COMPROMETIMENTO DOS PODERES

As políticas de combate às drogas devem ser focadas em três objetivos específicos: preventivo (educação e comportamento); de tratamento e assistência das dependências (saúde pública) e de contenção (policial e judicial). Para aplicar estas políticas, defendemos campanhas educativas, políticas de prevenção, criação de Centros de Tratamento e Assistência da Dependência Química, e a integração dos aparatos de contenção e judiciais. A instalação de Conselhos Municipais de Entorpecentes estruturados em três comissões independentes (prevenção, tratamento e contenção) pode facilitar as unidades federativas na aplicação de políticas defensivas e de contenção ao consumo de tráfico de drogas.

sábado, 30 de julho de 2011

ECSTASY PELAS REDES SOCIAIS


Negociação online. Preso traficante que vendia ecstasy em redes sociais - o globo, 29/07/2011 às 23h43m; Vera Araújo

RIO - Nada de conversas por telefone, mensagens via torpedos ou e-mails. Jovens de classe média da Zona Sul, da Barra da Tijuca e do Recreio dos Bandeirantes estão negociando ecstasy e conseguindo cúmplices através de sites de relacionamento, como o Facebook. Foi fazendo um rastreamento na internet que policiais da 12ª DP (Copacabana) flagraram na sexta-feira o traficante Daniel Izaías dos Santos, de 25 anos, com 1.250 comprimidos de ecstasy, na Barra da Tijuca. A droga seria negociada com um grupo, que a revenderia em festas de música eletrônica realizadas na região.

Nas conversas na rede de relacionamento, as pílulas são conhecidas, entre outros nomes, como "laranjinhas do Canadá". Cada uma tem a imagem de uma folha, como a que aparece na bandeira do país.

Segundo o titular da 12ª DP (Copacabana), delegado Antenor Lopes Martins Júnior, Daniel atuava como atacadista da quadrilha. Acima dele, há outro jovem, parente de um alto funcionário da União - cujo nome a polícia não quis revelar -, que mora na Barra da Tijuca. Em fotos no Facebook, ele se exibe com joias caras e mulheres, inclusive num restaurante famoso na Barra da Tijuca. O delegado contou que o rapaz é o chefe da quadrilha. Numa das mensagens trocadas no site com Daniel, ele cita uma conta bancária e pede ao cúmplice que faça um depósito o mais rapidamente possível, com o objetivo de se capitalizarem para uma nova compra de drogas.

- O atacadista revelou que, toda vez que ia ao banco fazer um depósito, o caixa já sabia que era na conta do suposto chefe da quadrilha, tamanha era a movimentação. Nós já pedimos a quebra do sigilo bancário e o bloqueio dos valores. Os extratos serão usados como prova - informou o delegado Antenor.
Polícia ainda tenta prender outros integrantes do bando Uma troca de mensagens no Facebook entre o traficante Daniel e um dos compradores de ecstasy (Foto: Reprodução)

A prisão de Daniel ocorreu na madrugada de sexta-feira, na Avenida das Américas. Ele tinha acabado de chegar de Vitória, no Espírito Santo, com um carregamento da droga. Daniel estava a pé e tentou fugir, mas a polícia conseguiu detê-lo em flagrante. Agitado, ele não quis falar dos cúmplices, mas as informações sobre a quadrilha estavam na página dele no Facebook, com cerca de 500 amigos - até o fim do dia, o número havia caído para 349.

A polícia corria contra o tempo para agilizar os mandados de prisão contra os outros integrantes do bando, com medo de que eles fugissem. Até a noite de sexta-feira, policiais ainda aguardavam uma decisão da Justiça.

Daniel contou aos investigadores que pretendia faturar R$ 18 mil com os 1.250 comprimidos de ecstasy. A droga costumava ser vendida por valores que iam de R$ 11 a R$ 50, dependendo da quantidade encomendada.

Depois da prisão de Daniel, seu celular não parava de tocar, assim como os pedidos pela internet, por causa das festas de fim de semana. As "laranjinhas do Canadá" são a droga do momento entre jovens de classe média.

Depois de receber um lanche na delegacia, o traficante parecia não se importar em ser fotografado junto com os comprimidos de ecstasy. Ele não parava de rir.

Segundo policiais do setor de inteligência da 12ª DP, além do Canadá, a Holanda, a Bélgica e a Indonésia são os países preferidos dos traficantes para buscar o ecstasy. Segundo o delegado Antenor, a rede é muito bem estruturada, pois o chefe da quadrilha, o jovem de classe média, não se mistura com os revendedores.

- O Daniel era atacadista, assim como intermediário entre o chefe e os demais jovens que atuavam como revendedores. Há diálogos em que uma moça é convidada para trabalhar na quadrilha e cobra a sua parte para vender a droga. O chefe não pegava em dinheiro. Ele só mandava depositar na conta bancária - explicou o delegado.
Parte dos comprimidos apreendidos com Daniel (Foto: Pedro Kirilos / Agência O Globo)

Segundo o policial, a média de idade dos integrantes da quadrilha está entre 20 e 25 anos, e todos são de classe média. No Facebook, os jovens aparecem bebendo e dançando em festas ou boates. Eles se comunicavam por códigos e codinomes, para fazer sua encomendas. Na delegacia, Daniel explicou que precisava retornar ainda ontem para Vitória, possivelmente para pegar um novo carregamento. Segundo ele, era a terceira vez que vinha ao Rio.

Antenor pediu à Polícia Federal um histórico das viagens internacionais do chefe da quadrilha.

- As famílias precisam desconfiar quando o filho aparecer ostentando sinais de riqueza. Se o filho chega em casa com relógio caro, bons carros, alegando que está trabalhando em eventos, pode haver algo errado. Dinheiro que não seja proveniente de uma atividade profissional pode ser fruto de algum negócio ilícito - disse Antenor.

O delegado também orientou os pais a acompanharem os passos dos filhos na internet:

- A galera da internet é tão perigosa quanto a turminha de rua do passado. É preciso saber com quem eles (os filhos) conversam nos sites, assim como com quem andam nas ruas.

Droga era entregue em domicílio

O atacadista Daniel Izaías entregava a droga em domicílio. Pelo Facebook, seus amigos cobravam dele rapidez no serviço. Num dos diálogos, do último dia 27, uma jovem cobra a entrega em casa e ele responde: "Calma, gata... daqui a pouco vo ae em baixo (sic)".

Aliviada, a jovem responde: "ufa...q bom.. (sic)".

Em outro trecho, na mesma data, antes da prisão do traficante, o próprio chefe da quadrilha pede a Daniel que deixe um telefone livre para se comunicarem, tamanha a procura pelos comprimidos de ecstasy: "deixa um telefone para eu te ligar ai!! vem logo mano..temos q pagar as contas".

Diante do nervosismo do chefe, o traficante Daniel Izaías tenta acalmá-lo na conversa que foi rastreada pela polícia: "tá maluco, quero descer pra desenrolar isso e pegar mais jaa. as laranjinhas bombaram aqui".

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