendê-lo, mas sempre após autorização do crime organizado.
Existe ainda o compromisso de que as "bocas" só podem comprar drogas dos esquemas do PCC, que tem hoje forte atuação no Paraguai, diz a Polícia Federal.
Em contrapartida, o "franqueado" tem a garantia de segurança e de que ninguém tomará o ponto, como ocorre em favelas do Rio. Se o dono da "boca" é preso, alguém indicado por ele assume o negócio.
O inquérito conclui que a rede funciona ao estilo das máfias.
A facção criminosa PCC montou um "esquema empresarial" de venda de drogas no Estado de São Paulo que inclui o cadastro dos pontos de venda e registros em livros-caixa.
O sistema, que tem até o pagamento de "franquias" para o traficante manter os pontos de vendas, foi descoberto pela Polícia Civil de São Sebastião (191 km de SP) por meio de escutas telefônicas, no inquérito que desmontou quadrilhas no litoral norte paulista.
As escutas captaram conversas em que traficantes tratam os pontos de "lojinha" e "biqueira" e citam como funciona o cadastro.
O inquérito desmontou uma refinaria de cocaína em Ubatuba (226 km de SP).
Segundo a polícia, o ponto de venda é "registrado" no nome de uma pessoa ou família, que paga "franquia" de R$ 300 a R$ 500 por mês para a facção.
Com o registro da facção, o traficante pode depois terceirizar o ponto de venda para outra pessoa ou vendê-lo, mas sempre após autorização do crime organizado.
Existe ainda o compromisso de que as "bocas" só podem comprar drogas dos esquemas do PCC, que tem hoje forte atuação no Paraguai, diz a Polícia Federal.
Em contrapartida, o "franqueado" tem a garantia de segurança e de que ninguém tomará o ponto, como ocorre em favelas do Rio. Se o dono da "boca" é preso, alguém indicado por ele assume o negócio.
O inquérito conclui que a rede funciona ao estilo das máfias.
EX-VICIADO EM DROGAS, PREFEITO CRIA COMUNIDADE TERAPÊUTICA
Ex-viciado em drogas, prefeito cria comunidade terapêutica no RS - FELIPE BÄCHTOLD, DE PORTO ALEGRE - FOLHA ONLINE, 04/07/2011 - 10h31
Um prefeito do Rio Grande do Sul, ex-viciado em drogas, inaugurou uma comunidade terapêutica para dependentes químicos que é totalmente bancada com recursos do município.
O prefeito Vicente Pires, 48, foi usuário de cocaína e crack até os 33 anos. Após passar meses internado em uma comunidade, ele se recuperou, começou a ministrar palestras e virou figura conhecida em Cachoeirinha (região metropolitana de Porto Alegre).
Entrou na política, se elegeu vereador e agora é prefeito pelo PSB. Criou um projeto para reabilitação de dependentes e decidiu tentar montar um centro como aquele onde se recuperou.
Inaugurada em abril, a comunidade terapêutica funciona em uma chácara na área rural do município e atende 30 pacientes ao custo de R$ 18 mil mensais.
Os internos trabalham no local e são atendidos por psiquiatras e assistentes sociais. Em encontros fechados, eles trabalham com as técnicas emprestadas de grupos como os Alcoólicos Anônimos.
A experiência levou Pires a um encontro com a presidente Dilma Rousseff para falar sobre centros de tratamento a dependentes na semana retrasada.
Segundo o município, Cachoeirinha tem a primeira comunidade do tipo bancada por uma prefeitura no país. No SUS (Sistema Único de Saúde), os dependentes químicos podem ser atendidos em Centros de Atenção Psicossocial e hospitais.
CAMPANHA
O prefeito conta que se notabilizou no município por falar abertamente sobre as drogas. "O assunto começou a ser conversado. As pessoas começaram a ver: [ele] está do nosso lado, eu tenho familiar, tenho um vizinho que está naquela situação."
Há, no entanto, quem discorde na cidade das iniciativas da prefeitura. "A sociedade é meio crítica. Dizem: 'vai gastar dinheiro público com drogado'", diz Pires.
Na eleição municipal em 2008, o passado de usuário de drogas foi explorado pelos adversários, conta o prefeito. "Subiam em carro de som e me chamavam de traficante, de ladrão, maconheiro. Mas as pessoas começaram a trabalhar a nosso favor, sabiam que eu já não era."
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Se o programa for sério e envolver médicos, psicólogos, psiquiatras e agentes de saúde especialistas no tratamento de dependências, o Prefeito tem o meu aplauso demorado. Só ações estatais poderão garantir aos dependentes e familiares o tratamento e a assistência necessária para tratar, curar e tirar o dependente da rede criminosa, aliviando o sofrimento dos familiares.
Um prefeito do Rio Grande do Sul, ex-viciado em drogas, inaugurou uma comunidade terapêutica para dependentes químicos que é totalmente bancada com recursos do município.
