Maior preocupação revelada em pesquisa é com a presença do crack em quase todos os municípios onde há entorpecentes - GABRIELLE BITTELBRUN, DIÁRIO CATARINENSE, 08/11/2011
As drogas atingem oito em cada 10 municípios catarinenses, ou o equivalente a 86,9%. O vício mais frequente é o crack, presente em quase todas estas cidades (86%) onde há consumo de algum tipo de entorpecentes. Os dados são de um levantamento divulgado ontem pela Confederação Nacional de Municípios (CNM). Apesar de índices tão altos, as iniciativas de combate às drogas ainda são tímidas. O número de municípios catarinenses com Centro de Atenção Psicossocial (Caps), por exemplo, é de apenas 6,1%
O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, lamentou a falta de investimento no país e defendeu uma política nacional.
– Muitos governos falam de enfrentamento, mas quando vamos ver a execução orçamentária e as políticas, elas são praticamente nulas.
Em SC, a coordenadora de saúde mental, Maria Cecília Heckrath, explica que tem havido investimento. O número de Caps deve passar de 78 para mais de 80 até o ano que vem. Ela defende a internação apenas para casos específicos, como o paciente que oferece risco às pessoas.
– Internação por longo tempo não trata, exclui. E se internasse todo mundo, nunca teria vaga suficiente.
Mesmo para os que precisam de internação hoje, não há vagas. Dos 11 Caps voltados especificamente para o combate de drogas, apenas dois admitem internação, o de Criciúma e Joinville. De acordo com a pesquisa da CNM, 66 cidades contam ainda com conselho municipais antidrogas, e 24 têm centros de referência especializado em assistência social, para trabalhar a prevenção às drogas.
Para Maria Cecília, a mais eficaz é a política de acompanhamento, como a de redução de danos, em que profissionais da saúde propõem medidas, como o uso de injeções descartáveis.
– O Estado não tem como obrigá-las se tratarem e não se pode excluir essas pessoas e não fazer nada.
Outros aliados no combate às drogas no Estado são instituições como igrejas e ONGs, que existem em 18 municípios. Para o presidente e fundador de uma delas, o Centro de Recuperação de Toxicômanos e e Alcoolistas (Creta) de São José, na Grande Florianópolis, Jonas Pires, a redução de danos incentiva ainda mais o uso das drogas. Para ele, é preciso investir em locais de internação e na prevenção.
– Precisa ter informação desde a infância, a adolescência e um movimento para se conscientizar do mal que faz a droga na sociedade.
COMPROMETIMENTO DOS PODERES
As políticas de combate às drogas devem ser focadas em três objetivos específicos: preventivo (educação e comportamento); de tratamento e assistência das dependências (saúde pública) e de contenção (policial e judicial). Para aplicar estas políticas, defendemos campanhas educativas, políticas de prevenção, criação de Centros de Tratamento e Assistência da Dependência Química, e a integração dos aparatos de contenção e judiciais. A instalação de Conselhos Municipais de Entorpecentes estruturados em três comissões independentes (prevenção, tratamento e contenção) pode facilitar as unidades federativas na aplicação de políticas defensivas e de contenção ao consumo de tráfico de drogas.
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