FHC segue na luta para liberar a maconha para uso pessoal. Em uma das reuniões da Comissão Global Sobre Políticas de Drogas, em Genebra, foi destaque nos debates para a sua descriminalização. A partir do argumento de que a “guerra às drogas” falhou, considerando que milhares de pessoas perderam suas vidas na violência associada às drogas, nosso ex-presidente vem a público, mais uma vez, sugerir a prática de um debate sério que possa conduzir à adoção de outras estratégias para tratar do aludido problema.
O fato de estarmos à ponta sul do mapa de nosso país talvez não lhe tenha permitido fazer ver que, cá entre nós, tais debates se proliferam. Em maio de 2009, a RBS lançou campanha institucional visando combater este grande propulsor de dramas familiares com o slogan Crack, Nem Pensar. Em julho de 2010, tais questões foram detalhadas durante o 1º Congresso Internacional Crack e Outras Drogas, promovido pela Associação do Ministério Público do RS em parceria com a UFRGS, em Porto Alegre, do qual participaram conferencistas da Argentina, México e Colômbia, além do Brasil.
Em paralelo, a senadora Ana Amélia acaba de participar de audiência pública que discutiu políticas de tratamento e combate ao consumo de drogas no Brasil, quando foi assinado um termo de cooperação entre Estado, União, Tribunal de Justiça e Ministério Público. Por sua vez, o psiquiatra Sérgio de Paula Ramos, coordenador da Unidade de Dependência Química do Hospital Mãe de Deus, vem afirmando – de forma exaustiva – que o brasileiro dá o pontapé inicial rumo às drogas através do álcool, observando que quem evolui para as drogas ilícitas passa primeiro pela maconha e depois pela cocaína. Seu discurso anuncia, também, que em 40 anos de atividades na área, nunca tratou um usuário de co- caína e de crack que não tivesse começado pelo álcool e pela maconha, grifando que, para os menos proficientes na temática, já de algum tempo nossa sociedade pode auferir conhecimento a respeito do assunto através de uma biblioteca inteira de trabalhos científicos brasileiros e internacionais, os quais identificam com clarividência os males produzidos pela maconha à saúde daqueles que a aspiram.
Certamente a questão relativa ao consumo da Cannabis sativa não será alterada simplesmente pela repressão ao tráfico, mas sim pelo combate às causas que levam ao seu consumo, encaminhado por procedimentos educacionais preventivos que eliminem tal manifestação controversa. Faz-se necessária, portanto, a continuidade da veiculação de noticiário incisivo, permitindo evitar que nossos adolescentes – influenciados pela perigosa falácia – venham a se tornar potenciais consumidores da marijuana e, por via de consequência, potenciais dependentes de drogas de muito maior contundência.
JULIO CRUZ, DIRETOR (VOLUNTÁRIO) DA PACTO – PASTORAL DE AUXÍLIO COMUNITÁRIO AO TOXICÔMANO - ZERO HORA 12/06/2011
COMPROMETIMENTO DOS PODERES
As políticas de combate às drogas devem ser focadas em três objetivos específicos: preventivo (educação e comportamento); de tratamento e assistência das dependências (saúde pública) e de contenção (policial e judicial). Para aplicar estas políticas, defendemos campanhas educativas, políticas de prevenção, criação de Centros de Tratamento e Assistência da Dependência Química, e a integração dos aparatos de contenção e judiciais. A instalação de Conselhos Municipais de Entorpecentes estruturados em três comissões independentes (prevenção, tratamento e contenção) pode facilitar as unidades federativas na aplicação de políticas defensivas e de contenção ao consumo de tráfico de drogas.
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