COMPROMETIMENTO DOS PODERES

As políticas de combate às drogas devem ser focadas em três objetivos específicos: preventivo (educação e comportamento); de tratamento e assistência das dependências (saúde pública) e de contenção (policial e judicial). Para aplicar estas políticas, defendemos campanhas educativas, políticas de prevenção, criação de Centros de Tratamento e Assistência da Dependência Química, e a integração dos aparatos de contenção e judiciais. A instalação de Conselhos Municipais de Entorpecentes estruturados em três comissões independentes (prevenção, tratamento e contenção) pode facilitar as unidades federativas na aplicação de políticas defensivas e de contenção ao consumo de tráfico de drogas.

domingo, 13 de novembro de 2011

CRACK - BRASILEIROS CONSOMEM ATÉ 1 TON POR DIA

Indústria da droga movimenta diariamente R$ 20 milhões - ROBERTO MALTCHIK, O GLOBO, 12/11/11 - 17h53

BRASÍLIA - Produzido até na Amazônia e com métodos rudimentares de refino e distribuição, o crack já consolidou no Brasil uma indústria que movimenta diariamente R$ 20 milhões. Estimativas da Comissão de Segurança da Câmara dos Deputados e da Polícia Federal indicam que os brasileiros consomem, todos os dias, entre 800 quilos e 1,2 tonelada da "pedra", a droga ilícita campeã em mortes rápidas e no flagelo da degradação familiar.

Os números são conservadores e consideram o universo de 1,2 milhão de usuários de crack no país. Para consolidar pela primeira vez os dados do giro financeiro da pasta-base de cocaína misturada ao bicarbonato de sódio, os especialistas levaram em conta um consumo diário, por usuário, de quatro pedras, sendo que cada uma delas vale R$ 5 em bocas de fumo e "cracolândias" espalhadas nas capitais do Brasil. Porém, as ruas e a experiência das clínicas de recuperação mostram que o dependente só para de fumar quando termina o dinheiro ou quando ele atingiu o esgotamento, o que pode ocorrer depois da 20 dose.

Bruno, nome fictício, de 14 anos, trafica crack e maconha em Brasília para sustentar o vício. Na noite da última quarta-feira, ele contou ao GLOBO que não sabe quantas pedras fuma por dia. Depende do dinheiro no bolso e de quanto arrecada dos outros usuários, estes representantes da classe média da capital federal.

— Com dinheiro, não paro de fumar, moço. Isso aqui fica impregnado! Só paro quando acaba o dinheiro. Se dá, fumo mais de dez pedra (sic), com certeza — disse, sozinho, agachado em um canto de beco na Asa Sul, área de classe média de Brasília.

O relatório preliminar do levantamento produzido pela Comissão de Segurança da Câmara, com o apoio da Federação Nacional dos Policiais Federais e do SindiReceita, indica que um quilo de pasta-base de cocaína produz quatro quilos de crack. E um quilo de crack fabrica quatro mil pedras, cada uma com 240 miligramas, em média.

O levantamento também acaba com a falsa ideia de que o crack é uma droga barata. Não existe consumo de uma pedra. Há, sim, a dependência de cinco, dez pedras diárias, o que significa que nenhum usuário gasta, por dia, menos de R$ 25.

De acordo com o psiquiatra Pablo Roig, diretor da Clínica Greewood, especializada em dependência química, o resultado é que seis entre cada dez usuários de crack cometem algum tipo de crime para obter a droga. Desde o tráfico até o latrocínio, sem contar o recurso mais recorrente: a prostituição.

— Aí, você pensa no custo social. Falando de mais de um milhão de usuários, podemos pensar que temos potencialmente 600 mil criminosos em função da dependência da droga. Imagina o custo que isso tem para a sociedade. O custo social é altíssimo — diz Roig.

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