Relatos. BEATRIZ FAGUNDES, REDE PAMPA, O SUL, 12 de Agosto de 2011.
A história da menina Léia, divulgada aqui ontem, produziu uma quantidade considerável de e-mails relatando tragédias familiares.
No meu programa na Rádio Caiçara 1020 AM, a partir das 6h, divulgamos as últimas ocorrências policiais e de trânsito, afinal, o compromisso é manter os amigos até o meio-dia informados sem estresse, atualizados sobre tudo o que acontece em nosso cotidiano. Sobra tempo para entretenimento e bom humor. Sem medo de errar, posso afirmar que pelo menos duas execuções ligadas ao tráfico de drogas noticiamos diariamente. Um dia, apenas um cadáver, no dia seguinte três, ou quatro. A maioria homens entre 15 e 30 anos, moradores da periferia da Capital e Região Metropolitana.
Segundo informações talvez já defasadas, 80% das prisões relacionadas ao tráfico no Rio Grande do Sul têm sido flagrantes com venda de crack. Quem dera a desgraça produzida pela pedra e suas ?primas' (maconha, cocaína etc) conseguissem das autoridades a mesma atenção concedida ao vírus H1N1, o qual produziu um verdadeiro frenesi no planeta garantindo aos laboratórios produtores da vacina grandes lucros com a venda de todo o seu estoque para a maioria dos governos.
A gripe A não produziu nem um milésimo do número de vítimas das drogas, porém, a determinação mundial de combater a pretensa pandemia causa inveja a todos aqueles que se preocupam em conhecer pelo menos a ponta de iceberg no qual estão congelados milhões de usuários a espera da prisão ou da morte.
A história da menina Léia, divulgada aqui ontem, produziu uma quantidade considerável de e-mails relatando tragédias familiares. Respondi a todos e lamento a cada uma delas.
Uma jovem, moradora do bairro Moinhos de Vento, contou que está casada há três anos com um executivo de grande empresa aqui do Estado. Segundo ela, antes do casamento já tinha conhecimento sobre o consumo de maconha, a qual segundo ele servia para relaxar depois de um dia de tensões. Porém, num congresso ele passou a fumar crack, e ela revela detalhes:
"Há cerca de seis meses ele vendeu o laptop, depois foi levando suas roupas de grife, em seguida começou a subtrair objetos da casa, e no último final de semana foi expulso da casa dos pais, pois roubou dinheiro da bolsa de sua mãe. Em março fiquei grávida e me desesperei. Felizmente, juro, felizmente, sofri um aborto espontâneo e perdi meu primeiro bebê. Não pense que sou desumana, apenas não sei o que fazer com o monstro que tenho como companheiro. Sinto ódio, raiva e desprezo, mas ao mesmo tempo não sei o que fazer, pois eu seria covarde o abandonando a beira do precipício. O que devo fazer?" Não sei!
Outro e-mail pode ter uma resposta:
"Sou Regina, 62 anos, professora aposentada. Eu tinha 46 anos quando meu filho menor se desestruturou (hoje tem 28 anos, trabalha com informática e estuda engenharia elétrica). Por causa de sua desestruturação aos 13 anos, participo do Programa Amor-Exigente desde 1995. Hoje já não participo do Grupo de Apoio em Sapucaia do Sul, mas promovo o Curso de Prevenção com Amor-Exigente: antes que coisas ruins aconteçam, de 15 semanas, para pais que ainda não enfrentam problemas. Fazemos esses cursos em associações de bairro, igrejas, escolas. Onde nos chamarem, lá estamos. Voluntariamente. Por isto proponho que sugiras à avó da menina de 15 anos cuja história descreve no jornal O Sul que ela busque logo participar do Amor-Exigente, para que aprenda a lidar com a doença e se encoraje a promover as mudanças necessárias. Na Apaex (Associação Porto-Alegrense de Amor-Exigente) ela poderá ter a indicação do grupo mais próximo de sua residência: (51) 3225-2768, www.apaex.com.br.
A indicação pode servir para muitos. Oremos!
COMPROMETIMENTO DOS PODERES
As políticas de combate às drogas devem ser focadas em três objetivos específicos: preventivo (educação e comportamento); de tratamento e assistência das dependências (saúde pública) e de contenção (policial e judicial). Para aplicar estas políticas, defendemos campanhas educativas, políticas de prevenção, criação de Centros de Tratamento e Assistência da Dependência Química, e a integração dos aparatos de contenção e judiciais. A instalação de Conselhos Municipais de Entorpecentes estruturados em três comissões independentes (prevenção, tratamento e contenção) pode facilitar as unidades federativas na aplicação de políticas defensivas e de contenção ao consumo de tráfico de drogas.
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