COMPROMETIMENTO DOS PODERES
As políticas de combate às drogas devem ser focadas em três objetivos específicos: preventivo (educação e comportamento); de tratamento e assistência das dependências (saúde pública) e de contenção (policial e judicial). Para aplicar estas políticas, defendemos campanhas educativas, políticas de prevenção, criação de Centros de Tratamento e Assistência da Dependência Química, e a integração dos aparatos de contenção e judiciais. A instalação de Conselhos Municipais de Entorpecentes estruturados em três comissões independentes (prevenção, tratamento e contenção) pode facilitar as unidades federativas na aplicação de políticas defensivas e de contenção ao consumo de tráfico de drogas.
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
GOLPE NOS LÍDERES DO TRÁFICO DA VILA DIQUE EM PORTO ALEGRE/RS
OPERAÇÃO POLICIAL. Da cadeia, traficante comandava bocas de fumo na Capital e em Guaíba - EDUARDO TORRES, ZERO HORA 08/12/2011
A polícia acredita ter desarticulado ontem o último reduto de poder do clã dos irmãos que dominam há pelo menos 10 anos o tráfico na Vila Dique, zona norte da Capital. De acordo com a investigação do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), a partir do Presídio Estadual de Lajeado, Nilton Adair Soares, o Pipoca, 36 anos – um dos irmãos – daria as ordens para que sua quadrilha exercesse o poder, com mão de ferro, na velha e na nova Dique.
Nos últimos meses, o grupo também agia na Vila Ipê, em Guaíba.
– É uma gangue caracterizada pela violência extrema, com soldados e seguranças nas bocas, que transitam pelas ruas sempre armados. Quem contrariava suas ordens era espancado ou morto – diz o delegado Mario Souza, que comandou as investigações.
Parte do inquérito será encaminhada à Delegacia de Homicídios, para apurar possíveis execuções ordenadas da cadeia. Foram nove meses de apuração na chamada Operação Ponto Final, que resultaram em 19 pessoas presas, entre elas o suposto gerente do tráfico na Vila Nova Dique. Foram apreendidas 5 mil pedras de crack neste período, 500 buchas de cocaína e uma pequena quantidade de maconha.
O que impressionou os policiais, no entanto, foi o poder de fogo da quadrilha. Somente ontem, foram apreendidos três revólveres – dois de calibre 38 e um calibre 32 –, uma pistola .380 e, abandonado em um casebre que possivelmente servia para armazenar drogas em Guaíba, um fuzil 7.62.
Era com esse armamento que, nos últimos meses, os traficantes haviam imposto terror aos moradores da Dique. Na Nova Dique, no Porto Seco, a regra também era cruel: quem ficava devendo aos traficantes era espancado. E quem não se envolvia com o tráfico, poderia virar alvo.
– Eles expulsaram pessoas da vila depois que outro grupo tentou dominar o comércio de drogas. Então, começaram a fazer rodízio na ocupação das casas para dar proteção aos traficantes – explica Mario Souza.
A nova estratégia do bando
Desde 2008, os irmãos Nilton, Noeli e Neri Soares sofrem um enfraquecimento. Primeiro, pela prisão de Neri. Depois, pela transferência dos moradores da Vila Dique, na Capital.
– A presença da polícia se tornou constante naquela região e prejudicou o negócio deles – explica o delegado Mario Souza.
Foi neste contexto que Guaíba virou rota dos traficantes da Zona Norte. A cidade era um local preferencial para armazenar a droga. Usando casebres aparentemente abandonados, os traficantes criam buracos no chão e, eventualmente, mantêm homens armados para garantir a segurança. Por outro lado, a mudança da Dique abriu o leque de negociações dos chefões da droga.
Atualmente, o grupo distribuiria para bocas de fumo pequenas e pulverizadas no Sarandi e no Rubem Berta. Uma movimentação que chegaria a 10 quilos de crack, oito de cocaína e até cem quilos de maconha por mês, seguindo uma logística inusitada, supostamente criada por Nilton Adair Soares. Por telefone, ele daria ordens a seus comandados para distribuírem, a partir de Guaíba, a droga em carros alugados.
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