COMPROMETIMENTO DOS PODERES

As políticas de combate às drogas devem ser focadas em três objetivos específicos: preventivo (educação e comportamento); de tratamento e assistência das dependências (saúde pública) e de contenção (policial e judicial). Para aplicar estas políticas, defendemos campanhas educativas, políticas de prevenção, criação de Centros de Tratamento e Assistência da Dependência Química, e a integração dos aparatos de contenção e judiciais. A instalação de Conselhos Municipais de Entorpecentes estruturados em três comissões independentes (prevenção, tratamento e contenção) pode facilitar as unidades federativas na aplicação de políticas defensivas e de contenção ao consumo de tráfico de drogas.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

MÃE PERDE FILHOS CRIANÇAS PARA O TRÁFICO

ASSASSINATO EM GRAVATAÍ. Mãe perde filhos para o crime - EDUARDO TORRES | ESPECIAL - ZERO HORA 03/06/2011

O barulho provocou um arrepio estranho em Andréia Fátima da Silva, 34 anos. Pareciam tiros. Ela ouviu dois claramente. Temeu uma cena trágica. Naquele momento, pouco depois das 22h de quarta-feira, seus dois filhos – Deivid, 13 anos, e Robert Silva da Cruz, 15 anos – foram executados na Rua Estrela, entrada da Vila Arinos, algumas quadras longe do casebre da família, em Gravataí.

– Eles não queriam ter regras. Lutei muito para eles não seguirem esse caminho, mas acabaram do jeito que eu mais temia – admitiu a mãe.

Na memória dela não estava mais a infância de Deivid como coroinha, ativo na igreja. Nem o Robert que vislumbrava uma chance como modelo. Estava a cena dos dois meninos caídos no chão de terra. O mais velho levou quatro tiros – pelo menos um na cabeça. O menor, que aparentemente tentou fugir do executor, levou sete tiros pelas costas. Poucas horas depois, enquanto os peritos ainda estavam no local, Elivelton Simões Mendes, conhecido como Buiu, 18 anos, voltou ao local e foi apontado por testemunhas.

Interrogado, confessou o crime. Alegou ter sofrido ameaças quando foi comprar drogas. Teria voltado à cena para buscar a pistola. A arma não foi encontrada, mas a audácia do jovem continuou. No DML, Buiu ironizou o pai das vítimas, que tentou agredi-lo:

– Tu é bem valentão, né...

Para a polícia, a execução foi um acerto de contas do tráfico. Há alguns meses, a Brigada monitorava Buiu como suspeito de comandar a venda de drogas entre as vilas Arinos e Tom Jobim. Os dois adolescentes, que estariam traficando, teriam dívidas.

Garotos preocupavam os pais e haviam largado os estudos

Os dois preocupavam a mãe, que é voluntária na Pastoral da Criança, e o pai, lavador de carros. Há quatro meses, Deivid passou alguns dias na Fundação de Atendimento Sócio-educativo (Fase) ao ser flagrado com drogas. Em seguida, Andréia procurou a polícia e o Ministério Público e pediu que os dois fossem encaminhados à Fase.

– Se estivessem lá, não estariam mortos agora – lamenta.

Os dois garotos têm um arquivo extenso no Conselho Tutelar. No ano passado, abandonaram os estudos.

– Em geral esses casos se dão em famílias desestruturadas. Não é o caso. Essa mãe é realmente dedicada. Correu atrás de todas as soluções para os filho. Infelizmente, o final foi este – diz a conselheira tutelar Lorena Brandini.

“Fiz de tudo para impedir” - Andréia da Silva, mãe dos garotos mortos

Diário Gaúcho – Como isso aconteceu?
Andréia da Silva – Fiz de tudo para impedir que os meus filhos fossem influenciados pelas más companhias. Antes do que aconteceu eu ainda vi o Deivid e falei para ele: “Não anda assim, sem ter hora para voltar para casa”. Ele respondeu: “Mãe, eu já vou”. Só fui ver os meus filhos sangrando.

DG – Você tentou impedir?
Andréia – Faz quase um ano eu senti que tinha perdido eles. Já não voltavam para casa. Eu sabia que estavam vendendo essa porcaria. Eu procurei a polícia, a promotora, falei com a juíza e disse que iriam matá-los se continuassem. Pedi para colocarem eles na Fase, mas disseram que não encontraram nada com eles.


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - E lá vão nossas autoridades criando leis benevolentes e penas alternativas para os criminosos aliciadores, viciantes e executores de crianças. E a sociedade só assiste.

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