COMPROMETIMENTO DOS PODERES
As políticas de combate às drogas devem ser focadas em três objetivos específicos: preventivo (educação e comportamento); de tratamento e assistência das dependências (saúde pública) e de contenção (policial e judicial). Para aplicar estas políticas, defendemos campanhas educativas, políticas de prevenção, criação de Centros de Tratamento e Assistência da Dependência Química, e a integração dos aparatos de contenção e judiciais. A instalação de Conselhos Municipais de Entorpecentes estruturados em três comissões independentes (prevenção, tratamento e contenção) pode facilitar as unidades federativas na aplicação de políticas defensivas e de contenção ao consumo de tráfico de drogas.
sexta-feira, 13 de maio de 2011
ÓXI, A NOVA AMEAÇA QUE ATINGE O SUL
Estado confirma a primeira apreensão da droga que assusta médicos em todo o país por ser ainda mais letal que o crack - EDUARDO TORRES E MARCELO GONZATTO, ZERO HORA 13/05/2011
Uma nova droga, mais barata e mortífera do que o crack, chegou ao Rio Grande do Sul deixando em alerta médicos, representantes de organizações sociais e autoridades. A Polícia Civil confirmou ontem que 360 gramas de pedras derivadas da cocaína apreendidas no mês passado em Porto Alegre eram o chamado óxi – cocaína misturada a querosene e cal virgem capaz de matar até 30% dos usuários em um ano.
Depois de se alastrar pelo norte do país, o óxi foi recentemente identificado no Centro-Oeste, no Sudeste e no Paraná. A quantidade retirada das mãos de traficantes no bairro Rubem Berta seria suficiente para produzir 1,5 mil pedras.
– Desconfiamos do cheiro, da consistência e da cor daquilo que julgávamos ser crack. É possível que os usuários estejam consumindo isso enganados e se destruindo mais rápido – alerta o diretor de investigações do Denarc, delegado Heliomar Franco.
Embora sejam semelhantes na forma, os dois derivados da cocaína diferem na composição. Enquanto o crack é produzido misturando-se a cocaína a bicarbonato de sódio e amônia, o novo entorpecente é produzido com a inclusão de dois elementos ainda mais tóxicos e corrosivos, a fim de baratear a produção: querosene e cal virgem. Também podem ser usados gasolina e líquido de bateria. Devido à adaptação da receita, o preço de venda da pedra cai de cerca de R$ 5 para R$ 2.
A redução de valor contrasta com a elevação dos danos provocados. Quando esse coquetel letal é fumado pelo usuário, além dos estragos provocados tradicionalmente pela cocaína, os aditivos químicos corroem vias respiratórias, pulmões, fígado e rins. Até os dentes caem em pouco tempo. No Brasil, o único estudo sobre o assunto, da Associação Brasileira de Redução de Danos, feito com cem usuários da Região Norte, mostrou que 30% deles morreram em menos de um ano.
– O querosene e a cal virgem, que servem para tirar a acidez da pasta de cocaína, queimam as mucosas internas de forma absurda. Queima desde a mucosa bucal até os pulmões, rins e fígado – revela o responsável pelo setor de desintoxicação de dependentes do Hospital Vila Nova, Cássio Castelarin.
Efeito se esvai em apenas 15 minutos
Outro agravante é o tempo de euforia provocado pela substância. Enquanto no caso do crack pode chegar até a meia hora, conforme o psiquiatra Sérgio de Paula Ramos, o óxi se esvai em menos de 15 minutos. Na prática, isso provoca um aumento no consumo e uma forma de dependência ainda mais grave. De acordo com o delegado Rodrigo Zucco, que comanda a investigação sobre o óxi, a nova droga foi encontrada em poder de traficantes ligados ao grupo criminoso Bala na Cara – com ação em Porto Alegre (Zona Norte, Serraria e Bom Jesus), Alvorada, Viamão e Cachoeirinha.
– Quando se vende uma pedra a R$ 2, os usuários correm para lá. Agora sabemos da presença do óxi no Rubem Berta, mas não descartamos em outras áreas de influência da quadrilha – aponta.
Até o momento, o óxi teria chegado pronto ao Estado, mas como seus componentes são baratos e de fácil acesso, a polícia considera que o início da fabricação local é uma questão de tempo.
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