COMPROMETIMENTO DOS PODERES

As políticas de combate às drogas devem ser focadas em três objetivos específicos: preventivo (educação e comportamento); de tratamento e assistência das dependências (saúde pública) e de contenção (policial e judicial). Para aplicar estas políticas, defendemos campanhas educativas, políticas de prevenção, criação de Centros de Tratamento e Assistência da Dependência Química, e a integração dos aparatos de contenção e judiciais. A instalação de Conselhos Municipais de Entorpecentes estruturados em três comissões independentes (prevenção, tratamento e contenção) pode facilitar as unidades federativas na aplicação de políticas defensivas e de contenção ao consumo de tráfico de drogas.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

COMBATE AO CRACK

EDITORIAL ZERO HORA 20/01/2012


O ministro da Justiça está anunciando uma série de iniciativas do governo federal, em parceria com Estados e municípios, com o propósito de efetivamente combater a disseminação do crack nas grandes cidades brasileiras. Ainda ontem, ao falar sobre o segundo plano nacional de enfrentamento da epidemia que atinge todos os Estados do país, o senhor José Eduardo Cardozo afirmou que as ações começarão pelos locais onde se concentram os viciados nas grandes cidades, mas terão um foco diferente do que ocorreu recentemente em São Paulo. Haverá repressão ao tráfico, sim, mas os viciados só serão abordados quando estiver assegurada infraestrutura para internação e tratamento de dependentes.

Todas as providências são bem-vindas para conter esta verdadeira epidemia da droga que arruína seres humanos, destrói famílias e aumenta a violência no país. Mas o que a população quer mesmo ver são medidas práticas e não apenas projetos bem-intencionados, que garantem popularidade e dividendos políticos a seus autores, mas demoram demais para chegar a resultados, quando chegam.

Infelizmente, essa nova iniciativa do governo federal também parece comprometida pelo viés político-eleitoral: São Paulo, onde o problema é gravíssimo, ficou de fora do plano piloto porque o governador paulista antecipou-se ao anúncio federal e deflagrou uma ação isolada – e, segundo se sabe, um tanto desastrada – para acabar com a chamada cracolândia local. Ora, as diferenças políticas têm que ser deixadas de lado neste momento, pois o enfrentamento desta droga letal só alcançará os resultados desejados quando as autoridades também se livrarem do vício de colocar seus interesses na frente dos anseios maiores da nação.

Os cidadãos têm razões de sobra para desconfiar quando governantes e ministros fazem grande alarde sobre seus projetos mas pouco se confirma na prática. Vale lembrar que o combate ao crack foi uma das principais bandeiras da campanha eleitoral da atual presidente, que chegou a anunciar investimentos de R$ 4 bilhões num programa de oferta de tratamento de saúde aos usuários de drogas, conjugado com a repressão ao tráfico – bem como está sendo feito novamente agora. Mas os resultados são tímidos. E o assunto só volta às manchetes quando alguma anormalidade choca a parcela da população que finge nada ter a ver com o problema. Foi o que aconteceu há poucos dias em São Paulo e no Rio, com a dispersão de viciados que passaram a perambular também por áreas nobres das duas maiores cidades brasileiras.

Ninguém duvida das boas intenções do novo programa governamental. Mas é urgente que passemos dos discursos entusiasmados e dos planos articulados à prática, de preferência com a adoção de medidas urgentes que conjuguem a necessária repressão ao tráfico com a prevenção e o tratamento dos dependentes.

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