O prefeito Vicente Pires, 48, foi usuário de cocaína e crack até os 33 anos. Após passar meses internado em uma comunidade, ele se recuperou, começou a ministrar palestras e virou figura conhecida em Cachoeirinha (região metropolitana de Porto Alegre).
Entrou na política, se elegeu vereador e agora é prefeito pelo PSB. Criou um projeto para reabilitação de dependentes e decidiu tentar montar um centro como aquele onde se recuperou.
Inaugurada em abril, a comunidade terapêutica funciona em uma chácara na área rural do município e atende 30 pacientes ao custo de R$ 18 mil mensais.
Os internos trabalham no local e são atendidos por psiquiatras e assistentes sociais. Em encontros fechados, eles trabalham com as técnicas emprestadas de grupos como os Alcoólicos Anônimos.
A experiência levou Pires a um encontro com a presidente Dilma Rousseff para falar sobre centros de tratamento a dependentes na semana retrasada.
Segundo o município, Cachoeirinha tem a primeira comunidade do tipo bancada por uma prefeitura no país. No SUS (Sistema Único de Saúde), os dependentes químicos podem ser atendidos em Centros de Atenção Psicossocial e hospitais.
CAMPANHA
O prefeito conta que se notabilizou no município por falar abertamente sobre as drogas. "O assunto começou a ser conversado. As pessoas começaram a ver: [ele] está do nosso lado, eu tenho familiar, tenho um vizinho que está naquela situação."
Há, no entanto, quem discorde na cidade das iniciativas da prefeitura. "A sociedade é meio crítica. Dizem: 'vai gastar dinheiro público com drogado'", diz Pires.
Na eleição municipal em 2008, o passado de usuário de drogas foi explorado pelos adversários, conta o prefeito. "Subiam em carro de som e me chamavam de traficante, de ladrão, maconheiro. Mas as pessoas começaram a trabalhar a nosso favor, sabiam que eu já não era."
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Se o programa for sério e envolver médicos, psicólogos, psiquiatras e agentes de saúde especialistas no tratamento de dependências, o Prefeito tem o meu aplauso demorado. Só ações estatais poderão garantir aos dependentes e familiares o tratamento e a assistência necessária para tratar, curar e tirar o dependente da rede criminosa, aliviando o sofrimento dos familiares.
MICROPONTO CHEGA AO BRASIL
Nova droga sintética. Polícia apreende 15g de microponto, entorpecente nunca encontrado no Rio - 02/07/2011 às 23h56m; Athos Moura (athos.moura@oglobo.com.br)
RIO - Cerca de 15 gramas de uma nova droga sintética conhecida como microponto - esferas de cor marrom do tamanho da cabeça de um alfinete - foram apreendidos, na noite de anteontem, com um casal de paranaenses. Cleberson Alves de Araújo, de 28 anos, e Marcela Camargo Barbosa, de 20, deixaram o Aeroporto Internacional Tom Jobim sem que a droga fosse descoberta, mas foram parados em uma blitz da Polícia Militar na Linha Vermelha, na saída da Ilha do Governador. Num fundo falso da mala do casal, os agentes encontraram também dois comprimidos de ecstasy, haxixe e LSD.
Segundo o delegado adjunto da 21 DP (Bonsucesso), Marcus Montez, havia ainda uma droga sintética conhecida como MD, já apreendida no Sul do país. No entanto, de acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Civil, essa droga trata-se, na verdade, de ecstasy. A carga apreendida com o casal foi estimada em R$ 35 mil.
Montez disse acreditar que a droga veio do Paraná e seria distribuída no Rio. Na mala onde estavam as drogas, havia a etiqueta de um voo que saiu de Maringá com destino ao Rio na sexta-feira.
- Temos que investigar se essa droga seria despachada para algum lugar. Mas tudo leva a crer que eles estavam trazendo a droga para abastecer festas raves aqui do Rio - contou o delegado.
Cleberson já tem duas passagens por tráfico de drogas. Ele confessou que comprou cada grama do MD, que é uma droga vendida em pasta semelhante ao crack, por R$ 50. Já cada ponto de LSD era comprado por R$ 5 e vendido por R$ 10.
Marcela contou apenas que veio do Paraná para pegar um carro e que não sabia da droga. A polícia descobriu que ela passou pelo menos uma noite em um hotel da Zona Sul. Ambos foram indiciados por tráfico de drogas.
Em Itatiaia, no Sul Fluminense, policiais militares apreenderam 520 quilos de maconha e nove quilos de cocaína, escondidos dentro de um Fusca, que era transportado na carroceria de um caminhão, na Via Dutra. Segundo os policiais, o caminhão furou o bloqueio. O motorista fugiu, mas o ajudante foi preso.
Assinar:
Postagens (Atom)